O bar - parte III

Olhei para tudo, fui indo em direção a cadeira e me sentei, achei loucura de como uma pessoa poderia morar em um prédio gigantesco como aquele abandonado, foi quando perguntei a ela:

- Lara, sei que não posso fazer perguntas, mas você não tem medo deste lugar assustador ?

Lara olhou para mim com um sorriso no canto da boca, sentou-se no chão próximo aos dois pares de tênis dizendo:

- Não, eu não tenho medo daqui, as pessoas como você deveriam se sentir amedrontadas por estarem comigo em um arranha céu assustador (risos).

Enquanto falávamos ela tirava os cadarços dos pares de tênis e os colocava próximos à mim, fiquei curioso em saber o que aquela menina faceira estava tramando, penso que deve ser algum fetiche maluco que essas adolescentes sentem por homens mais velhos.

- Só vou pedir uma coisa, Lara.

- (Risos) O que ? Peça logo !

- Me amarre com força, pois se eu conseguir sair das suas amarras vou me embora para casa. [...] Afinal, cade aquele seu amigo misterioso que não aparece logo ? Tenho certeza que ele não irá gostar de me ver aqui com você.

- Acalme-se meu caro Desconhecido, o Boris não fará nada contra você, ele é uma pessoa muito pacífica, é tão calmo quanto uma brisa pela manhã.

- Sei, ele é calmo como uma brisa, mas pode se torna um tornado quando contrariado, não é ?

- (Risos) Nossa parece até que você já conhece o Boris. Agora fique quietinho. [...]

Lara pega os cadarços e me amarra com força na cadeira.

(Lara) - Quer brincar comigo ?

- Não. Quero que me solte.

(Lara) - Bom, como você não tem escolha por estar amarrado, nós iremos brincar de batata quente, só que de uma forma mais animada.

Depois de me arramar, ela vai em direção a colher que se encontrava no chão, saca do bolso traseiro da calça um esqueiro e começa a cantarolar:

- Batata quente que não esta geladinha, quero deixar alguém com alguma marquinha.

Com os esqueiro acesso sob a colher, ela, continua a cantarolar o verso, de repente ela direciona o talher quente em minha nuca, a marca em forma de lua feita pelo instrumento manuseado por Lara começa a arder, meu corpo se arrepia inteiro pela dor, meu coração acelera e minha pulsação fica mais forte a cada minuto, começo a suar frio, minha respiração fica ofegante, não consigo pensar direito, ouço passos no corredor. Será que é o Boris ? Torço para que seja qualquer pessoa para fazer com que essa louca pare com os que esta fazendo.

- Lara, porquê esta fazendo isso comigo ? Por que está me queimando ? O que eu te fiz ? Você se sentiu ameaçada com a minha presença ? Me desamarre e vou embora, não direi nada à policia, não direi nada a nenhuma pessoas da face da terra.

- Eu já disse para parar de fazer perguntas, cale-se ou eu atearei fogo em tudo neste prédio, inclusive em você. Tudo isso me deixa com raiva, espera, eu já volto, vou no posto comprar gasolina.

Lara com um olhar de ódio fecha a porta e me tranca naquele apartamento assombroso, me sinto angustiado, tento de todas as formas sair daquele lugar, mas minha tentativas não tem sucesso; eu no chão, começo a chorar feito criança, me perguntando o motivo de tudo aquilo. Outra vez ouço passos no corredor, sinto minhas calças molhadas de xixi e medo, começo a gritar de desespero e o prédio todo se apaga, ouço os passos cada vez mais próximos da porta, em hipótese alguma fecho os olhos, não quero perder nada, o escuro não me deixa ver o que acontecia, mas presto a atenção com os ouvidos.

Sem barulho de chaves a porta se abre lentamente, percebo uma presença maligna no apartamento, posso ouvi-lo respirando:

- Boris, é você ?

O silencio fica maior e bruscamente a porta volta a se fechar, minha audição aguçada pelo escuro percebo que a presença correu pelo corredor.

[...] Continua