Insônia

Era tarde da noite ainda, quando ela tentava afastar todos os pensamentos de sua mente... Havia tempo que não conseguia mais dormir.

E em meio a tanto alvoroço em sua mente, algo a assustou, tirando-a de um certo transe: um barulho quase imperceptível a chamou a atenção -era um som forçado, que a incomodava...-. Foi então que, praticamente sem pensar, levantou-se de sua cama rendada, que antigamente a levava para tão bons sonhos, afagou seu cachorro que, mesmo sendo um pouco grande, dormia a seus pés e, seu pelo longo, a fez sentir uma sensação que a agradava...

Saiu de seu quarto morno, - como estava tudo tão escuro!- Levou a mão, então, ao gélido interruptor; em vão... Não havia luz. Desceu, então, as escadas, que rangiam a cada passo... O barulho não cessava...

Foi estranho então, quando seu coração foi à boca por um momento; sentiu sua pele latejar, sua boca formigar...

Viu, talvez, uma sombra. Pensou se não poderia ser apenas sua mente que a perturbava...

Foi quando sentiu uma respiração ofegante ao seu ouvido, virou, mas não podia ver nada.

Algo a tocou no rosto, o medo a possuiu até o momento que não pode mais agüentar o peso de seus ossos, a densidade de seus pensamentos... Estava sentindo uma dor lancinante em seu peito... Mas era algo diferente, algo que mesclava o físico ao que estava sentindo na alma...

Era um frígido metal que a atravessava, rompendo suas palavras, engolindo os sentimentos e arrancava o único dom que realmente a fascinava...

A vida.