Um dia Perfeito

Bia acordou com os primeiros raios de sol entrando pela janela. Espreguiço-se e com um sorriso brincando nos lábios, saiu da cama indo até à varanda.

- Bom dia sol!

Cenas da noite anterior invadiram seus pensamentos, mas ela as afastou com um balançar de cabeça. Hoje nada iria estragar o seu dia.

Correu para o banheiro para tomar uma ducha rápida e sair para ir à padaria. No caminho encontrou a jaqueta do namorado.

Aproximou o nariz para sentir o seu cheiro. Novamente as cenas da noite anterior voltaram e desta vez não foi possível afastar.

- Ele tinha que estragar tudo!

Tudo começou com uma discussão boba. Novamente a cobrança por causa do meu ciúmes. Tá, eu sei que às vezes exagerava, que não tinha sido legal riscar o carro daquela vaca da academia só porque ela tinha dado uma carona pra ele. Mas, também, porque a loira oxigenada tinha que se engraçar logo para seu homem?

Depois disso, eu tentei consertar a situação, fui até o serviço dele, usando meu melhor perfume e uma lingerie de arrasar qualquer mal humor masculino. Só que ele estava na defensiva, dizendo que não agüentava mais aquelas cenas, que a sua vida tem sido um inferno. Como assim um inferno? Eu faço tudo por ele! Sou a melhor namorada do mundo. Só que eu espero um pouco mais de atenção. É esperar muito? É querer muito que a pessoa ligue de vez em quando pra dizer se está bem? Depois ele reclama que eu ligo 10 vezes no dia. Claro eu fico aqui sem saber de nenhuma notícia, se ele dormiu bem, se chegou bem ao trabalho, o que almoçou (e principalmente com quem), se ele me ama.

Daí quando eu comecei a gritar que ele ainda tinha a cara de pau de defender aquela vagabunda, ele vem me dizer pra calar a boca!

Mas no fim ele acabou vindo comigo pra casa. Eu sabia que ele não resistiria a meu charme, afinal ele sabe que eu o amo mais do que qualquer coisa.

Só que quando chegamos aqui ele estava frio. Tentei quebrar o gelo abrindo uma garrafa de vinho e acendendo velas. Fiz meu melhor strip tease e ele só pedia pra eu parar. Quando tentei tirar a sua roupa ele me empurrou. Sabe doeu. E doeu mais quando ele disse que não dava mais. Que não podia mais continuar aquela história.

Eu chorei e implorei pra ele ficar. Disse que iria mudar, que iria procurar ajuda, mas ele não queria me ouvir. Foi na direção da porta dizendo que ia embora e que era pra eu esquecer que ele existia. Fiquei com raiva e joguei a garrafa de vinho em cima dele. Que sujeira...

Ele ficou louco e veio pra cima de mim, pensei que iria me bater. Ai foi pro banheiro dizendo que eu ia pagar caro por isto. Sei lá, perdi a cabeça, não queria machucá-lo.

Um gemido a tirou de seu devaneio. Aproximou-se da cama, e do homem ensangüentado e amarrado. Fez um carinho em sua cabeça sem perceber o olhar de medo:

- Não se preocupe meu amor, este dia será perfeito para nós! Eu vou cuidar de você, prometo.

Patricia Soares
Enviado por Patricia Soares em 08/07/2007
Reeditado em 21/04/2011
Código do texto: T557108
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