Triângulo letal - parte 4
Warren Miller não era nada burro.
Filho de imigrantes italianos, decidiu desde muito cedo tentar a sorte no Novo Mundo.
Começou honestamente, trabalhando em feiras que vendiam alimentos para os buffet's de Las Vegas.
Logo, ele mesmo entraria para um.
Aprendeu jogos de cartas à noite com os colegas de trabalho. Mas seu faro aguçado para os negócios mostrou que se ele quisesse atingir algo a mais do que uma vida simples e honesta teria que se arriscar.
Sendo italiano legítimo conseguiu alguns contatos na máfia. Começou pequeno: apagando informações, cobrando dívidas, aprendendo a trapacear no texas hold'em, assumindo empresas de fachada que lavavam dinheiro, sendo tesoureiro substituto.
Foram longos anos galgando posições, mas toda boa família italiana sabe reconhecer e recompensar seus valorosos integrantes.
Se viu à frente da maior corporação criminosa do estado após a morte de D. Coltrane, o chefe da máfia de Vegas.
Tudo era dele agora, os cassinos, a polícia, os políticos.
Óbvio que tinha rivais, mas havia anos que a política de boa vizinhança seguia firmemente executada.
"Eu não mexo no que é seu, você não mexe no que é meu".
E assim todos viviam em paz.
Decidiu à três anos se ausentar dos negócios e administrar somente o The Bellagio, seu maior orgulho.
A maior casa de jogos da cidade dispunha de um cofre com paredes de concreto de 2,5 metros de espessura e uma porta de aço temperado forte o bastante para aguentar uma detonação de pequeno porte.
Dentro dele, alguns milhares de milhões de dólares e outras moedas para troca, conforme o gosto do cliente.
Do lado de fora, um sistema de segurança digno de um banco.
Não só o cofre, mas o próprio Warren Miller era uma barreira impenetrável.
Bem, pelo menos superficialmente.
No fundo, bem lá no íntimo de sua mente, um lugar complexo e embaçado pelo tempo, jazia uma fissura, uma fraqueza. Mulheres.
Uma voz rompeu o silêncio em sua mesa.
_ Sr. Miller? Parece que temos visita. - disse um agente de terno preto com um ponto eletrônico no ouvido direito.
_ Você sabe que sempre temos visita, Smith.
_ Mas Senhor, parece que dessa vez é um cavalheiro incomum.
_ Como assim?
_ Ele acaba de sentar-se na mesa 17 e comprou 500 mil dólares em fichas.
Warren virou levemente a cabeça na direção da mesa 17. O que viu deixou seu coração acelerado.
Atrás do suposto cavalheiro havia uma mulher em um vestido impecável, tomando um drink e sorrindo para ele.
Os olhos de Warren desceram contornando cada curva do corpo da morena e subiram novamente para seus olhos.
Os olhos dos dois então se encontraram.
E tudo ao redor ficou em câmera lenta.