Alvorada - Capítulo I: A chegada

Ao abrir os olhos, a consciência começou a voltar, meu corpo formigava, voltando aparentemente de um desmaio, olhei ao redor e não conheci a bela paisagem que me envolvia, sobre uma areia branca e limpa, um mar sem ondas a quebrar, e mais adiante, árvores, o que parecia iniciar-se uma floresta. Minhas botas e roupas estavam molhadas, o que me levava a crer que eu poderia ter sobrevivido a um naufrágio, mas não me recordava de nada, não conseguia pensar, então um medo invadiu meu interior, me revelando que eu não conhecia minha própria identidade.

Devagar caminhei em direção as árvores e ao me aproximar, vi que era realmente uma floresta, densa, fria, com muita neblina, deixando-me com dificuldade de ver poucos metros a minha frente. Quebrei o galho de uma árvore para me servir de cajado e me ajudar a abrir caminho, e me aprofundei mata a dentro. Era uma floresta escura, mesmo com o sol acabando de nascer, pouca luz penetrava entre a copa das árvores, um cenário sombrio e intimidador. Caminhei por muito tempo, comecei a sentir sede, fome, as pernas fracas já não estava conseguindo sustentar o peso do corpo, a vista começou a escurecer, e desabei ao chão.

- Ajudem-me! Vamos levá-lo conosco!

- Não sabemos o que ele é, não podemos levá-lo!

- Olhe pra ele, não nos oferece nenhum perigo, está fraco!

- Levem-no.

Dois dos homens carregaram o forasteiro mata a dentro, onde adiante havia um riacho e pedras, a água batia na cintura dos homens que adentraram na água, pois era o único caminho a seguir, passando o riacho, percorreram aproximadamente trinta minutos até chegarem num lugar onde chamavam de forte.

- Abram os portões!

Gritou um dos homens para guardas que estavam em torres vigiando os portões do forte.

O retorno dos batedores carregando um corpo despertara curiosidade de todos, era um homem branco, cabelos compridos, barba por fazer, roupas e botas negras, usando uma capa com um brasão também desconhecido para o povoado. Entraram na cabana do curandeiro, a noite chegou e ainda não havia notícias sobre o forasteiro.

Mais uma vez estava à abrir os olhos e me deparar com um ambiente desconhecido, rapidamente me encolhi na cama onde repousava em um reflexo a ver o homem que me olhava sentado em uma cadeira a minha frente, um senhor de cabelos brancos e compridos, barbas brancas longas, fumando um cachimbo, pele escura, e logo notei que haviam mais pessoas ao redor, um homem negro, forte, cabeça raspada, vestindo camisa branca, calça marrom, botas pretas, portando o que parecia ser uma arma de fogo, à direita dele estava outro homem de óculos escuros, vestindo uma espécie de colete, calça e botas pretas, também portando uma arma, e ao fundo, olhando sobre os dois homens, dois olhos azuis, da cor do céu, penetraram em mim como uma lança em chamas, cabelos loiros, curto, vestindo uma espécie de roupa militar, com um arco-e-flechas pendurado em seu ombro.

- Qual o seu nome forasteiro?

Perguntou o homem de óculos escuros.

- Eu não sei, acordei na praia, não lembro quem sou e o que aconteceu.

- Mostre-me seu pulso!

Me seguraram e ergueram minha roupa buscando algo.

- Ele foi marcado! Vamos matá-lo agora!

- Esperem o que está acontecendo, o que é esta marca em meu pulso?

- Todos se acalmem, ninguém vai fazer nada até eu mandar!

- Mas Jack, ele foi marcado!

- Por favor, alguém me diga o que está acontecendo!

- Faz quanto tempo que você acordou na praia?

- Não sei dizer, o sol estava ainda baixo, acho que o dia tinha acabado de nascer.

- A transformação pode acontecer em breve, temos que garantir a segurança de todos. Marcus, quero que observe-o esta noite, acorrente-o.

- Sim chefe.

A moça de olhos azuis foi se retirando devagar, me olhando com certa pena, e saiu da cabana, deixando-me com o velho, e Marcus. Eu não sabia o que estava acontecendo, o que era aquela marca em meu pulso, porque me acorrentaram, que perigo eu apresentava, não ofereci resistência, deixei sem lutar que me acorrentassem ao lado da cama.

Maicon Moso
Enviado por Maicon Moso em 08/05/2016
Reeditado em 10/05/2016
Código do texto: T5629542
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