A ilha do mistério.

A ilha do mistério primeira parte.

Tudo começou em uma ilha misteriosa nas proximidades da costa Catarinense. A ilha em si não era tão grande, havia ilhas muito maiores e mais povoadas e com maior beleza do que a ilha dos pescadores como era conhecida àquele singular pedaço de terra cercado de água salgada.

Os poucos moradores da ilha dos pescadores como o próprio nome já diz, viviam exclusivamente da pesca, e tinham suas casas bem próximas da praia em uma espécie de vilarejo a beira mar. Seus moradores na sua grande maioria eram formados por pessoas já idosas que resistiam ao conforto das cidades só para viverem do que o mar lhes fornecia, o restante da ilha era formado por mata nativa, não era costume dos moradores se aventurarem no interior dessa ilha que era cercada de mistérios e historias apavorantes contadas pelos moradores mais velhos.

Havia um costume entre os moradores que já durava gerações e mais gerações, costume esse que era passado de pai para filho quase que numa espécie de ritual, quase todos os fins de tardes era feita uma pequena fogueira próxima da praia, ali os mais velhos e os mais jovens se reuniam para contarem historias de suas aventuras em alto mar, e fatos relacionados ao interior da ilha, na maioria das vezes eram historias de terror e casos mirabolantes e curiosos, sentados em cadeiras artesanais feitas por um dos moradores mais antigos da ilha, contavam e recontavam essas historias que eram passadas de pai para filho. Quando os meninos completavam seus sete anos de idade eram introduzidos no circulo dos mistérios como costumavam chamar os moradores, ali os pequenos ouviam atentos as historias fantásticas que os seus pais e avos contavam sempre acrescentando fatos novos e bizarros.

Certo dia enquanto participavam de mais um círculo dos mistérios, eles foram de fato surpreendido com gritos horripilantes vindo do interior da ilha, foi tal o impacto que no mesmo instante saíram apresados cada um para sua casa, deixando para traz cadeiras e pertences pessoais, o medo estava estampado em suas faces, nunca antes na ilha algo semelhante tinha acontecido, as crianças estavam apavoradas com o que tinha acontecido, todos na ilha puderam ouvir os gritos. Inclusive a bela e jovem Anita, a neta do senhor Felício, o morador mais velho da ilha, a bela jovem tinha seus tão somente dezesseis anos de idade e morava só ela e o avô em uma antiga e bela casa. Anita tinha os cabelos negros e longos, de um talhe esbelto e majestoso de olhos grandes e verdes, ela estava com o avô na varanda da sua casa quando tudo aconteceu, seu medo foi tanto que agarrou o avô ate quase lhe quebrar os ossos.

No outro dia os moradores se reuniram no quiosque de seu João para discutirem o assunto e decidir o que fariam, todos combinaram que se reuniriam as oito da manha no quiosque. Os moradores voltaram para suas casas muito apreensivas, ninguém nunca havia ouvido nenhum barulho vindo do interior da ilha, nem sequer de um simples bicho.

A ilha sempre foi considerada um lugar tranquilo e sem incidência de violência, apesar da grande quantidade de turistas que ela recebia todos os anos, não tinha registros de brigas ou coisa semelhante. Seu Felício como um dos mais velhos da ilha, para ser mais preciso era o segundo mais velho, o posto de numero um ficava com o pai do dono do quiosque, mas este se encontrava muito acamado, por isso os moradores decidiram que seu Felício presidiria a reunião sobre o que haveriam de fazer.

De retorno para sua casa o velho pescador percebeu o quanto a sua neta estava com medo, abraçando-a lhe confortava dizendo para não tivesse medo que tudo se resolveria. Mas a menina não ficou totalmente convencida pelo avô, Anita também era uma moça muito curiosa, e essa curiosidade foi herdada de seu falecido pai, um habilidoso pescador que tinha na ilha. Conta-se que certa feita ele saiu para pescar, mas o mar naquele dia estava revolto, sua esposa para não deixa-lo sozinho foi junto com ele, nessa época Anita era uma criança de colo, e ficou aos cuidados do seu avô, seu Felício. Mesmo suplicando para que não fossem os pais de Anita não deram ouvidos para o experiente pescador, o resultado é que nunca mais eles foram vistos, todos concluíram que tivessem naufragado em alto mar.

Era sete horas da manhã quando seu João abriu seu quiosque, não havia nenhum pescador na praia naquele horário, seu João ajeitou as cadeiras em forma de circulo a fim de melhor acomodar o pessoal que viria para a reunião conforme tinham combinado. As sete e meia para ser mais exato, começou a chegar os primeiros pescadores. Um a um foram chegando e acomodando-se, jovens e velhos, eram poucas cadeiras para tantas pessoas. As oito horas em ponto seu Felício e Anita chegaram, estavam todos na expectativa do que seria feito. Seu Felício iniciou o discurso.

_ Bom dia para todos vocês, o motivo de convocarmos essa reunião é pelos gritos que todos ouviram na noite anterior, também é do conhecimento de todos que a nossa ilha, não tem o costume de receber visitantes e também não temos conhecimentos da existência de tribos selvagens, eu acredito que nenhum animal posa emitir tal som, eu gostaria de saber dos senhores o que nos poderíamos fazer para solucionar esse problema.

Um dos pescadores mais jovens iniciou a conversa, Elias era o seu nome.

_Não sei se é do conhecimento de todos, mas na semana passada esteve aqui certo senhor que veio comprar peixes, e ele estava conversando com outro pescador a respeito de algo que ele tinha visto do outro lado da ilha, quando passou por lá em uma embarcação.

_Besteira, outro lado da ilha, não tem nada lá, isso deve ser conversa desse cara. Disse um dos pescadores.

_ Você já foi lá para dizer que não tem nada, pelo que sei você nunca foi ate o final da praia, imagine o outro lado da ilha. Disse outro pescador em um tom já exaltado.

_Calma pessoal, vamos com alma, toda a informação é valida, todos ouviram os gritos e pareciam pertos demais, temos que considerar que algo de errado está acontecendo no interior daquela ilha. Interviu o seu Felício.

_É verdade. Disse outro pescador, quem sabe algum barco naufragou do outro lado da ilha, der repente tenha pessoas perdidas no meio da ilha e não saibam de nosso vilarejo.

_O que você sugere que façamos Marcos. Perguntou o seu Felício.

_ Pessoalmente acho que deveríamos organizar uma equipe de busca, e averiguar o que esta acontecendo, vamos formar equipes de três em três, se não encontrarmos nada, voltamos embora e esqueceremos o ocorrido.

_ Todo mundo de acordo. Perguntou seu Felício.

Todos concordaram e nem precisou formar os grupos, os próprios pescadores se organizaram e combinaram de saírem no outro dia pela manhã, eram quase dez horas, os pescadores foram um a um para os seus afazeres, o ultimo a sair foi o seu Felício e sua neta Azira.

No outro dia.

Os primeiros raios de sol brilhou no horizonte da ilha dos pescadores, com seus inúmeros matizes faiscares iluminando a areia da praia, eram cinco horas da manhã quando seu Felício chegou. Lentamente os outros pescadores foram chegando um a um, logo havia um numero enorme de pescadores na praia, todos dispostos a desvendarem o misterioso grito, alguns estavam armados com espingardas velhas e enferrujadas, outros com foices e facões, cada um trazia o que tinha a sua disposição.

_Bom dia senhores, disse seu Felício, que bom que todos vieram, fico feliz por isso, mas devemos tomar alguns cuidados para a nossa própria segurança, meu pai dizia que no interior da ilha tem um pequeno rio que corta toda a ilha, é esse rio que devemos procurar primeiro a partir dele nos dividiremos em dois grupos, pelo entardecer retornaremos ao ponto inicial de onde saímos, para ver o que conseguimos encontrar.

_Para mim está ótimo, disse um dos pescadores, vocês todos concordam.

_Sim. Responderam em uma só voz.

Da praia onde estavam saíram todos juntos rumo a mata fechada, Marcos sequia na frente e seu Felício vinha atrás junto com os outros. O matagal estava extremamente alto de forma que quase não se enxergava nada, havia muitas cobras é escorpiões para todos os lados, mas os pescadores não mataram nenhum desses bichos, apenas se desviavam deles, com o máximo de cuidado. Não demorou em acharem o rio que seu Felício tinha mencionado, ele era pequeno e cristalino e havia peixes nesse pequeno rio, pararam a beira do rio alguns tomaram água outros sentaram e alguns ficaram de pé. Um dos pescadores perguntou ao seu Felício:

_qual é o motivo de pararmos a beira do riacho, não era para já estarmos procurando.

_Já vou explica o mistério, chamando a atenção de todos para si disse, Pessoal é o seguinte, não sabemos atrás de que estamos indo, se são pessoas ou um bicho desconhecido, portanto devemos nos dividir em apenas dois grupos, tanto bicho quanto gente, uma ora vai ter sede e terá que beber água, por isso seguirá o rio cada um em uma direção, na parte da tarde retornaremos para este ponto, se não acharmos nada iremos para casa.

_Boa seu Felício, esperto o senhor, tá parecendo ate detetive.

Sem perder tempo saiu cada um para um lado, uma equipe seguia seu Felício, a outra o seu Marcos, a principio nada acharam, caminharam por duas horas, quando já se fazia tarde, a equipe de seu Felício achou pistas, marcas de pés a beira do rio, e de sangue em um dos troncos, mais a frente o velho pescador quase não acreditou no que seus olhos viram, pensou ate que fosse um fantasma, mas não era , para sua grande surpresa, caído no meio do matagal estava um corpo de uma mulher, quando olhou melhor ela ainda respirava e qual não foi a sua surpresa, aquela era a mãe da jovem Azira, que estava ali bem diante de seus olhos, toda suja , os cabelos enormes e roupas rasgadas, eram as mesmas de quando ela desapareceu a anos atrás, os pescadores mais jovens fizeram uma maca improvisada e a levaram para o ponto de encontro, outros pescadores foi dar a noticia ao segundo grupo.

Quando todos estavam reunidos e maravilhados com a surpresa, levaram a mulher para o vilarejo, quando Azira que havia ficado em casa viu o alvoroço assustou-se, pois pensava que tinha acontecido alguma coisa com o seu avô. Quando seu Felício a viu contou-lhe todo o ocorrido, a jovem não se continha em lágrimas, era a sua amada mãe, que mal conhecera, depois de tantos anos, achava ate que estava morta, mas a ilha trouxe-lhe esta surpresa, aos poucos a mulher ia recobrando a consciência e o primeiro rosto que viu foi o da sua filha, lagrimas corriam feito cachoeira pelos olhos da bela Azira, uma festa foi feita no vilarejo pela descoberta.

A mãe de Azira ficou na casa de seu Felício, o seu pai, que não se conteve de tanta alegria chorou como criança , mas um mistério ainda permanecia, onde estaria o pai da moça e como a mãe da moça foi parar no meio da ilha. Essas eram apenas algumas das perguntas que pairavam no ar, e esse era apenas o começo de um grande mistério a ser desvendado.

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Tiago Pena
Enviado por Tiago Pena em 26/12/2014
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