As chaves

Passos largos. Caminho. Olho em volta.

Tudo escuro. Ruas desertas, sombras paradas.

Silêncio. Os únicos sons que ouço são meus pés tocando as poças d'água e as gotas que caem nos velhos telhados.

Atrás de mim uma sombra em movimento. Minha respiração acelera e junto com a chuva, o suor frio escorre por meu corpo já trêmulo.

Caminho mais depressa, sem ousar olhar para trás. Continuo sendo seguido. Corro.

"Faltam poucos quarteirões e logo estarei seguro".

Não há trânsito. Cruzo as ruas em velocidade sobre-humana.

Chego à porta de casa e enfim,  olho para trás. Não há ninguém.

"Que alívio".

Ponho as mãos no bolso esquerdo: não encontro as chaves. Bolso direito: algumas moedas somente.

"Não posso tê-la perdida. Talvez as esqueci na mesa do bar, pouco antes de sair".

- Que droga! "Eu não volto pelo mesmo caminho. Estou certo de que fui seguido, é provável que o bar já tenha fechado"

Meu medo logo se transformou em ira.

Por um instante senti uma mão enrugada tocar-me. Me viro lentamente e num sorriso sombrio aquela pessoa vestindo preto me olha profundamente e estende uma das mãos com as chaves.

Sujas de sangue de algum outro infeliz...

Erick Barros
Enviado por Erick Barros em 04/05/2016
Reeditado em 05/06/2017
Código do texto: T5624715
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