Alvorada - Capítulo IV: O Reino

Há muito tempo atrás, havia um reino governado por um poderoso rei, rei Sebastian. O rei possuia uma linda esposa, Catherine, ruiva

dos olhos azuis, tinha em sua alma uma imensa generosidade, amor por seu povo, a rainha branca, como era chamada. Eram felizes, mas ainda faltava algo para completar a felicidade do rei Sebastian e da rainha Catherine, e em um inverno intenso que assolou o reino, aconteceu, a rainha branca carregava em seu ventre

a continuação do trono, a notícia se espalhou por todos os cantos e uma grande festa foi dada para todo o povo, celebrando novos tempos que estariam por vir. O rei não escondia sua felicidade, cada mês que se passava, a ansiedade transbordava para fora do que conseguia segurar e demonstrar, até que um dia, já no final da gravidez,

a rainha começou a passar muito mal, sentir muitas dores, não tinha forças para ficar em pé, seus dias e noites eram se retorcendo na cama, e então o feiticeiro foi chamado.

Evemonth, o feiticeiro, era um conselheiro muito próximo do rei Sebastian, era um simples morador da vila, popular pela criação de bons remédios para o povo, os mais poderosos e eficazes, curando diversas enfermidades, e foi pela eficácia de seus remédios,

que ficou conhecido como feiticeiro, como aquele que possuia habilidades não humanas. Havia mais um dom, a qual Evemonth escondia de todos e que de fato era assustador, o da premonição.

Um dia, Evemonth previu o terror, disse ao rei que o reino ruiria pelo sangue real, por quem ainda estaria por vir, e todos conheceriam a dor, a pobreza, a fome. O rei ficou furioso e baniu Evemonth do castelo, foi chamado de demônio por levantar injúrias contra o reino e foi enviado para uma cidadela situada a dois dias de caminhada ao sul, a cidadela escura, onde viviam todos aqueles que em algum dia falaram contra o reino, praticaram magia negra, e que cometeram algum crime, não havia nenhuma iluminação naquele lugar esquecido por Deus, a não ser a luz do sol ao amanhecer.

Evemonth então passou a carregar uma imensa mágoa pelo rei, fazendo que buscasse cada vez mais profundamente a sua isolação.

Um cavaleiro foi enviado para trazer o feiticeiro e, ao avistarem o cavaleiro, os excluídos do reino se aglomeraram ao pé da entrada da cidadela, pois sabiam que para um cavaleiro real ser enviado,

algo muito importante estava prestes a acontecer. Sentado, de longe, Evemonth observava a aproximação do cavaleiro, e sabia que estava a sua procura, também sabia o que o rei queria, mas a resposta

que já era traçada pelo destino, não agradaria o rei Sebastian.

- Evemonth, o rei precisa vê-lo!

Todos olharam para Evemonth, que vagarosamente se levantou, foi até o cavaleiro, fitou-o por breve segundos, e subiu em seu cavalo.

Chegando na vila, ouvia-se os sussurros, é ele, é Evemonth, ele voltou, o que ele faz aqui? O capuz negro cobria-lhe o rosto,

mas ninguém duvidava que era realmente ele. Devido as críticas recebidas pelo rei, o povo passou a enxergá-lo de enviado de Deus,

a enviado do diabo, pobres coitados, não sabiam ainda o que era o verdadeiro mal.

Ao entrar no quarto onde a Catherine agonizava o rei disse-lhe:

- Você precisa salvá-la! Ela sangra, sente muita dor, salve-a e você poderá voltar para o castelo!

Evemonth olhou-o duramente nos olhos.

- Eu não posso fazer nada pela rainha branca. Ela não irá resistir ao sangramento. Mas suas filhas viverão.

- Minhas filhas?

- A rainha branca carrega em seu ventre duas meninas. Uma é filha de Deus, a outra, é a serpente do mal encarnada.

- Como ousa novamente insultar minha família!

- Está escrito, e nada poderá mudar o futuro, a não ser sacrificando a serpente, mas agora, não há como saber, ao passar dos anos, a verdadeira identidade, e os poderes a qual carregam serão revelados.

- Salve minha esposa agora seu miserável!

Disse o rei gritando, segurando Evemonth pelo pescoço. Nesse instante ouve-se choros de crianças, as meninas haviam nascido, e a rainha branca já não respirava mais.

- Catherine! Catherine! Meu amor! Você não pode me deixar! Não! Meu Deus, devolva minha esposa! Dizia o rei, chorando descontroladamente.

As criadas que fizeram o parto tentavam acalmar as meninas, e por terem ouvido o que ouviram do feiticeiro, já tinham medo das pequenas, então Lord Krahn ao perceber que essa notícia seria um desastre para o reinado de Sebastian, tomou as meninas das criadas e ordenou aos guardas que matassem todos os criados do quarto, e também Evemonth, porém, ele já havia saído, sabia que seria morto, roubou um cavalo e sumiu em meio ao povo.

O rei estava desesperado, tomou as filhas do Lord Krahn, beijou-as, e prometeu que nada iria machucá-las, que defenderia suas vidas com todas as forças do reino, mas ele não sabia ainda, que o perigo estaria exatamente dentro de sua própria casa.

Maicon Moso
Enviado por Maicon Moso em 05/07/2016
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