Simplesmente

Entenda.

Acontece sempre das pessoas acreditarem que sabem de tudo, mas na real, não sabem de nada.

Isso faz a sociedade ser tão entediante, seria mais fácil se aceitassem que são pessoas ignorantes e começassem a aprender.

A única certeza que tem, é que vão morrer, mas mesmo assim ainda

insistem em complicar.

Era muito tarde, horário que as pessoas saem das baladas, bêbados vomitando, nas calçadas, casais de uma noite tomam táxis, para onde vão, ou como serão as suas manhãs, ninguém sabe, mas acredito que será chato.

Bocejo.

São cinco da manhã, ela sorri para alguém e continua dançando, está fora do ritmo, mas continua dançando, balança a cabeça,

rebola, mexe os braços, bebe um pouco do drink em sua mão, evita o máximo derrama-lo, faz parte da geração que endeusa as bebidas alcoólicas.

Imbecis.

Atrás dela estão seus amigos, debruçados no balcão do bar, cheirando uma carreira de cocaína. Outra imbecilidade.

Ela começa a dançar em direção ao estranho. Sorri. Usa aparelho, isso faz com que pareça mais nova, seu cabelo loiro bagunçado, suas roupas são básicas. Calça preta e camisa preta, usa um belo salto alto vermelho, para combinar com a bolsa da mesma cor.

Dança, Dança e Dança.

O estranho finge ignora-la, é uma ótima tática, ela continua indo em sua direção, ela sorri mais uma vez, mas ele não sorri

de volta, a música está alta, as luzes atrapalham a visão.

Então ela chega.

Começa a gritar no ouvido do estranho. Eles têm uma conversa rápida.

E então estão fora da balada.

Há silêncio enquanto caminham para o carro dela, ela está meio

bêbada, tropeça. Ela ri. Ele a segura.

O silêncio retorna.

Entram no carro, ela o beija se abraçam, camisas são desabotoadas, ela retira o salto, é um belo salto.

Não demora muito, ela não está mais ali, mas seu corpo está, a alça da bolsa está enrolada em seu pescoço, o clichê do

enforcamento, eu estava meio bêbado acabei ficando sem ideias, precisava de um café.

Não havia sangue, era uma cena feia, a morte no banco de trás daquele carro não me agrada, pouco espaço, e uma morte rápida, uma garota simples, sem camisa e descalça, com os lábios roxos.

Aquilo não me fascinava, aquela garota era tão vazia que não dava para sentir a morte ali.

Nunca mais matei dentro de um carro.