A Marca da Maldição

O telefone tocou e Mário atendeu:

Alô? Senhor Mário

Sim, é ele quem está falando?

Senhor Mário, o senhor não me conhece. Deram-me esse telefone e pediram que te ligasse.

Quem pediu e por quê?

Mandaram-me lhe falar uma frase que o senhor entenderia.

Qual é a frase?

“Nos encontraremos na sexta- feira Santa à meia noite na encruzilhada da grota. Trato é trato”

Mário sentiu se corpo tremer, queimava feito brasa. Sentou-se na cadeira de balanço e chamou a mulher.

Ô Veia me socorre aqui,estou passando mal.

O que você tem homem de Deus?

Nesse instante um redemoinho arrancou a porta da sala,entrou por debaixo da cadeira de balanço onde o homem estava sentado,suspendeu e o jogando do outro lado da sala.

A mulher gritou: Valha-me minha Nossa Senhora!

No mesmo instante, do jeito que o vento chegou ele foi embora.

Homem de Deus o que é isso? -perguntou a esposa.

Não sei me leva para o hospital porque não estou passando bem.

A mulher chamou um táxi e levou o marido para o hospital. O enfermeiro o colocou numa cadeira e o levou para a sala de radiografia, precisava verificar se houvera alguma fratura a partir do tombo ocorrido. Ao terminar de bater as radiografias, mesmo antes de secá-las levou-as ao médico e o paciente para o quarto.Ao verificar as radiografias o médico chamou o enfermeiro e perguntou:

Vocês estão de brincadeira comigo?

Porque o senhor me pergunta isso ? perguntou o enfermeiro

O senhor sabe que não brinco em serviço

Olha essa radiografia e me diga- disse o médico

O que vê?

O enfermeiro começou a tremer e jogou a radiografia longe. O médico chamou outros médicos para estudar a chapa e descobrir o que estava acontecendo. Foram todos ao quarto do Mário para conversar com ele e ao chegar lá tiveram uma grande surpresa. Encontraram outro homem na sua cama. Procuraram por todo o hospital e não o encontraram. Voltaram ao quarto e o homem havia sumido e sobre a cama uma lista de nomes, alguns nomes com a marca da caveira e nessa lista o nome do Mario.

Chamaram a polícia para desvendar esse mistério. Fizeram uma varredura no hospital e não o encontrando foram procurar sobre ele no fichário. Encontraram o seu endereço e seguiram todos para lá.Ao chegar tocaram a companhia e a mulher atendeu:

Bom dia senhora, mora aqui o senhor Mario?

Sim, mas ele não se encontra: respondeu a mulher.

Onde podemos encontrá-lo? perguntou o policial :Ele sofreu um acidente doméstico e está internado, mas o que aconteceu? O que foi que ele fez ?perguntou a mulher.

Senhora, precisamos encontrar o seu marido, ele corre risco de morte.

Mas eu já disse, ele está no hospital.

Não senhora, o homem que está no hospital não é o seu marido.

Como é possível? Eu mesma o levei ao hospital, só não fiquei com ele porque não permitiram acompanhante.

Senhora, tem alguma coisa que quer nos contar? precisamos saber para poder ajudá-lo.

A mulher já estava assustada com o que havia acontecido anteriormente e contou aos policiais nos mínimos detalhes o que havia acontecido.

O telefone tocou e a mulher foi atender era a esposa de um amigo do Mário. Assustada com o que se passara em sua casa.

Lúcia, chamou a mulher. Por favor, me ajude,aconteceu uma coisa horrível aqui em casa. Preciso falar com o Mário, estou com muito medo.

Você está sozinha em casa?- perguntou a mulher

Sim, respondeu Lúcia

Então venha para a minha casa porque aconteceu uma coisa muioto estranha aqui também.

- Está bem, estou indo.

A polícia foi convidada a entrar na casa,verificou a cadeira de balanço na qual Mário estava sentado.A porta arrancada pelo vento continuava no meio da sala.Então perguntaram à mulher:

Vocês receberam alguma visita antes desses acontecimentos?

Não, ele só atendeu a um telefonema e depois disso começou a passar mal e tudo aconteceu.

Nesse instante chega a casa Laura, a esposa do amigo do Mário que havia ligado á pouco tempo.

Jurema, pelo amor de Deus onde está o Mário?

Não sei, respondeu a mulher.

Eu o havia levado ao hospital, mas agora a polícia me disse que ele não está lá e que no seu lugar há outro homem e que também sumiu. Encontraram no lugar uma lista com nomes.

É sobre isso que vim lhe falar. Eu estava na janela da sala quando olhei para a rua e vi o meu falecido marido. Ele olhou para mim e disse:

Pegue a lista.

Quando olhei sobre a mesa encontrei uma lista com nomes e cada nome uma caveira e o nome do seu marido estava lá mas não tinha a caveira.E todos que tinha essa marca já haviam morrido,eram todos amigos da mesma turma no colégio.

A polícia olhou o telefone e verificou a penúltima ligação recebida, passou um rádio para a Central e logo veio o endereço buscado.

Ô de casa? Procuramos por senhor João,ele está?

Boa tarde, sou eu o que desejam?

Senhor João, o senhor conhece o senhor Mário?

Não senhor - Disse o homem.

O senhor poderia nos dizer por que ligou para ele hoje pela manhã?

Sim, respondeu:

Um homem me pediu que ligasse para ele e lhe dissesse uma frase, só isso.Achei que não tinha nada demais e fiz a ligação.

E qual é a frase? Perguntou o policial.

“Encontraremo-nos na sexta- feira Santa à meia noite na encruzilhada da grota.Trato é trato”

Senhor João se juntou aos policiais, chamou alguns amigos e saíram à procura do homem. Já passava das onze horas quando chegaram ao lugar marcado. O local estava muito escuro, os homens que acompanhavam os policiais estavam assustados com aquele silêncio de morte. De repente desceu do céu uma bola de fogo e todos trataram de se esconder no mato. De dentro da bola surgiu uma figura horrorosa, cheia de escamas pelo corpo parecia um peixe em pé. Ao seu lado mais dois seres com estatura mais baixa.Seguiram até o local do encontro e a meia noite em ponto um vendaval surgiu tão forte derrubando árvores e arrastando tudo ao redor.Quando o vento parou os policiais olharam assustados para o quarto homem que aparecera do nada,trazido pelo vento.Sentaram-se no chão fazendo uma roda e no meio deles o peixe rabiscava um desenho.De repente formou-se uma bola de fogo e subiu a toda velocidade e o homem que tinha vindo no vento ficou deitado no círculo.Quando tudo ficou em silêncio os policiais e os homens que os acompanhavam seguiram para perto do que estava no círculo.

Mãos ao alto? Disse o policial

Os policiais algemaram o homem e a mulher falou:

Esse é o meu marido Mário.

O que vocês estão fazendo aqui?perguntou Mário:

Quem são vocês?

Sua mulher assustada respondeu:

Viemos te procurar, o que aconteceu?

O homem estava atônito, sentou-se no círculo e pediu que todos se afastassem.

Por favor, se afastem. Já é meia noite, hora de receber pelo trato feito.

Que trato? Perguntou o policial.

Quando eu era jovem, era muito feio, ninguém queria fazer amizades comigo. Os alunos me maltratavam, comiam a minha merenda, roubaram a minha bicicleta, não conseguia arranjar namoradas de tão feio e pobre que eu era. Vivia amargurado e um dia estava a ponto de cometer o suicídio. Depois que saí da escola caminhei pela estrada e amaldiçoei a minha vida. Naquele momento surgiu do céu uma bola de fogo, de dentro saiu um ser horrível e me disse assim: Quer me vender a sua alma?Eu te dou a vida que você quer,terá tudo: Dinheiro, trabalho, mulher e terá amigos e esses que te maltratam eu cuidarei deles. Quando chegar o momento faremos uma troca.Mas cobrarei e pagarás pela vida boa que terá.

E como vou saber o momento da troca?

Te enviarei uma mensagem e saberá que a hora chegou.

O policial perguntou: O que aconteceu com as pessoas que tiveram os nomes na lista?

Foram transformados, assim como serei daqui a pouco.

E o Mário?

Quando ele fez o trato sabia que não teria volta.

E aos nomes na lista que não tem a marca da caveira, isso quer dizer que sua história continua?

A guerra entre o bem e o mal é travada diariamente desde a criação do mundo e só terminará quando no mundo houver amor verdadeiro entre os homens.

Mas o Mário não tem a marca da caveira em frente ao seu nome! Perguntou o policial.

Sim, respondeu o ser: Ele não tem na frente do seu nome porque está gravado em seu coração. No momento em que decidiu vender a sua alma foi-lhe dado a marca da maldição. Se ele durante esses anos todos tivesse aprendido a perdoar os seus amigos que lhe maltrataram, não teria entregado a sua alma ao maior inimigo daquele que lhe deu a vida. Durante os séculos tenho realizado grandes mudanças no mundo e sem perceber a humanidade tem agido a meu favor. Estamos chegando ao dia da batalha final.A cada momento vem ao meu encontro vidas que se unem aos meus anjos e sem se darem conta me ajudam para que eu vença a batalha final.Essa batalha já está ganha!.

Naquele momento desceu do céu a bola de fogo, e como uma orquestra comandada por um maestro, todos que ali se encontravam deram-se as mãos, fizeram um círculo ao redor daquele homem e começaram a orar, a cantar cânticos de louvor e glória ao criador.

Calem-se! gritou o ser. Essas orações ferem os meus ouvidos e me enfraquece.

Cada vez mais chegavam mais pessoas e aumentavam o volume e com orações pediam a Deus que libertasse Mário daquela opressão. Quando todos elevavam a voz orando um urro e um estrondo se ouviu. A bola de fogo subiu rapidamente espalhando fogo sobre todos ali presente. Quando tudo ficou em silencio se ouviu a voz do Mário que dizia: Louvado seja Deus no mais alto céu.E todos responderam:

Para sempre seja louvado.

Mário voltou para a casa com a esposa,passando primeiro no hospital e com os exames perceberam que já não mais havia a Marca do demônio em seu coração,porque no coração do homem é morada do Senhor.

FIM

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Carminha Morais
Enviado por Carminha Morais em 15/11/2015
Reeditado em 16/11/2015
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