A rua da desova de sonhos

Ouvi falar de uma rua onde não havia coisa alguma, nem mesmo casas ou crianças soltando pipas. Era a rua mais solitária da vila, e ninguém sabia explicar ao certo, o porquê dessa mistificação.

Sou daquelas que não sente apenas medo diante de um desafio: eu sinto uma chuva de medo e uma tempestade de curiosidade. E foi essa mesma curiosidade que me fez entrar naquela rua tão vazia, tão fúnebre.

Me senti desafiada, mas lá estava eu, caminhando pela rua mal falada.

Engraçado como - na maioria das vezes - aceitamos a ideia de acreditar em algo que nos dizem ao invés de irmos lá nós mesmos e tirarmos nossas próprias conclusões. Porque é mais fácil acreditar na mentira do que na verdade, daí existirem tantos mentirosos, daí a verdade doer tanto, pois nos acostumamos demais com a mentira.

Eu percorri toda aquela rua e não vi nada demais. Nem de menos. Levando em conta que ela não tinha casas nem pessoas, apenas uma curiosa chamada eu. Ao chegar no fim da rua, com um clarão invadindo meu olhos, imaginei que estaria ficando cega, mas aos poucos meu olhos foram se acostumando com a claridade e eu pude ver que aquela rua era mesmo diferente, e que as pessoas eram iguais, pois nenhuma delas se permitiam caminhar por uma rua que não fosse a sua rua de costume, por medo de se afastarem da sua zona de conforto. A rua era linda, ficava no topo da vila e por isso, apenas naquela rua era possível observar a luz - do sol -. Naquele dia eu pude ver a luz, eu pude sair da escuridão, eu pude ver com os meus próprios olhos e sentir com o meu coração, que o desconhecido muitas vezes pode ser libertador.

Todo dia eu vejo a luz, na rua, nas pessoas, eu sou a própria luz, pois descobri que não sou um ser estático, eu posso fazer o meu próprio caminho, eu posso descobrir uma nova estrada e nela encontrar a luz.

Quézia Meira
Enviado por Quézia Meira em 24/08/2015
Reeditado em 17/01/2016
Código do texto: T5357937
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