A Morte de Bush (Por Rose de Castro e Athos)

Caía a tarde em um hotel fazenda no Mato Grosso do Sul.

Patrus e Rosa estavam em lua-de-mel. Tinha sido uma longa viagem de São Paulo até Rio Bonito. O ônibus não era lá muito confortável. Entretanto, eles estavam adorando as paisagens proporcionadas pela bela cidade turística.

Patrus dormitava na rede na varanda com um livro sobre a vida de Che Guevara. De repente ouve a sonora e suave voz de Rosa.

- Patrus! Vamos passear pelas trilhas dessa mata, deixa os livros de lado um pouco e vamos respirar o ar puro desse Mato.

- Vamos passear e conversar. Precisamos de silêncio e espairecer. Ok.

O som vindo das matas será a nossa companhia por alguns momentos. Ouviremos o silêncio da natureza, o grito dos grilos, dos sapos, das cutias, enfim da mãe natureza.

- Espero não encontrar um cobra jararaca no nosso caminho! – exclama Rosa.

- Que eu saiba tua mãe não está por aqui... - Patrus era muito brincalhão.

- Para com isso Patrus, minha mãe é boazinha.

- Boazinha...

- Com esse calor, vamos lá à cachoeira. O que vamos conversar? Alguma coisa te preocupa?

Patrus estava agitado, nem o suave barulho da queda d’água o tranqüilizava. A tarde estava calma e o sol brilhava como os olhos de Rosa, tanto quanto a primavera em Rio Bonito. Sentaram-se em uma rocha e começaram, entre carícias, um diálogo, que ambos adoravam. Utopia, transcendência.

- Busco transcender e fazer de minhas utopias, poesias,verdadeiras almas para minha vida. Soltou Rosa a esmo.

- Se não sonharmos como concluir o pensamento? Como pensarmos, como amarmos? Como transformar o mundo, o nosso mundo?

- Os pássaros cantam, está ouvindo Patrus? Ser bela e inteligente não basta num mundo cheio de nãos...

- Rosa! Será que não temos que ser realistas. Viver a realidade crua e viva com suas verdades e mentiras? Alguém disse que as rosas não falam? Quero que continue, Rosa, sou todo ouvido...

Rosa cala-se por instantes. Pensa na Rosa de Hiroshima. Suas pétalas radioativas... Olha para Patrus e como num despertar curioso, pergunta com um olhar calmo.

- Patrus, rosas radioativas falam?

- Falam, mas falam em silêncio. Um silêncio de décadas eternas e mutila inocentes. Uma rosa sem espinhos, uma rosa enfumaçada, uma rosa calada, uma rosa que vem devagarzinho. A conseqüência da rosa de Hiroshima Rosa é a mutilação da humanidade.

- Então sou rosa de sobras radiativas.

- Tu és a radiação que me cativa.

Patrus silenciou. Havia algo no silêncio de Patrus. Rosa era a meiguice em pessoa, era o sonho utópico ao redor do seu longo silêncio. Eram carícias à beira do riacho.

O silêncio permaneceria se não fosse um ruído de alguma coisa caindo com as águas da cachoeira.

- Alguém se jogou na cachoeira. - comentou Patrus.

- Será?

Patrus caminhou até a margem do riacho e observou.

Havia um corpo estirado. Boiando nas águas límpidas da cachoeira. Rosa, abruptamente, interrompeu seus questionamentos e correu para olhar.

Quando Rosa virou o corpo e reconheceu o rosto do cadáver, sua face transformou em pavor e soltou um grito.

- Nãããããoooo! Patrus! Que horror! - virando seu rosto para o lado ao deparar com a face de uma conhecida pessoa.

Patrus abraçou-a. Rosa estava trêmula. Desejou ardentemente voltar para mesma tranqüilidade de seus questionamentos e rebobinar a cena antiga. Estaria fazendo parte de crime? Ainda não, era expectadora inocente da peça.

Num ímpeto, o abraço se desfez e Rosa desceu ribanceira abaixo, transtornada e apavorada com a visão.

- Vamos! Vamos embora, Patrus!

- Não! Rosa, quem é esse homem? Responda-me Rosa?

- Não está vendo amor? Olhe... Está tatuado com marcas de objeto cortante. Vê? Por baixo do sangue... Oh! Patrus!!!!!!!!!!! É o Bush!!!!!!!! Olhe o recado marcado no corpo:

Autor: BIN LADEN.

Rose de Castro

A 'POETA'

Rose de Castro
Enviado por Rose de Castro em 07/08/2007
Código do texto: T597214