A CASA AMARELA

(texto baseado em fatos reais)

Quem ver aquele edifício imponente, nem imagina que antes dele ser construído, ali era uma casinha modesta caiada de amarelo, com portas e janela verde desbotadas. Foi lá que eu vivi a minha primeira infância e onde eu vivi os meus primeiros traumas e pesadelos.

Tudo começou numa véspera de natal eu devia ter uns cincos anos de idade, mas me lembro perfeitamente dos de tudo que aconteceu. Lembro-me que estava eu, meu irmão e minha Irma brincando na cozinha enquanto a nossa mãe batia um bolo para a ceia natalina, quando de repente ouvimos um barulho vindo da sala, era como se a nossa arvore de natal tivesse sido derrubada da mesa. Mas ao chegarmos lá, tudo estava em perfeita ordem. Mal saímos da sala, ouvimos da cozinha as panelas serem arremessadas contra as paredes, e assim como tinha acontecido na sala, tudo estava em seus devidos lugares. Só sei que a partir dali uma sucessão de fatos estranhos começaram a acontecer.

Era comum ver guloseimas flutuando no ar, quando eu ia pegar, elas desapareciam. Soube mais tarde que a minha irmã também via. Objetos desapareciam com freqüência, depois apareciam em outro lugar e aquilo não era nada para o que estava por vir.

Passei a ter pesadelos, acordava freqüentemente com duas mãos geladas apertando o meu pescoço. Um dia, após um desses pesadelos, vi na porta do quarto um cãozinho malhado. Ele me olhava com aqueles olhos de bichinhos de pelúcia, não latia, mas emitia um som entre os dentes, que mais tarde passai a chamá-lo de trofi hum hum, pois era o som que ele emitia. O cãozinho ficou um bom tempo parado me olhando e foi embora. Pela manha procurei por toda casa, mas nenhum sinal de cachorro. E todas as noites ele vinha. Quando ele não me aparecia eu o chamava. Um dia, porém, acordei no meio da noite com as luzes do quarto apagadas, com medo, virei as costas para a porta. O cãozinho apareceu furioso, arranhando as minhas costas com violência. Tentei me levantar, mas algo me pressionava contra a parede, acordei a casa com meus gritos de pavor. Quando acenderam as luzes, impressionantemente não havia nada, nem ninguém. Os dias que se seguiram foram tranqüilos. Numa tarde, enquanto eu dormia, minha mãe me deixou trancada enquanto foi à venda que ficava no outro lado da rua comprar pão para o nosso lanche. Acordei com vozes vindas da cozinha, curiosa fui ver quem eram. Deparei-me com um grupo de seis adultos, dois homens e quatro mulheres vestidos de branco, turbantes na cabeça e colar de contas azuis e brancas. A me ver pararam de conversar, olharam sérios para mim e um deles falou:

- vamos pegá-la.

Corri aos prantos tentei abrir a porta, mas ela estava fechada a chaves. Eles vinham andando lentamente em minha direção. Eu esperneava tentando abrir a porta, quando eles estavam bem próximos a mim, a minha mãe chegou.

Devido a estes fatos, mudamos para outra casa. Felizmente tudo se acalmou. Porém um dia, já adulta, passei por lá, fiquei surpresa ao ver em seu lugar um moderno e belíssimo edifício de seis andares, todo revestido cerâmica e com janelas de vidro fume. Fiquei ali a algum tempo parada lembrando-me da casinha amarela e dos meus traumas infantis, quando de repente vi em uma das janelas uma criança acenar para mim. A criança se baixou, em seguida ergueu um cachorrinho malhado. Por pouco não entrei em pânico. Sai dali imediatamente e até hoje evito passar naquela rua.

jambo
Enviado por jambo em 12/05/2017
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