Sem saída - Parte 7 - Fantasmas do passado

Sem saída

Parte 7 - Fantasmas do passado

Eduardo caminhou pelas ruas, sem prestar atenção no caminho, apenas andava... Estava cansado demais, triste demais, perder Dani foi demais pra suportar. Ele só conseguia pensar em como tinha acabado ali com ela... Não que ela fosse parente, na verdade nem a conhecia antes de tudo, ele encontrou a família dela quando estava fugindo logo nos primeiros dias, o pai de Dani foi gentil e o ajudou, convidando-o para entrar em sua casa e permanecer pelo tempo necessário. A mãe de Dani fazia comida toda noite, arrumava as camas, tentava manter tudo o mais tranquilo possível para não assustar as crianças... Sim, Dani tinha um irmãozinho de cinco anos chamado Mateus. O ato de bondade do pai de Dani logo foi explicado, quando este chamou Eduardo para ajudá-lo a buscar suprimentos em um supermercado.

- Eric: Eduardo temos que buscar mais comida, nosso estoque está no fim! E eu não posso fazer isso sozinho!

- Eduardo: claro! Vamos! Depois de você ter me acolhido é o mínimo que eu posso fazer!

- Eric: obrigado! Vamos sair silenciosamente! Tem uma casa perto da esquina com um quintal imenso! Já consertei uns aparelhos lá... Esse quintal da pra rua do supermercado, se formos em silêncio e bem rápido, podemos conseguir!

- Eduardo: certo! Eu sigo você!

Os dois saíram silenciosamente da casa, armados com um terçado e um machado, Manuela a mãe de Dani, muito aflita pediu que eles tivessem cuidado. Ainda haviam muitas pessoas trancadas em casa, esperando ajuda, muitos lençóis brancos nas janelas e o número de residentes pintados nas paredes, ninguém de fato tinha como saber se todos ainda permaneciam lá, mas era o que indicava. Em alguns bairros, como no caso deste que não era grande e não ficava no centro, a destruição estava menos evidente, apesar de boa parte dos corpos estarem estirados nas ruas, carros pegavam fogo e acidentes ainda aconteciam, apesar de tudo isso, os dois foram em direção a casa indicada por Eric.

Chegando a casa, quebraram o cadeado e entraram, não foi difícil! Embora ainda estivessem com medo de encontrar o dono da casa vivo... A casa parecia estar fechada há muito tempo, na certa os donos tinham morrido no começo do surto, era o que pensavam. Ligaram as luzes e começaram a vasculhar, estava tudo arrumadinho, a comida ainda estava na mesa apesar de estar apodrecendo, a dispensa estava quase vazia, pegaram o que tinha sobrado, no banheiro havia alguns remédios básicos que também foram recolhidos. Os dois se separaram para olhar melhor a casa, enquanto Eric subiu as escadas, Eduardo olhou na sala.

Na sala havia DVDs com temas infantis, brinquedos e uma foto da família que chamou atenção de Eduardo, nela estavam o pai, a mãe e uma menininha de no máximo três anos... Eduardo ficou observando atordoado, como se nesse momento a ficha tivesse caído, foi quando ele percebeu o quão cruel aquela situação era. Em meio a sua reflexão um barulho o trouxe de volta a realidade, o barulho vinha do andar de cima, Eduardo então correu para ver o que era e encontrou um abajur quebrado, Eric em choque e a família da porta retrato deitada na cama, estavam mortos, os três... Uma mamadeira ao lado da cama e a comida que ainda estava na cozinha sugeria que eles se envenenaram.

Eric se desesperou pensando em sua família, ele conhecia aquelas pessoas, eram boas pessoas... Eduardo percebeu a angústia de Eric e o ajudou a sair de lá... Foram então até o quintal e pularam o muro, isso os colocou na rua do supermercado. A rua estava tomada por zumbis, o único jeito de entrar era dando a volta, quem sabe rua de trás não estivesse tão cheia...

Deram a volta e havia apenas alguns zumbis ao longe e a passagem estava bloqueada pelos caminhões do supermercado, subiram então no capô de um deles e pularam, quebraram uma janela de vidro e entraram... O barulho chamou a atenção de alguns zumbis que se aproximaram... Após darem alguns passos lá dentro, se depararam com os novos donos do local.

- Edgar: onde vocês pensam que vão?

Surgem mais três homens armados.

- Eduardo: não queremos problemas! Não sabíamos que o local estava ocupado!

- Edgar: (irônico) claro que não sabiam... Com certeza não viram os avisos na porta da frente!

Eric: nem ao menos viemos pela frente! Estava cheia... Demos a volta por isso, não vimos placa nenhuma!

- Edgar: bom, agora que entraram não podemos deixar você saírem!

- Eric: o que? Como assim?

- Edgar: vão trazer reforços pra tomar o lugar! Vocês sempre voltam...

- Eduardo: whoa... Calma pessoal, não somos ladrões! Só queremos um pouco de comida, temos crianças!

- Edgar: é? Nós também... Pessoal... Amarrem-nos, peguem tudo que eles têm e os deixe na porta da frente...

Eric e Eduardo foram deixados apenas de calça jeans, sem sapatos e sem os suprimentos que haviam adquirido, em seguida tiveram as mãos amarradas e foram levados para a porta da frente, Eric foi o primeiro a ser empurrado para os zumbis, nem ao menos conseguiu correr, quando Eduardo ia ser lançado, um dos homens avisou que o supermercado estava sendo invadido por trás... Muitos correram para lá e Edgar que segurava Eduardo se distraiu o suficiente para que Eduardo pudesse dar-lhe uma cabeçada, Edgar caiu e Eduardo correu enquanto os zumbis devoravam Eric.

Eduardo correu o mais rápido que pode com as mãos amarradas a frente do corpo, chegando a casa Manuela entrou em desespero pela morte de Eric, transparecendo para as crianças, que começaram a chorar... Eduardo avisou que deveriam sair de lá, pois provavelmente aqueles homens vasculhariam a área, Manuela não quis ouvir, culpou Eduardo e o mandou embora. Eduardo irritado foi embora, passou a noite em um prédio distante e pela manhã pensou em ir para a casa de um amigo no interior... Mas sua consciência não o deixou partir, então ele voltou para a casa de Manuela e da esquina pode ver a casa em chamas.

Eduardo se aproximou perplexo, parou em frente a casa e só conseguia chorar... Quando uma mulher se aproximou, ele a empurrou e quando ia se afastar ela começou a falar...

- Mulher: espere! Eu sabia que você voltaria...

- Eduardo: quem é você?

- Mulher: eu estava no grupo do supermercado, viemos ontem numa missão... Edgar disse que eram inimigos que queriam tomar o nosso lugar e que tínhamos que atacar antes.

- Eduardo: (indignado) então você só tocaram fogo na casa?

- Mulher: na verdade, Edgar entrou e atirou antes, nos só entramos quando ele disse pra procurarmos suprimentos...

- Eduardo: vocês tem a droga de um supermercado inteiro! Porque ainda roubam pessoas que não tem nada?

- Mulher: pra ele não é o bastante... Espere! Quando eu entrei pra vasculhar, vi que não haviam inimigos, apenas a mulher e o bebê mortos... Nesse momento decidi que não faria mais isso!

- Eduardo: (indo embora) um pouco tarde...

- Mulher: então encontrei a garotinha... Voltamos pro supermercado e depois eu saí escondida... E ela me trouxe até esta casa, disse que costumava brincar aqui...

- Eduardo: você a encontrou... Ela está bem?

- Mulher: venha! Vou levar você até ela...

Na casa Eduardo abraça Dani.

- Dani: o que aconteceu com o papai?

- Eduardo: Ele... Se foi meu anjo... Vamos embora daqui, eu vou cuidar de você!

- Mulher: posso ir com vocês?

- Eduardo: prefiro não ter uma assassina ao meu lado, obrigado!

- Mulher: eu nunca fiz nada, estava com eles por proteção! Edgar é o meu pai!

Eduardo pensa melhor... E percebe que ela estava sendo sincera.

- Eduardo: eu não tenho lugar para ir... E nem suprimentos... E nem roupas como podes ver!

- Mulher: tudo bem! Eu tenho um esconderijo! Acumulei muita coisa útil lá... Já planejava fugir há muito tempo!

- Eduardo: espere... Obrigado! Por cuidar dela...

- Mulher: só fiz o que qualquer pessoa deveria fazer numa situação dessas...

- Eduardo: qual seu nome?

- Mulher: Karen.

Sinclair
Enviado por Sinclair em 11/12/2014
Código do texto: T5066633
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