Iniciando o Pecado

Por sorte conheci Ângela.

Era magra, um pouco alta, loura, seus cabelos caiam sobre seus ombros com leves ondulações, era branca, suas bochechas eram rosadas, seu nariz avermelhado e lábios finos com um tom bem claro.

Era adoravelmente simpática, seu sorriso era bem quadrado, como se fosse uma dentadura. Estava no segundo ano de medicina. Só sabia falar sobre isso.

Falava como o cheiro hospitalar era viciante. Contava curiosidades sobre o corpo humano. Explicava sobre as partes inúteis do corpo.

Era engraçada.

O clima ficou tenso quando começou a falar sobre seu ex. Um cara qualquer. Futuro advogado. Um babaca que queria que ela desistisse da faculdade.

Eu não me importava com nada que ela dizia.

Mas queria me importar. Seus olhos claros, verdes ou azuis. Não lembro. Eram tão bonitos, tinham um brilho. Como se a vida dela até aquele ponto fosse tudo perfeito. Mas não era.

Há alguns meses sua irmã ficará paraplégica num acidente de carro. Algo que me fez sentir mais próximo dela, já que tínhamos isso em comum.

Seu foco na área era descobrir um meio de fazer sua irmã voltar a andar.

Ela tinha fé, mesmo dizendo não acreditar em Deus. Diferente dela, eu tinha uma crença enorme no pai divino. Eu era o escolhido. O filho de Deus.

Minha avó começou a me levar para a igreja após a morte da minha mãe. Dizia que encontraríamos a paz lá. Encontrei a paz alguns anos depois numa missão divina.

Ângela me perguntou sobre meu passado. Inventei uma historia, onde eu tinha uma família perfeita, feliz e viva. Contei coisas engraçadas sobre minha mãe. Contei sobre o arroz que ela queimou uma semana antes.

Tudo mentira. Ângela ria.

A festa já havia começado. A conversa estava tão boa que nem percebemos.

Umas trinta pessoas estavam ali. A casa não era grande, tendo apenas um quarto, sala, cozinha e banheiro. Não era muito confortável, os cômodos eram minúsculos. Mas aconchegantes.

Percebi que Ângela foi conversar com outros amigos. Fico sozinho. Algumas pessoas que passavam por mim, falavam comigo e ofereciam bebidas. Mas recusei. Jamais havia bebido álcool.

Tentam puxar assunto, mas ignoro-as. Vejo os passos de Ângela, observo aquele sorriso saltar de conversa em conversa. Com a mão direita ela coloca uma mexa do cabelo atrás da orelha. Olha-me e sorri. Então some na multidão.

A música esta cada vez mais alta. As luzes coloridas fazem minha visão ficar turva. De repente alguém grita ao pé do meu ouvido.

“Quer ir ao quarto?” – era Ângela, rebolava e bebia uma bebida colorida.

“Fazer o que?” – Pergunto... Atualmente me envergonho disso.

Ela se inclina e me responde com um beijo.

Um beijo de língua, sinto o sabor do álcool, mas não recuo, sinto o calor da sua língua, dança na minha boca.

Beijo termina. Ela sorri.

Agarra minha mão me puxa em direção ao quarto. Minúsculo quarto.

Meu coração estava batendo o mais rápido possível. Ela abre a porta branca e entramos naquele pequeno espaço, com uma cama que tem um abajur na cabeceira, uma arara com diversas roupas espalhadas. Sobre a cama, estava um cara de porte físico bem atlético, junto de uma garota ruiva, totalmente nus.

Ângela faz sinal para que saiam, foi quando notei, que ela era a dona da casa.

Os dois obedecem, sem retrucar. Saem e fecham a porta.

Ângela ri. Começa a dançar.

Sou virgem. Ela sabe disso. Segura minhas mãos e põe sobre em sua barriga. Estava quente.

Ainda segurando minhas mãos, sobe devagar sobre aquele seu corpo macio, fazendo com que eu tire sua camiseta. De sutiã preto ela rebola.

Aquele excesso de informações, misturado com a bagunça que meus hormônios faziam dentro de mim, me deixava meio perdido.

“O que eu faço?” Pensava frequentemente. Mas Ângela me dava às direções.

Soltará o sutiã. Aquele belo par de seios do tamanho de maçãs, me fez vidrar ainda mais naquele corpo. Belas maçãs rosadas. Ela continua controlando minhas mãos. Passa elas sobre as maçãs, meu corpo esquenta. Ela mordisca meu lábio e se entrega num beijo estalado. Um beijo forte, com fogo e paixão.

Ela deita. Olha-me nos olhos.

Como se meu cérebro tivesse recebido instruções através daquele beijo, ele passa a fazer tudo automaticamente. Passo minha língua naquelas belas maçãs rosadas, desço pela sua barriga e abro seu short. Retiro-o e fico olhando para sua calcinha roxa com lacinho preto.

Sem pensar duas vezes retiro toda minha roupa, não me importo em ficar nu. Deito sobre aquela garota de seios rosados, ela esta toda nua agora. Faço os movimentos no quadril como se estivesse programado no meu instinto.

Movimentos repetidos. Corpos quentes.

Sinto suas unhas arranharem minhas costas. Passo a mão em seu rosto. Em seu cabelo. Em seus braços, peitos. Beijo seu pescoço. Ela me agarra com mais força.

Acelero o movimento. Ida e volta sem pausa.

Novamente ela segura minha mão, leva até seu pescoço, o seguro e a beijo. Beijo firme.

Ida e volta. Vai e vem sem pausa.

Ela se contorce de prazer. Suas unhas arranham minhas costas, mais e mais. Suas pernas se contraem. Ela geme. Gemido abafado.

Sinto minhas costas arderem. Seus olhos estão revirados e sua boca aberta.

Gozo.

Então foi quando percebi. Ela estava sufocando. Já havia sufocado, estava morrendo. Suas mãos caem sem força sobre a cama.

Penso em pedir ajuda, mas minha voz não quer sair. Aqueles lábios que me beijavam há pouco tempo atrás estavam arroxeando. Ela não se move. O abajur na cabeceira da cama havia caído por causa do vai e vem.

Entro em pânico. Corro para o banheiro e vomito. Vomito muito. Sento ao lado do vazo e começo a chorar.

“O que houve?”

“O que eu fiz?”

Essas perguntas varriam minha mente. Eu precisava de ajuda. Ninguém me ajudaria. Minha avó ficaria louca. Choraria sem parar.

“Você se tornou como sua mãe.” – Diria ela gritando e tentando furar o cerco policial.

Eu estava sozinho. Ninguém poderia me consolar. Mas no meio daquele choro, tive forças para ficar em pé. Deixo o peso do meu corpo sobre a pia, enquanto me olho no espelho. Vejo meu reflexo. Aparentava ser bem mais jovem. Cabelos bagunçados, nada de barba e olhos inchados. Aquela imagem me faz rir. Estar totalmente em pânico e não ter nenhuma saída, me fazia rir.

Rir era a única coisa que poderia me ajudar.

Penteio o cabelo com um pente que estava ali. Estou mais calmo. Respiro fundo. Mesmo sem entender o que aconteceu. Sorrio para o reflexo e ele me imita.

Volto para o quarto.

Ângela ainda esta lá. Nua e linda. A luz reflete sua pele pálida. Deito-me ao seu lado. Aconchego minha cabeça sobre seu ombro.

“Como isso aconteceu?” – Pergunto a ela.

“Perdoa-me, ok? Foi sem querer” – Tento me redimir com ela.

A cubro para que não sinta frio. O som estava bem alto, poderia atrapalhar seu sono.

Sono profundo.

Sua boca ainda esta aberta, assim como seus olhos, que mesmo revirados são lindos.

“O que eu fiz?”

“o que estou fazendo?”

Minha mente esta tentando me trazer para a realidade. Matei mesmo aquela garota. Sem motivo algum.

Matei por ela ser linda? Não.

Matei por que me apaixonei? Não.

Não havia explicação, apenas duvidas. Coloco minha roupa e a visto também. Desculpa Ângela. Coloco seu corpo no meio das roupas que estão jogadas na arara. E me despeço. Sinto vontade de beija-la, mas minha sanidade ainda falava comigo. Ainda.

Maicon Moura
Enviado por Maicon Moura em 10/08/2017
Reeditado em 18/08/2017
Código do texto: T6080209
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