No Caminho do Viajante

Pela longa estrada um alguém caminhava, na sua melhor aparência de um homem. Em seus passos sutis e astutos, ele caminhou, vila por vila.

O calor do deserto parecia não lhe afetar, os bichos e animais de si preferiam se afugentar.

Sempre à espera, tão calmo e sereno, sabia o que estava por vir.

A escuridão da noite lhe encobria com perfeição, seus olhos azuis refletiam o pecado da perdição.

Assim como o calor, o frio também não lhe afeta de jeito nenhum.

Quem seria este viajante tão incomum?

Vila após vila, por onde passava, no caminho só restava destruição.

Seus ouvidos atentos às blasfêmias, seu riso tão discreto e cheio de ironias.

Alguns quilômetros dele estava Ghosttown. Um velho homem sentado em sua cadeira de balanço dizia ao jovem que lhe fazia companhia:

"Um conselho irei lhe dar, meu belo rapaz. Enquanto a escuridão cair feito cortina no teatro, não sejas curioso para ver o que há por de traz!"

Ambos riam com um copo de shop em mãos.

A cada 'tic' do ponteiro a noite mais escura ficava. Até os vermes na terra sentiam a devastação.

Os animais se agitaram então.

As pessoas em suas casas foram adentrando, suas portas e janelas se fechando, lá vinha o tal viajante.

Exatamente como a morte que não avisa sua chegada, assim de fato ele veio, sentou-se bem ali, naquele banquinho na entrada da vila.

Paciente como sempre, com seus olhos atentos.

E como a chuva que cai tão ligeira, a desgraça caiu sobre a pequena vila corrompendo cada alma que ali morava.

Virando-se uns contra os outros, matando seus irmãos em nome de Deus.

Dando início a profecia e condenando a si próprio a profunda hipocrisia.

Quando estava prestes a abrir a porta, o jovem rapaz lembrou-se do conselho do velho homem e se assentiu. Ali sentou e a sinfonia da morte apenas escutou.

Na linda manhã que tão depressa chegou, o rapaz avistou ao abrir a porta, um cenário tão vermelho quanto o pôr do sol.

Tantos corpos, tanto sangue ele presenciou. Tão apavorado ele ficou.

Mais à frente o homem ainda estava a sentar. Com um riso irônico, lhe veio a falar:

"Parabéns jovem rapaz, ouvistes o conselho do homem e por de trás da cortina não quis olhar! Esta não foste tua vez, mas um dia mais à frente tua hora eis de chegar, e mais uma vez nós iremos nos encontrar!"

Verg Voktre
Enviado por Verg Voktre em 18/12/2015
Reeditado em 18/12/2015
Código do texto: T5484352
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