Memórias de um soldado do tráfico- parte 1

Nasci no morro de Dona Marta, favela do Rio. Sou o filho mais novo de uma penca de seis filhos de uma das mulheres de meu pai, chefão do tráfico conhecido pela alcunha de xexéu cujo nome é Fábio Elias Cavalcanti e encontrava-se preso na prisão de segurança máxima de Bangu 1.

Ainda com dias de nascimento, conta minha mãe Elenice que eu já estava a trabalho do tráfico em que cada visita que ela fazia ao meu pai na prisão eu era usado como “avião” para o transporte da droga que era comercializada na cadeia. Primeiro eu era dopado para que eu não sentisse dor e papelotes de cocaína eram colocados em meu ânus e chegava até sangrar, eu não chorava e não despertava a atenção dos guardas na prisão, porque eu estava drogado e isso se repetia quase todos os dias, eu como único homem dessa família de seis filhos. As minhas irmãzinhas transportavam cocaína dentro da vagina e ânus, já que as crianças não recebiam revistas mais rigorosas, obedecendo ao Estatuto da Criança e Adolescente, os adultos tinham que tirar a roupa, agachar e se levantar várias vezes.

Meu pai Fábio conseguiu fugir do presídio Bangu 1, pagando propina a um dos agentes penitenciário no valor de trezentos mil reais, mas para isso tiveram que matar um outro preso à facada de nome Adriano, facção contrária para que meu pai pudesse fugir. A facada seria dada por um membro da quadrilha que dentro da hierarquia criminal, não tinha um valor importante no contexto do grupo, mas mesmo assim, ele receberia em troca à proteção financeira para a sua família que estava lá fora passando necessidade caso a fuga de Fábio fosse bem sucedida. Esse preso ia ser morto por volta das 19h00 depois da recontagem dos guardas para o fechamento das celas para que os presos pudessem dormir, seria simulada uma briga e Adriano morreria a facada, posteriormente colocado na cama se passando por Fábio dormindo e quando à funerária viesse por volta das 21h00 buscar o corpo para fazer autópsia, Fábio com o corpo coberto de sangue do homem que eles mataram para dificultar o reconhecimento de imediato, pois os homens da funerária por ser uma profissão mal encaram o defunto, se limitam a pegá-lo e colocar no carro funerário, fazendo o transporte para o IML (Instituto Médico Legal), desse jeito Fábio entraria dentro do caixão, tudo controlado pelo o agente penitenciário Mateus que foi bem pago para facilitar a fuga, tudo saiu como planejado. Fábio ficou mais ou menos por uma hora na pedra do IML já que alguns funcionários ainda permaneciam naquele local, por pouco Fábio não sofre uma autópsia, o médico legista chegou a pegar nos equipamentos para fazer, mas foi interrompido por uma ligação telefônica em que sua esposa lhe contava que acabava de ser assaltada ao parar no semáforo, os ladrões levaram o veículo da família, o médico saiu às pressas para acudir sua esposa e nisso a turma de Fábio o resgatou pela janela do Instituto Médico Legal e em seguida eles foram de jatinho se refugiarem na Colômbia país vizinho do Brasil. A fuga de Fábio só foi descoberta pela manhã quando os agentes da prisão sentiram a ausência de Fábio no refeitório para tomar café.

Na Colômbia Fábio ficou sob a proteção do grupo guerrilheiro As Farc, grupo sanguinário que quer o poder daquele país a qualquer preço, não respeitando regras, acordos, leis e tampouco o direito à vida daqueles que não têm nada haver com os seus interesses. A As Farc seqüestra qualquer um do povo, inclusive político para servir aos seus interesses escusos, caso suas exigências não forem atendidas pelo o governo, eles matam sem piedade, covardemente aqueles que estão em cativeiro, não respeitam idade e nem o direito de escolha do cidadão. Crianças são arrancadas brutalmente do convívio dos seus pais, sendo colocado em suas mãos armas maiores ou mais pesadas do que elas para serem soldados da guerrilha para lutarem numa guerra de vaidade, arrogância, prepotência, injustiça e pelo o descaso dos seus líderes pela vida humana, onde os seus interesses mais sórdidos prevalecem a despeito de tudo e de todos. A As Farc é financiada pela produção em território colombiano pela cocaína, Fábio ficaria responsável dessa produção exportando-a para território brasileiro e outros países. Como por exemplo: Estados Unidos da América, Canadá, Holanda, Inglaterra e etc.

A das drogas da Colômbia entra no Brasil pelo o rio Amazonas, sendo transportada de caminhão até Goiás e de lá pega um avião e chega até São Paulo, dali é distribuída para o Rio e outras cidades.

Do Rio de Janeiro a cocaína é exportada através da marinha brasileira, utilizando-se de membros moradores de favelas que trabalham em serviço temporário ganhando muito pouco, vêm nessas transações à oportunidade de realizarem os seus sonhos de consumo de terem uma boa moradia, de poderem dar com orgulho o endereço onde moram, mas vislumbram-se com a riqueza fácil, com o mundo perfeito e milionário das novelas, alienam-se da realidade da lei e praticam o crime de tráfico de entorpecente. Em seus interiores justificam a pratica do delito como uma forma de compensação pela exclusão social, descaso do governo com as camadas mais baixas, pelo o baixo salário que nos obriga a maltratar o nosso próprio corpo, nossa família a sujeitar as sobras de uma sociedade onde os mais influentes fazem leis beneficiando a si próprios, assaltando os sonhos, matando mais de pressa os menos favorecidos, porque para manter a mordomia dessa elite dominante, tem que se aumentar os impostos, aumentar as tarifas dos serviços essenciais como água, luz, telefone, transporte, moradia e saúde. Nos encurralam como bichos, nos amontoam, nos deixando confinados em tanques de miséria onde a morte exercita a todo o momento a sua habilidade para pescaria.

Fábio na Colômbia não só se tornou um grande comerciante de cocaína, como também um exímio guerrilheiro, participando ativamente de ações de guerrilha das As Farc em incursões pela tomada do poder naquele país, chegando ser até ferido em combates que participou, sofrendo apenas escoriações proveniente de uma granada jogada por soldado do exército colombiano quando da tentativa deles de invadirem uma cidade controlada pelo o governo legítimo.

Fábio, apesar de estar na Colômbia não esqueceu da diretora Paulínia que implantou regras rígidas coibindo na penitenciária quando ele lá estava como, por exemplo: encontros íntimos nas celas, orelhões nos corredores e pátios da penitenciária, uso de celulares pelos os detentos, reduziram o tempo de banho de sol e nem todos os presos tomavam banho de sol no mesmo horário. Normas que irritaram por demais Fábio, já que nessas horas ele se firmava como líder da penitenciária e havia um livre comércio de drogas no interior da cadeia o que trouxe um grande prejuízo comercial para Fábio, pois essa Paulínia substituiu um outro diretor que fazia parte da folha de pagamento do tráfico, o qual foi denunciado por uma câmera de um cinegrafista amador que mandou a fita para uma grande rede de televisão onde apareciam presos, fazendo uso de drogas durante o banho de sol na frente dos agentes penitenciários sem serem molestados por eles.

Fábio da Colômbia mandou os seus comparsas do morro de Santa Marta executarem a diretora do presídio, Paulínia que foi morta com seis tiros na cabeça ao sair de casa pela manhã para ir ao trabalho.

Antes de sua morte Paulínia já vinha recebendo ameaças por telefones, cartas, sofreu um atentado em que um motociclista emparelhou com o seu carro e o carona efetuou vários disparos sem, contudo conseguir atingi-la, desse atentado ela saiu sem nenhum arranhão.

Mesmo com essas evidências de perigo de morte o Estado não deu tanta importância à segurança da diretora da penitenciária Paulínia, apesar dos seus exaustivos pedidos de garantia de vida feita por ela ao poder judiciário, inclusive com confecção de boletim de ocorrência, porém em vão. Ela morre de forma brutal, indefesa, covardemente executada por bandidos inescrupulosos que tiveram o aval do poder público nesse assassinato quando do pedido de ajuda de Paulínia ficou no descaso, no desinteresse por ela não fazer parte da elite dominante foi para a vala como acidente de percurso, somando-se apenas como estatística da violência, ela que deu a vida, sacrificando-se pelo o bem-estar de uma sociedade dominante ou não, mas alguns que poderiam ajudá-la, a entrega como oferenda aos deuses da violência. Passaram-se alguns anos e nada foi feito para colocar os seus assassinos na prisão.

Fábio da Colômbia mandou seqüestrar um dos mais bem sucedidos publicitários do país, este de nome Carlos quando voltava do trabalho depois de um dia intenso de trabalho foi abordado por três veículos, em cada qual com quatro ocupantes fortemente armados com fuzis AR-15, granadas, submetralhadora israelense, e cada um encontrava-se com pistolas com poder de efetuar vinte e um tiros cada, sendo usado nesse crime dois veículos Vectra e uma pick-up cabine dupla. O empresário de publicidade tinha costume de sair de sua empresa por das 19h00 e nesse dia não foi diferente, cumpriu a mesma rotina e quando já se dirigia para a sua residência e ao entrar numa rua próximo a sua casa, rua essa um pouco deserta foi abordado pelos os meliantes que não tiveram nenhuma resistência por parte da vítima, uma vez que o publicitário não andava com seguranças. Daquele local o levaram para um sítio onde previamente já haviam alugados e pago uns três meses adiantados. Carlos ficou num cubículo feito por eles em dos quartos da casa que media dois metros de largura por um de comprimento, era como uma caixa, sendo aberta por cima, como um alçapão, sem vaso sanitário, não tinha nenhuma condição de um ser humano viver naquele local. Carlos passava todo o tempo acorrentado, não tendo noção do dia ou da noite, a única alimentação que recebia era uma maçã que jogavam para ele, a água era despejada de cima aproveitando-se um pouco da claridade quando se abria o alçapão, um meliante fazia tiro ao alvo, tentando encher o vasilhame semelhante ao que se dá aos animais, assim Carlos ia sobrevivendo muito mal, enquanto os bandidos negociavam o resgate com a família. Eles pediam dois milhões de reais para libertarem Carlos do cativeiro e com a condição de que a polícia ficasse afastada do caso.

A família antes de negociar o resgate pediu aos bandidos uma prova de que Carlos estava vivo, os meliantes para provocar terror, apavoramento e como forma de apressar as negociações com os familiares cortou o dedo indicador da vítima, mas antes de corta-lhe o dedo um dos bandidos utilizando-se de força, colocou a força o dedo indicador de Carlos sobre a mesa, já que a vítima resistia muito em deixá-los cortar um dos seus dedos, um dos bandidos segurava a sua mão sobre a mesa, o outro com alicate puxava o seu dedo indicador e um terceiro bandido com uma faca fazia vários cortes no dedo antes de cortá-lo, submetendo Carlos a um ritual de crueldade e eles morriam de rir em ver o sofrimento, a dor e as suas lágrimas. Chegavam até chamá-lo de frouxo diante de seus gritos ensurdecedores de dor. O líder dos bandidos, Joaquim, chegou a dizer que sentiu tanto prazer em fazer aquela tortura que chegou ater um orgasmo por conta disso. Após cortarem o dedo de Carlos o enviou dentro de mini caixão para a família.

Quando a esposa de Carlos recebeu a encomenda e ao abri-la chocou-se com aquele dedo todo estraçalhado com cortes profundos de faca, chegando a ter uma queda de pressão, sendo necessário chamar uma ambulância, tendo que ser internada em uma UTI, Unidade de Tratamento Intensivo, tamanha surpresa e susto que levou. Um médico da família ao analisar aquele dedo indicador constatou que o dedo era de Carlos e que os vários cortes constantes nos dedo foram feitos com ele ainda fazendo parte da mão de Carlos.

Mas diante de tanta crueldade, o médico da família Rodrigo, aconselhou a esposa de Carlos, Alexandra, a colocar a polícia no caso como forma de garantir a vida do seqüestrado.

O grupo anti-sequestro da polícia começou a investigar, fazer levantamentos e rastrear ligações com intuito de localizar o mais rápido possível Carlos, pois temiam por sua vida caso o pagamento do resgate se prolongasse por muito tempo. O grupo anti-sequestro era chefiado pelo o delegado de polícia civil de nome Pascoal e tinha sobre o seu comando trinta homens. Através de rastreamento das ligações de telefone chegou-se a um orelhão que ficava no morro de Dona Marta, sendo um grande ponto de partida para se localizar o empresário, sabia-se que o seqüestrado estava por perto. Mas com a movimentação da polícia no morro irritou bastante os bandidos e eles através de telefonemas desaforados ameaçavam de degolar o empresário e enviar sua cabeça para a família, o que deixou os familiares mais ainda desesperados, em prantos e aflitos com a situação. A polícia pedia calma para a família, mas como ter calma numa hora dessas e depois de um telefonema desses. O bandido através de ligações telefônicas pedia para a família afastar a polícia do caso, se não tudo terminaria muito mal, os meliantes continuavam a ligar para a família como se desafiasse à polícia não temendo serem localizados. Depois de várias ligações mal criadas dos bandidos a família resolveu-se pagar o resgate mesmo contra vontade do grupo anti-sequestro. Já estava fazendo trinta dias que Carlos foi seqüestrado e os bandidos eram incisivos quanto à vida de Carlos, diziam que iriam corta-lhe a cabeça e colocá-la na porta da casa da família.

Foi marcado o ponto de encontro para a entrega do resgate, a pedido da família a polícia não os acompanhou acintosamente, mas através de um aparelho rastreador que foi colocado na maleta do dinheiro sem que a família suspeitasse de alguma coisa a polícia monitorava o encontro, pois se alguém soubesse poderia ficar nervoso e colocar tudo a perder. Os bandidos marcaram como ponto de encontro um local de difícil acesso para carro era uma mata bem fechada que dificultaria o sobre vôo de um helicóptero inclusive com visão noturna. A hora do encontro foi marcada bem de tardinha por volta das 18h00, quando o sol já está se pondo.

Um membro da família de Carlos, ou seja, irmão dele Adriano levou o dinheiro e o entregou a um dos bandidos de alcunha Foicinha que diante de tamanha facilidade saiu levando a maleta com dinheiro dando gargalhadas e estava gostando de ver que o pessoal foi bastante obediente.

No entanto, à polícia através do rastreador via satélite já havia montado uma mega operação para prender os bandidos. Foicinha mal chegou na granja alugada por eles, cativeiro do empresário, foi surpreendido pelo grupo de operações especiais gritando polícia, mão na cabeça, mandando-o entrelaçar os dedos atrás da nuca e que se ajoelhasse. Foicinha lentamente e de costas na entrada da porta da granja colocou a pasta com o dinheiro lentamente no chão e simulou que iria obedecer a ordem da polícia, mas foi engano. Parece que ele confiava no apóio dos colegas de dentro da granja e reagiu, tentando tirar da cintura uma submetralhadora israelense e ao tentar se virar para atirar nos policiais, foi alvejado por diversos tiros disparados pelo o grupo de policiais. Foicinha foi praticamente fuzilado.

Os policiais acharam estranho o silêncio do restante do bando que não deram um tiro em defesa de seu companheiro. A polícia adentrou com muito cuidado no interior da granja e foi de cômodo a cômodo sem se quer achar uma alma viva naquele lugar e fizeram uma varredura até acharem o cubículo onde ficava o empresário. Ao abrirem o alçapão, do seu interior exalava um forte mau cheiro e como ele era bastante escuro era muito difícil de saber se o mal era proveniente do corpo em putrefação do empresário ou de algum resto de alimento estragado. Arrumamos uma lanterna e o soldado Amauri um membro do grupo de operações desceu para ver se as nossas suspeitas confirmavam, não sei se ficava feliz ou triste, mas Carlos não se encontrava no alçapão, parecia que fomos traídos.

Realmente, fomos traídos pela bela morena de longos cabelos negros, olhos verdes e que era a cozinheira da casa que tinha aproximadamente uns cinco anos de casa, que parecia ser acima de qualquer suspeita, Renata era membro da quadrilha e a todo tempo pressionava a família, mantendo sempre próximo dela Mariana a filha recém nascida de Carlos que tinha uns três meses de nascida.

Enquanto que a quadrilha oferecia Foicinha como boi de piranha, a mesma através de Renata fugia com o dinheiro do resgate e o dinheiro pelo o qual Foicinha morreu era falso. Eles amarraram a esposa, o irmão, e dois empregados da casa todos no quarto do casal. A polícia acreditava que os meliantes encontravam-se nas imediações da granja, promoveram uma grande varredura com a utilização até de helicóptero, com cães farejadores treinados, cometeram arbitrariedades com moradores simples da região que voltava do trabalho mal vestidos e eram confundidos com marginais. A polícia naquela ânsia de dar uma resposta rápida para a sociedade e acompanhando aquela operação encontravam-se grandes redes de televisão, equipes de jornais e rádio todos querendo um furo de reportagem e a polícia com isso não raciocinava, parecia pensar no estrelismo, não querendo admitir publicamente que os bandidos venceram a lei nesse primeiro momento.

Um dos soldados que compunham esse grupo de policiais de nome Alissson é que questionou ao comandante da operação se não seria viável comunicar via telefone ou mandar uma viatura até a casa dos familiares da vítima para ver como elas estavam, sendo encaminhada uma viatura a residência das vítimas onde se constatou que os bandidos ludibriaram a polícia amarrando o pessoal da casa em um dos cômodos, fugindo com o dinheiro do resgate e Carlos, o empresário, foi achado posteriormente por um caminheiro à beira de uma estrada com a saúde completamente debilitada.

Carlos depois de passar por diversos exames e de um tratamento intensivo para voltar a sua forma normal, mesmo assim teve diversas complicações psicológicas. Ele tinha um profundo sentimento de culpa, remorso, amigos dizia que ele ostentava muito luxo passeando para cima e para baixo com carrões importados caríssimos, despertando assim a cobiça de marginais, não se preocupando com sua própria segurança. A convivência com sua esposa Marlene ficou muito difícil, pois ele tinha certeza que nesse período que passou no cativeiro ela o teria traído e por causa dessa desconfiança o casal teve diversas brigas sérias, chegando quase a ponto de se separarem. Mas, com o tempo e com o jeito doce de Marlene as coisas foram voltando a sua vida normal.

Fábio promovia no morro constantemente bailes funck, onde ele e seus comparsas agenciavam grupos e cantores famosos para tocarem nesses bailes promovidos por eles, mas no interior havia venda de cocaína e o concurso de meninas menores e maiores que desfilavam no palco nuas para que a platéia escolhesse a mais bonita, o pessoal masculino ia ao delírio, inclusive as meninas sonhavam em estar naquele palco, pois os prêmios em dinheiro eram bem atrativos.

Enquanto tocavam a música funck no palco, o salão era dividido em duas partes e quem estava de um lado ou do outro se investia contra o outro com chutes ou socos de forma relâmpago como se digladiassem um com o outro e achavam aquilo o máximo do divertimento. Alguns que se machucado durante aquela rivalidade, não aceitavam perder e formavam grupos de amigos para esperar o cara que o agrediu na saída do baile para ir as forras. Muitas desgraças aconteciam, pois o pessoal que freqüentavam o baile eram soldados ou de uma certa forma tinha um envolvimento com o tráfico de drogas e por isso costumavam andar armados e quando acontecia a revanche do lado de fora do baile, era muito difícil alguém não perder a vida.

A comunidade já não agüentava mais conviver ou compactuar calada com as arbitrariedades do tráfico, que mutilava, matava, humilhava seus filhos, parente, vizinhos a troco de nada, às vezes, os traficantes se drogados, pegavam um morador da favela aleatoriamente e se divertiam com ele lá na pedra, lugar esse que ficava no alto do morro onde eles matavam seus desafetos ou não e depois o colocava num buraco que parecia um forno e ali queimavam as pessoas vivas ou mortas por eles, morriam de rir assistindo os corpos queimarem, mais divertido ainda era escutar os berros, gemidos horríveis de uma sendo queimada viva, alguns se comparavam a Deus, podiam decidir quando alguém morria ou vivia.

A população cansada de chamar a polícia e não ver dar em nada as suas reclamações junto às autoridades, levaram os seus problemas para o departamento de jornalismo de uma emissora de televisão, tentando tornar nacionalmente público os problemas da comunidade como forma de melhorar o convívio. Um jornalista brilhante e de muitas matérias que influenciaram o comportamento jurídico e social do Brasil abraçou a causa e como ele não se expunha visualmente na televisão, trabalhava apenas fornecendo assunto jornalístico para que os locutores as divulgassem, achava-se protegido e que não seria reconhecido por ninguém quando se infiltrasse na comunidade do morro, principalmente nos bailes funck.

O jornalista de nome Martinho constantemente estava no morro entre a população, principalmente nos bailes funck, mas começou a fazer perguntas e com uma micro câmera escondida nos óculos que usava filmava os acontecimentos, até que ele desperta a atenção de uma das dançarinas menor de idade, dezesseis anos, de nome Beatriz que começou a reparar que em todos as festas funck aquele homem estava entre eles e sempre fazendo perguntas e ela leva essa sua desconfiança ao chefe de alcunha Saracurão e esse manda os seus comparsas pegarem o jornalista quando saísse do baile, eles estavam suspeitando de que ele fosse um policial disfarçado querendo descobrir algo. Era mais ou menos uma s duas horas da manhã de domingo quando o baile acabou e Martinho dirigia-se para apanhar um táxi parado na porta do estabelecimento, quando três homens o abordaram e gentilmente lhe convidaram mediante uma arma encostada em sua costela para que ele os acompanhasse, mas quem viu os três bandidos o abordarem não desconfiava de nada, a abordagem foi de tal forma que eles pareciam amigos íntimos, eles se dirigiam ao jornalista como parcerão, chamando-o para ir com eles a um lugar para ajudá-los a aliviar uma parada, que no mundo deles daria para entender uma suposta venda de droga, Martinho os acompanhou sem esboçar nenhuma reação. Martinho foi levado para o barraco da avó de Milico, um dos traficantes da quadrilha, devido ser muito tarde e para não despertar suspeitas, dando a entender que era um amigo e por ser altas horas da madrugada dormiu na casa dele, quando a avó de Milico, dona Totinha viu eles chegando com Martinho e da cama mesmo encoberta por uma toalha surrada, meio rasgada que cobria muito mal da sua cintura para baixo, ela gritou: menino, não arrume problema com a polícia para mim e Milico a respondeu, não esquenta não vó, está tudo sobre controle.

Milico e mais os outros dois homens que se encontrava com ele Santana e Carlinho ao começarem a dar busca no corpo de Martinho, encontraram fios, mini gravador, e outros apetrechos que Martinho utilizava para desenvolver o seu trabalho. Milico quando viu esses aparelhos no corpo de Martinho já foi logo lhe dando um soco no rosto que provocou sangramento em seu nariz, perguntando-lhe se ela era policial e Martinho assustado pensava duas vezes antes de responder, diante de sua hesitação em lhes responderem prontamente com agressões físicas, deram-lhe uma sessão de diversos socos em sua barriga e no rosto, deixando a face de Martinho desfigurada. Martinho meio grogue, zonzo de tanto apanhar lhes respondeu que não era policial e sim jornalista fazendo a pedido da comunidade uma matéria sobre os moradores dali no sentido de divulgar o jeito deles serem no dia a dia. Resposta essa que não convenceu muito os bandidos que o deixaram dormir amarrado no interior do barraco, o que foi impossível para Martinho diante de tanta dor, disseram-lhe que iriam apresentá-lo de manhã ao chefe que decidiria o que fazer com ele.

Por volta das 09h00 Martinho foi retirado da casa da avó do Milico e levado para a temida e obscura pedra com os olhos vendados, seu rosto já estava muito inchado, o olho esquerdo parecia até pular para fora de tão maltratado estava que comprometia bastante a sua visão, no alto da sua cabeça havia um corte profundo de três milímetros por três milímetros que parecia mais uma mina de água de tanto que sangrava sem parar e com escoriações generalizadas por todo o corpo, suas mãos foram amarradas para frente. Martinho já apresentava bastantes dificuldades para andar e falar. Nesse lugar havia um buraco que media três metros de largura por dois metros de comprimento e uns dois metros de profundidade que ficava no alto do morro conhecido no linguajar do povão como forno, geralmente quem era levado para lá dificilmente voltava vivo. Martinho foi apresentado a um dos mais temíveis chefões do tráfico ligado também a Fábio que fazia valer a sua autoridade aterrorizando, mutilando, torturando com requinte de crueldade os seus supostos inimigos ou como forma de ter obediência e o silêncio da comunidade, conseguindo com isso manter a sua impunidade e era uma forma dele fazer o quiser com as pessoas sem ser molestado por ninguém.

Finalmente, Martinho foi apresentado ao líder conhecido como Eli, o bárbaro que andava sempre com uma espada na mão, sentia-se um samurai e costumava decepar as cabeças das suas vitimas, principalmente as que lhe compravam drogas e não pagavam, ele era implacável, após dilacerar os seus corpos colocava-os dentro do forno, às vezes, os queimavam já mortos outra vezes ainda vivos, gritos muitas vezes eram ouvidos, mas pouco podia se fazer, ninguém se atrevia a interpelar Eli, o bárbaro.

Já na presença de Eli, o bárbaro, este pegou um ramo de capim, pôs na boca e começou a mastigar, mastigava de um jeito que parecia que estava abafando, sentindo-se grande por ter aos seus pés aquela pobre alma indefesa, Martinho recebeu diversos golpes de espada desferida por ele, chegando em dos golpes a separar o seu braço direito do corpo que ficou pendurado com o outro braço, porque estavam amarrados juntos e todos riam enquanto Martinho se retorcia de dor, demonstravam prazer e se achavam o máximo naquilo que faziam, elogiavam Eli pelo o golpe certeiro e sua habilidade com a arma, enquanto isso Martinho agonizava solitariamente e abandonado pelo o povo que lhe pediu ajuda, pois todos do morro sabiam que ele se encontrava refém dos traficantes na pedra e cientes da tortura pelo o qual passava, mesmo assim ninguém se atreveu a ligar para a polícia, tinham medo que do outro lado da linha ao invés de ter um policial teria um aliado dos bandidos, o que seria fatal para um dos moradores do morro, já que era sabido de todos que policiais alimentavam os traficantes com armas e inclusive com drogas apreendidas de outros traficantes com os quais não tinham nenhum pacto de ajuda mútua. Semanalmente, os bandidos pagavam pela a conivência ou proteção dos policiais a quantia de cinco mil reais que era rasteado entre os policiais militares, principalmente a guarnição 040, uma blazer comandado pelo o cabo Teodoro que era ele mais dois soldados conhecidos como Toninho chamado pelo o povo de “zói vermelho” e outro por mancha negra. Essa guarnição, além de receberem essa contribuição para que nada vissem ou escutassem, ainda faziam um servicinho extra para os traficantes de cobradores, ameaçavam, torturavam com requinte de crueldade, às vezes, os levavam presos acusados de tráfico de drogas aqueles que deviam a boca de fumo de Eli, o bárbaro. Um dos mais temidos cobradores era o mancha negra da viatura 040, ele tinha esse apelido porque gostava de deixar em todas suas vítimas uma cicatriz que com o tempo virava uma mancha negra, dizia ele que era uma forma carinhosa dos maus pagadores não o esqueceram e também dele se manter na impunidade através do terror, pois ele ameaçava as suas vítimas caso essas reclamassem dele de morte.

Naqueles momentos de sobre vida que antecedia a morte de Martinho era difícil saber o que se passava por sua cabeça, diante de tamanha crueldade, eu tinha dúvidas de que ele chegasse a ter algum tipo de pensamento, já que a dor que ele sentia devia ser insuportável, dificilmente o deixaria pensar ou raciocinar direito.

Finalmente, Martinho já estirado no chão, respirando com muita dificuldade, mas mesmo assim podiam-se ouvir os gemidos doídos de dor que servia para alimentar os prazer doentio, mórbido daqueles maníacos, que viam na crueldade o sentido da suas existência como se fazer o mal os tornassem melhores que os outros, viam na dor causada ao próximo o diploma de cidadão que eles tanto almejavam, pois esse lhe dava status e andavam como reis entre o povo do morro que os obedeciam e lhe eram fiéis em nome de um terror que incrementavam.

O morro de dona Marta era um farto banquetes para os traficantes, pegavam mulheres que queriam, inclusive mulheres casadas com pessoas que era sabido que não tinham afinidades com o tráfico, abusavam e desabusavam das pessoas, as faziam de seus serviçais. Algumas adolescentes preferiam os rapazes que exibiam armas, porque nas suas ignorâncias achavam que aquilo dava respeito, aquele falso poder não deixava que eles trabalhassem, ofuscando as suas verdadeiras liberdades que era através do suor de seus corpos que estariam se firmando junto à sociedade como grandes cidadãos.

Muitas meninas acabavam mal, umas morriam nas mãos desses traficantes que nem podiam sonhar em serem traídos que logo as julgavam sem nenhuma chance de defesa e as executavam cruelmente como de forma de inibir outras garotas que se quer imaginassem em traí-los ou tivessem comportamentos que não agradassem os supostos namorados. Mas, muitas garotas acabavam presas ainda muito jovens por participação com esses rapazes do tráfico em crimes.

Para o prazer dos traficantes, principalmente do Elias, o bárbaro, Martinho morre e sua morte é comemorada com muitas gargalhadas, Zeca um dos braços direito do Elias e como forma de se firmar no bando e na presença dos seus cinco colegas de bandidagem cospe, urina e ainda chama-o de palhaço aquele corpo torturado, mutilado e sem vida de Martinho. Infelizmente, Martinho foi mais um entre tantos que foram para o forno para ser queimado como

luiz remidio
Enviado por luiz remidio em 23/05/2016
Código do texto: T5644179
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.