On The Road With Devil

I - Bob, sua alma e último gole de Jack

Foi o tempo, em que o sol ardia no vários quilômetros do deserto, perto da Rota 66, justamente na encruzilhada sentido lugar nenhum, lugar esse que somente no pacto, vendendo o que lhe há de melhor, poderia ser até uma garrafa de Jack, a última por sinal, quisera a portadora do corpo esbelto, salto alto e todos os pecados estampados pela pele lisa e seios fartos, como o inferno em salto alto, bem do tipo que você abriria mão do último Cowboy por uma noite de danação no quarto dos prazeres. Bob não é daqueles que perde a chance última da vida, “dane-se a alma e o Cowboy”, dizia ele, “lacei o diabo e o coloquei do meu lado, agora quero minha recompensa”, vamos para o quarto.

E lá foram para o inferno sem passagem de volta. Bob assinara um contrato que a meia noite enviará sua alma para aquela figura sex que rebolava pelos quartos e bares da região. No bar próximo, pedira uma dose de Cowboy e acendera um cigarro, no som Robert Johnson ditara a regra do jogo entre acordes e letras. Bob estava pensativo olhando a figura deslumbrante desfilando por entre os espaços com o taco de sinuca derrubando os queixos e as bolas nos buracos certos e deixando todos os pistoleiros do recinto alucinados, perguntando “onde eu assino, por uma noite”. Por entre olhares gulosos querendo despir aquele par de pernas, Bob sentira que sua hora estava chegando. Saiu do saloon com seu dever cumprido. Mas nem tudo que brilha é ouro, caminhando a esmo, chegara ao tão esperado momento de se despedir de sua alma e do último Cowboy da noite, o diabo estava já se coçando para que lhe soltasse a corrente e pudesse voltar fazer o mal na Terra. A danação e os prazeres ferviam no solo, havia agora um cheiro de luxuria no ar, era sangue, suor e saliva que escorria por entre as frestas dos saloons. Os quatro cavaleiros do apocalipse cavalgavam rápidos e cada um com seu propósito distinto. Bob, caminhava lentamente ao seu fim, não havia o que pudesse fazer por esse pobre homem, todas as cartas já estava lançadas, nos pokers as fichas não valiam mais para salvar esse pobre apostador que com pouco, perdera sua alma pela figura sinistra, que agora já caminha pelas ruas e becos prazerosos. Bob, sentira que já chegara a hora e a figura sensual enfiara a mão em seu peito e lhe arrancara sua alma deixando apenas um vazio eterno.

II - La Gran Contienda

Dias depois, Bob ainda em casa, tivera um pesadelo daqueles que quem não tem mais nada na vida a perder poderia ter. Viu-se perambulando a esmo por entre corpos e pilhas de luxurias e sangue, afinal, seu desejo era simplesmente uma última noite com a figura sensual que perambulava agora novamente por entre os bares e motéis baratos da região. A sua última garrafa de Jack estava com seu último gole na estante do bar, escondida de todos os olhares, o diabo sabe bem o que é estar aprisionado dentro da garrafa assim como o gênio. Só havia uma forma de libertar Bob desse tormento sem fim, oferecendo essa garrafa e seu gole final, em uma disputa de tiro, daqueles que se veem em filmes de faroeste.

Pois bem, o desafio estava lançado, todos agora poderia ver a tão disputada garrafa e seu conteúdo, não só o último gole mas a alma de Bob aprisionada. Os cowboys já se posicionaram em seus lugares e as apostas foram feitas em nome da morte, em nome das correntes em torno do pescoço do diabo. Todos os seres sinistros caminharam para aquela que seria o confronto final. Bob Johnson sentado na frente do saloon das almas, sacara seu violão e dedilhava notas satânicas e sons que mais se assemelhavam a um apocalipse fúnebre. Os dois pistoleiros agora já com platéia e e suas armas carregadas, um tiro, um tiro só e nada mais e o jogo chegaria ao fim. Armas sacadas e as balas voavam vazio a dentro. Um corpo cai ao chão e é dada a vitória ao mais experiente dos atiradores. Seu prêmio lhe é entregue. Ao abri-lo a alma de Bob saíra de dentro e ainda precisava de seu velho corpo que descansava no cemitério Rosas & Corvos. O vencedor pode enfim tomar o seu último gole de Jack. Bob à meia noite saíra de sua cova todo sujo e com aparência mais velha, apesar do corpo praticamente decomposto conseguira sair do buraco em que se meteu. Caminhando em direção ao motel mais próximo assustara o atendente que não pôde fazer nada. Bob tinha o costume de esconder armas nos motéis que frequentava, caso fosse necessário. Nesse em que estava, havia uma pistola embaixo da cama. Pegara a arma e escondera. Saiu do motel e fora em direção ao saloon. Chegando lá, a figura sensual que ainda conquistara os azarados na vida, vira seu apostador parado em frente a uma das mesas e lhe dissera, “olha se não é o meu afortunado favorito, veio me vender mais uma vez a sua alma”?. Bob sacara a arma e com todos os tiros que cartucho possuía, descarregou no par de pernas e seios fartos. Era sangue pra todos os lados, o rosto da pobre infeliz, agora se deformara com tantos buracos, seu cérebro vazava pra fora, seus seios fartos agora já não encantava os admiradores ao seu redor, foram estripados ainda. Com uma garrafa tomara o último gole de Jack e quebrara para pegar um caco grande de vidro e decepara a cabeça depois de hora. Levara o corpo para fora segurando a cabeça pelos cabelos, fizera um pilha de lenhas e tacara fogo em frente do saloon. Todos os contratos que, os agora desafortunados fizeram, foram cancelados. Bob Johnson não se intimidou com o acontecido e sacara sua viola pra fora do case e se deliciava com as chamas que voavam para o céu. O demônio fora mandado de vez para o inferno, a encruzilhada se tornara uma única rua em direção ao “salão do chefe”, como era conhecido a sala de Bob, novo xerife da cidade.

III - Com cara de bode e uma estrela invertida...

A cidade de Hell’s Goat, vivera seus dias de glória, alguns forasteiros atreviam-se aparecer exigindo coisas e ameaçando as pessoas, mas Bob com suas habilidades de tiro, encerrava todas as atividades desses mercenários. Numa noite, Bob fazendo sua ronda pela região, notara que os animais estavam agitados e fazendo sons estranhos. Conseguira acalmar alguns cavalos laçados em frente aos saloons, até que de longe avistara algo incomum. Olhara e vira um ser com aparência assustadora. Quanto mais se aproximava, mais assustador se parecia aquela figura. Com cara de bode, chifres e um pentagrama no pescoço, roupas de sacerdote dos infernos e uma guitarra nas costas. Chegara perto de Bob e dissera, “você me deve uma alma e vim coleta-la e leva-la para o inferno. Bob deu um passo para trás e dissera que a alma em questão já era dele e não haveria quem a tirasse. O ser com cara da besta apocalíptica, dissera que a alma não era a de Bob, mas a de Lilith. Bob a aprisionara em uma urna escondida no mais profundo da carvoaria que havia no fim da cidade, metros de profundidade, quase dava pra ver o inferno do alto. Mas o ser haveria de destruir a cidade, caso a alma não fosse entregue. Bob se recusava a devolver a alma de Lilith, uma vez que ela causara destruição em sua vida. Esse ser que se apresentara como Azazel, começou sua matança. Entrara em um dos saloon e fizera com que todos bebessem até morrerem, causando uma histeria em massa, pessoas vomitava e entre um copo e outro só viam aquela figura horrenda parada se deliciando com o que acontecia. Bob Johnson solando seus acordes e notas afortunadamente sem parar, era um épico acontecimento, ao som do verdadeiro bluesman. Ao mesmo tempo que vomitavam, as bexigas não aguentavam e se rompiam saindo sangue e bebidas tomadas desesperadamente, até que morressem de vez.

Bob trouxera finalmente a urna com a alma de Lilith, com uma condição: se Azazel topasse uma partida de poker valendo a alma de Lilith. Ele topara imediatamente. Em um saloon onde ninguém havia morrido, sentaram aqueles afortunados para assistirem essa que poderia ser o basta na questão Hell’s Goat e inferno. A mesa de poker estava pronta. cartas dadas e fichas separadas. Bob conhecido como trambiqueiro, por saber manusear as cartas, perdera a chance de tocar no baralho. Uma pessoa fora chamada para dar as cartas. Enfim, o jogo se iniciou, havia muito em questão, vidas poderia ser perdidas se algo não saísse como o combinado. Era flush pra cá e trincas e outras combinações possíveis. Havia no ar um quê de desespero e medo por parte dos que observavam o jogo. Alguns já cavaram sua covas e fizeram suas lápides, já se despediram de seus parentes e amigos, e se preparavam para o último poker de suas vidas. Já dizia Confucio, “ao partir para uma vingança, lembre-se de cavar duas covas”, essa era a frase no ar de todos ali presentes. A cena do que acontecera no saloon ao lado, dominara a mente de Bob, e Azazel sorria enquanto descartava suas cartas e sentira o ar de vitória chegando. Bob, usando de suas últimas possibilidades, fizera um jogo invencível, apostando até sua alma na mesa com contrato assinado e tudo. Azazel, confiante que venceria, mete um all-win e descarta silenciosamente suas cartas e Bob, teve um surto que lhe esfriou a espinha. Olhando as cartas na mesa e vendo sua vida passando diante de seus olhos, lembrara da vez que teve sua alma aprisionada juntamente com o último gole de Jack e todo o tormento tendo o seu corpo ainda deformado por estar enterrado por tanto tempo morto. Mas a sorte lhe trouxe novamente pro jogo e olhara para suas cartas, as fichas na mesa o seu contrato e a urna de Lilith e por último olhara Azazel, e com um olhar destruidor dissera aquelas que seriam as últimas palavras que o ser em questão ouviria: “volta para o inferno”, e jogara as cartas que juntamente com as da mesa, formara aquelas que seriam a sua salvação, um Royal Straight Flush. Azael se sentiu traído e com extrema raiva lançara sobre Bob uma maldição, e lhe retirara seu coração. Levando a urna embora, chegara ao inferno e abrindo-a, não havia nada dentro, pois Bob quando matara Lilith, conjurou um feitiço que a proibisse de sair de Hell’s Goat, mas não poderia mais possuir corpo algum. Bob não poderia mais saciar suas vontades, mesmo assim, limpara a cidade dos seres malignos e voltara a ser o xerife da cidade, ainda deformado e sem coração, olhava para o horizonte na espera de Azazel voltar ou qualquer outro ser satânico reivindicar a alma de Lilith. Mais uma vez o diabo estava na corrente, como um cão do inferno. A garrafa de Jack estava na estante do saloon com a alma de Lilith aprisionada e não havia quem a tirasse de lá. Bob, as vezes caminhava pelas estradas com seu cavalo com o diabo na corrente ao seu lado sentido a Rota agora 666.

Fim, será?

Alfredo José Durante
Enviado por Alfredo José Durante em 22/09/2016
Reeditado em 10/07/2017
Código do texto: T5769139
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