Uma noite de Natal

Quando eu era pequena, na época do Natal, nos mudamos, e meu pai sempre me levava para ver as decorações natalinas. As vezes, atravessávamos toda a cidade para ver as luzes - os pisca-pisca como eu chamava. Desde então, me acostumei a fazer isso.

Naquela noite de quinta-feira, era véspera e eu sai para ver as luzes natalinas. Estava muito frio, usei um par de luvas e um cachecol que minha avó fez para mim. Pendurei minhas chaves na lateral da calça e cobri um pouco com o casaco. As pessoas estavam calorosas, umas até me cumprimentavam dizendo "Feliz Natal" e eu cumprimentava de volta. Afinal, quem não resiste a um sorriso?

No caminho, encontrei uma casa coberta de luzes amarelas. Aproxime-me para ver mais de perto.

- Olá. Posso ajudar? - disse uma senhora atrás de mim.

- Oi... - levei um susto - Estou só olhando a decoração. Foi a senhora que fez?

- Sim. Enfeito minha casa todos os anos.

- Está muito bonita! - sorri. E ela sorriu de volta.

- Obrigada.

- Feliz Natal! - me despedi.

- Feliz Natal!

E em meio a tantos enfeites, passei por uma casa que não tinha nenhum tipo de decoração a não ser um boneco de neve mal feito: o corpo desproporcional, o nariz quebrado, um olho maior que o outro, e estava de mal humor. Não estava sorrindo como os demais bonecos que eu tinha visto. Senti uma pontada de curiosidade. Atravessei o jardim, olhei ao redor do boneco. Conferi a porta e as janelas e estavam fechadas. Fui ao quintal pela lateral da casa e tudo o que eu achei foi vazio e escuridão. Notei uma corda amarrada a um pedaço de ferro fincado no chão, fosse ali, talvez, que o cachorro da família ficava. Um vento gelado passou, balançando minhas chaves, fazendo me arrepiar. Girei a maçaneta da porta dos fundos, também estava trancada, tentei enxergar lá dentro, mas não deu.

- É uma pena. Uma casa tão bonita sem luzinhas... E aquele boneco de neve... Alguém tem que dar um jeito nele... Melhorá-lo.

Voltei do quintal. Olhei uma última vez para a casa e, antes que eu me virasse para ir embora, notei que o boneco, agora, estava sorrindo.

Nefer Khemet
Enviado por Nefer Khemet em 27/11/2014
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