Morte na Praça
Era noite estrelada, de luar em pleno inverno chuvoso. Noite atípica para aquela estação do ano. Paula aproveitou e saiu rumo ao centro. Ela morava na periferia, seu bairro o mais violento da cidade, para ela era normal ouvir a notícia de assaltos, assassinatos, roubos de tudo. Passou meia hora esperando o busão, veio lotado, ficou em pé ao lado de um tatuado arrogante que tentou passar a mão nela. Só que ele se arrependeu da graça. Paula ao ver ele tentar apalpar suas nádegas, deu um chute nas suas partes baixas. Ele gritou de dor caindo de joelhos no chão do busão. Minutos depois levantou e ficou quieto no seu canto. Foi vinte minutos até a praça central da cidade. Desceu, estava lotadas. Naquele dia havia a festa da cidade com bandas nacionais. Caminhou até o palco, onde havia uma banda tocando rock pesado. Ficou apreciando a música que tocava.
Não sou louco
Nem um pouco
Só gosto de rock
De caveira
De horror
De preto
De dor
E me chamam de louco
Mas não sou louco
Nem um pouco
Posso morrer agora
Não vou lamentar
Já vi o bastante
Não vou chorar
Ela pulou bastante, dançou o quanto pode. Depois de alguns minutos a banda encerrou sua apresentação. Então ouviu-se um estopim de bala. Foi um alvoroço, todos corriam, gritavam apavorados. Foram três disparos, um atrás do outro. Certeiros, não deu chance de reagir. Ao acalmar os ânimos se viu um corpo estirado ao chão, corpo inerte, juvenil de uma jovem e ao lado algemado estava um tatuado gritando:
- Sua merda me chuta agora.
O corpo imóvel trazia na face um sorriso, um ar angelical e todos que a via diziam: mataram um anjo.
Mario de Almeida
O poeta Castanhalense