Alvorada - Capítulo II: O Muro

Já eram altas horas da noite, quando ouvi barulhos, como se algo estivesse se movimento bem rápido entre a mata, Marcus e o velho dormiam logo a minha frente, Marcus estava muito próximo de mim, onde eu conseguiria alcançar as chaves para soltar as correntes, os barulhos se intensificavam, e eu me lembrei que não havia mata ao lado da cabana onde estávamos, pois ela ficava no centro do forte, a mata estava um pouco longe dali, longe o suficiente para que não fosse possível ouvir movimentação, o que me intrigou, porém o barulho aumentava, como se saltassem sobre a mata, sobre as árvores, e o medo fez com que eu me esticasse, e pude pegar as chaves com a ponta dos dedos, e logo após isso ouvi um sino bem alto, Marcus e o velho se levantaram rapidamente, alguém bateu na madeira da cabana:

- Eles estão aqui, peguem suas armas!

Marcus disse ao velho:

- Vamos, não temos tempo de ficar vigiando este forasteiro, precisamos estar preparados se eles atacarem!

O velho que andava com dificuldade, levantou-se, olhou pra mim, e seguiu Marcus.

- Esperem, o que está havendo? Me levem com vocês!

- Você os trouxe até aqui, eles nunca chegaram tão perto, você é o culpado, devíamos ter o matado na floresta!

Muito alterado Marcus me culpou pela presença de alguém que eu não sabia quem era, mas a presença destas pessoas preocupavam muito Marcus, que apresentava um semblante visivelmente apavorado, e pronto para guerra. Eles saíram da cabana e correram em direção aos portões, o fogo que clareava a noite no forte, foi apagado e um silêncio fúnebre pode ser sentido naquele lugar, imediatamente com cuidado me soltei das correntes, e quando estava me levantando senti meu corpo esquentar e meus ossos começaram a doer, minha cabeça parecia que explodiria, deitei-me no chão e me retorci de dor, e logo, tudo cessou, acordei em um lugar diferente, já era dia, minhas roupas estavam todas rasgadas, já não sentia fome, e em minha frente me deparei com um muro incrivelmente alto, feito de pedras enormes, construção impossível para um homem trabalhando manualmente, certamente utilizaram-se de máquinas para aquele trabalho, o espantoso era que não haviam sinais de que máquinas que estiveram ali, o muro contornava o que parecia ser uma cidade, não via-se fim em seu contorno. Como eu saí do forte? Será que abandonaram-me para morrer na floresta? Porque me trouxeram para este muro? Nada fazia sentido. Comecei a sentir uma queimação em meu pulso, e a queimação piorava a medida em que eu me aproximava do muro, minha roupa rasgada, revelou a marca que eu ganhara na praia, para mim, era apenas um machucado, uma queimadura, cicatriz, que poderia ter sido causada no naufrágio. Ainda não me recordava quem era, o pavor de não saber onde estava, do porque me acorrentaram e me trataram como um animal, de como eu havia apagado e chegado até ali, nada encaixava, e a medida que o dia passava, e a noite caía, eu tentava me conter, da agonia de ser um desconhecido e estar em um lugar que eu não fazia a menor ideia de onde era.

Maicon Moso
Enviado por Maicon Moso em 10/05/2016
Código do texto: T5631745
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