EU SEI O QUE VOCE FEZ- fim

Após investigar os arredores sem resultado nenhum, Sarah avistou ao longe uma capela com um sino na torre. A tentativa era válida. Foi até lá e bateu na porta da casa canônica onde o padre morava, sendo atendida pela faxineira.

— O reverendo não está, foi atender um funeral.

— Eu só queria permissão para tirar algumas fotos da vista da cidade, do alto da torre.

— Está certo, vou lhe dar as chaves da porta.

Ela subiu a escada e entrou na torre. No lugar haviam cordas para puxar e bater o sino. Retirou o binóculos da bolsa e focalizou sua casa. Podia se ver uma parte do jardim e a janela do quarto. Então o padre era o Stalker, o autor das cartas! Ela havia conseguido descobrir o patife, que a ameaçava.

Se ouviram passos na escada, o reverendo entrou na torre gentil e atencioso.

— Bela vista da cidade, não é mesmo?

— Sim, maravilhosa. Ela pensava empurrar ele lá para baixo, fazendo parecer um acidente, por perda de equilíbrio. Mas na rua passeavam algumas pessoas, poderia ser vista. Era melhor aguardar uma melhor oportunidade.

Ela se retirou agradecendo, sem demostrar sua suspeita. Precisava pensar numa ocasião apropriada, para eliminar aquele padre intrometido.

No domingo Sarah foi tomar parte da santa missa dominical. Ela aguardou até a missa terminar e todos os fiéis irem embora, para se dirigir ao reverendo.

— Padre eu quero prestar o sacramento da confissão.

— Claro, estou a sua disposição minha senhora. Ele entrou na estande do confessionário com a Bíblia e fechou a cortina da pequena janela.

— O senhor como santidade tem o voto do sigilo da confissão, não é mesmo?

— Sim, não existe nada que Deus não possa perdoar filha. Abra seu coração, confesse seus pecados, tudo ficará apenas entre nós.

— Padre eu sou uma assassina, matei dois assaltantes na minha casa, ocultei os cadáveres no matagal. Não posso contar para a polícia pois serei presa e perderei a guarda do meu filho pequeno. Isso não é tudo, estou sendo perseguida por um Stalker, alguém viu o que eu fiz e anda me enviando cartas anônimas.

Houve um silêncio do outro lado da cabine. O padre olhava com os olhos arregalados, o cano do revólver apontado para ele, através da cortina.

— Eu sei que é voce o autor das cartas, seu padreco maldito, servo de Satanás, irei matá-lo por isso.

— Voce está na casa de Deus, Ele irá castigá-la por mais esse crime.

— Eu não conheço seu Deus e não tenho nada a temer dele.

Nisso se escutaram batidas na porta, a faxineira pedia para entrar.

— Voce está com sorte, mas da próxima vez irei matá-lo seu Stalker do diabo. Sarah guardou o revólver na bolsa e saíu para fora da capela, deixando a porta aberta para a faxineira entrar.

Dois dias depois ela procurou um renomado advogado criminalista. Depois de contar sua história, se apresentaram juntos no distrito policial. O delegado registrou sua confissão, enviou o caso para o juiz da comarca, deixando ela em prisão domiciliar para tomar conta da criança.

No dia da audiência, o juiz assinou o veredicto aceitando a legítima defesa, alegada pelo advogado, do assassinato dos assaltantes. Pela ocultação de cadáver, decretou uma multa em dinheiro e 600 horas de trabalho social numa creche infantil.

Sarah estava livre de sua culpa, as cartas do EU SEI O QUE VOCE FEZ, haviam cessado. Finalmente ela podia recuperar sua paz e continuar sua vida normalmente. É importante nunca facilitar, se precaver e proteger a casa contra assaltos, para não se tornar assassino, executando ladrões, evitando complicações futuras. Ocultar a verdade pode se tornar uma cruz. É válido o antigo ditado, "Se prevenir é melhor do que remediar."

FIM

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NACHTIGALL
Enviado por NACHTIGALL em 23/05/2021
Reeditado em 23/05/2021
Código do texto: T7262122
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