Alvorada - Capítulo III: O nascimento

A noite intensificava-se e eu precisava buscar um abrigo, não poderia

ficar exposto naquele lugar, e segui para dentro da mata até encontrar refúgio,

adiante, haviam árvores caídas, e a forma como estavam dispostas,

naturalmente permitiu que se criasse uma espécie de cabana intocável e selvagem,

entrei, juntei um pouco de folhas e cobri meu corpo a fim de me camuflar,

tentativa essa que foi em vão, no meio da noite ouvi passos quebrando

galhos secos, que foram se intensificando até que pude ver dois olhos vermelhos,

e que ao me ver, fitou-me por alguns instantes e disse-me:

- Venha, você precisa se juntar a nós.

- Se juntar a quem?

- Não temos tempo para conversar agora, siga-me, estão a sua espera.

- Quem está a minha espera?

- Acredite em mim, é do seu interesse.

Apavorado levantei-me, e segui o homem pela mata até um posto avançado, ainda fora da cidade,

iluminado apenas com uma discreta fogueira. Entrei com a cabeça baixa, todos me olhavam, caminhei até

próximo da fogueira, e sentei-me junto deles, ao redor do fogo.

- Você não sabe quem é. Você não sabe porque está aqui. Mas sabemos o que você é, e queremos vê-lo da forma em que você próprio ainda não viu. Temos muito a lhe contar, e muito a lhe ensinar.

Não entendi o que ele queria dizer, não o interrompi, algo estava por vir, e de alguma maneira eu era o epicentro.

- A lua logo atingirá o seu ápice, seu corpo queimará como brasa, mas passará logo, acredite em mim, nós todos aqui sabemos como é, e queremos ajudar-lhe. Não nos transformaremos pois temos o colar, que inibe a transformação. Estes colares foram forjados no fogo mágico da maldade encarnada. Não conseguimos removê-lo. Existe uma lenda, que um lobo branco nasceria, e viria liderar toda a matilha aprisionada pela serpente.

Todos os homens estavam de cabeça baixa, desesperançosos, aflitos, conformados a escravidão eterna a qual estavam destinados a suportar.

Meu corpo começou a tremer assim como aconteceu no forte, minha consciência começava a abandonar-me,

meus ossos começaram a doer, e então aconteceu, todos me olharam e se ajoelharam dizendo:

- Ele é o lobo branco!

- Salve o grande lobo branco, aquele que nos guiará para o reino da luz!

- Salve!

Eu havia me transformado no grande lobo branco, a qual a profecia se referia.

- Sou Fahul. Liderei a matilha por muito tempo, esperando por você. Estamos todos ao seu dispor.

- Grande lobo, sei que você não compreende tudo o que está lhe acontencendo, contaremos a história

da cidade morta, da serpente encarnada e dos gigantes que habitam este lugar.

Maicon Moso
Enviado por Maicon Moso em 29/05/2016
Reeditado em 26/06/2016
Código do texto: T5651065
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