Música

Sentada ao piano, ela repassava a lista dos afazeres: tudo pronto. Louça lavada, cama arrumada, chão limpo. Até mesmo uma janta caprichada já estava à mesa. Só faltava ele.

Distraída, deixava-se envolver pelas notas. A melodia fluía através de seus dedos. Agudos e graves faziam a combinação que tanto admirava. Ela simplesmente deixava-se divagar naquela inebriante sensação.

Desatenta, nem percebeu a presença atrás de si. Ou pelo menos não quis acreditar. Aos poucos, a alegria que a música trazia, foi se desfazendo em pura agonia. Não queria virar-se. Não sabia a visão que a esperava. O medo e a angústia começaram a tomar conta de seus pensamentos.

De súbito, como num reflexo, virou-se. Na mesma hora retirou o olhar. O pânico agora travava seus membros e a visão do homem de preto a enchera de pavor. Aquela figura imóvel simplesmente a observava.

As lágrimas brotavam de seus olhos como numa fonte abundante. Os tremores no corpo ficaram incontroláveis. Com as mãos sobre o rosto, temia olhar novamente. Mas, inesperadamente duas outras mãos tocaram seus ombros. Um arrepio foi transferido da cabeça aos pés. Pensou que iria desmaiar. Com uma voz calma e doce seu esposo disse: “Calma, meu amor, sou eu. Cheguei mais cedo e fiquei te observando porque não queria atrapalhar música que você tocava. ”

Jéssica do Nascimento
Enviado por Jéssica do Nascimento em 03/08/2016
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