A Estranha...

Enquanto ele dorme, ela o observa calmamente, sua respiração, como dorme e como relaxa. Já não o vê como antes, parece distante, diferente, já não é o mesmo de antes. Seu semblante, enquanto o observa permanece estável, tranquila, mas sua mente, está devorando aquele momento com absoluto prazer. Poderia desfigurá-lo enquanto delícia um ótimo vinho, ou desmembrá-lo, enquanto a janta não está pronta, ou mesmo esfaqueá-lo, já que esqueceu de agradá-la na noite de núpcias. Estranhos prazeres e estranhos significados, pairam sobre esse tão doce anjo, que possui a mais perturbada das mentes humanas, não soa uma nota perfeita, mas é audível em suas palavras. Poderia matar quem quer que fosse com apenas um belo olhar.

Enquanto ele se mexe a fim de acordar, ela esconde a faca detrás das costas e diz calmamente: "amor o jantar está pronto". Então ele pergunta com um sorriso destruidor: "o que temos pra janta?". Ela por sua vez, se levanta ainda com a faca ainda escondida e diz: "ensopado". Eles sentam à mesa e desfrutam daquele momento à dois. Ele levanta o prato enquanto ela o serve. Ele devolve o prato na mesa e com uma colher saboreia aquele ensopado feito com tanto carinho. Seu semblante muda, quando após a primeira colherada, diz que estaria faltando sal. Ela o escuta com atenção e diz em sua mente com um sorriso mórbido em seu rosto: "dessa vez, tentarei não fazer tanta sujeira"...

Alfredo José Durante
Enviado por Alfredo José Durante em 26/09/2017
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