O Que Saiu da Toca

Numa casa perdida nas memórias de alguém, existia uma pessoa que vivia sempre em seu quarto, não que ele não quisesse sair, más sim que para ele não havia outro mundo. Seus dias eram todos iguais como a paisagem que o envolvia, e todos os dias ele recebia comida e uma pessoa estranha ia limpar o local...

Lá tinha um banheiro e um quarto apenas, alguns livros, do qual apenas havia figuras, naquelas figuras mostravam lugares que ele pensava não existir. Com coisas que ele jamais viu e jamais irá ver. Logo, não dava muita atenção.

E fora assim por longos quinze anos de sua consciência, e assim fora.

De vez em quando se escutava passos do outro lado da porta, mas as vezes em que ele tentou sair levou choques extremamente fortes. Que o fizeram desmaiar. Logo ele nunca mais resolveu passar pela porta.

Por um buraco na parede tinha uma coisa luminosa que saia do outro lado, algo mágico, que saia daquela fresta e parava iluminando uma parte ínfima do chão do quarto, era um raio de luz, e ele não sabia.

As pessoas são curiosas sabe? E isso era uma novidade que não o machucava, logo ele passava dias entretido na novidade que aparecerá em seu mundo, ficava viajando na poeira que brilhava no raio de luz e no calor que ele produzia. O Buraco, fora aumentando, e com o passar do tempo, maior ficava o fio, ao ponto dele ter formado uma cicatriz na parede, mostrando o local de fora... Um pedaço pequeno ainda, mas se via apenas uma fresta.

Ele tentou olhar pela primeira vez, mas ficou quase cego, tentou então aos poucos e logo sua visão se acostumou com a luz. Lá, ele viu um local com cores fortes que jamais virá, brilhava e queimava, mas mesmo assim era a coisa mais bela que ele já tinha visto. Isto tornou-se uma obsessão, aquilo era para ele, algo que jamais alguma pessoa poderia compreender. Aquilo mostrava algo que havia, não se sabia se era depois da porta ou se ele tinha de quebrar a parede.

O buraco ia aumentando com o tempo e logo ele já sentia um pouco do cheiro de água e capim molhado, terra também. Isso o enlouquecera, não de maneira negativa, mas sim aquela loucura das mentes apaixonadas, pelo que for, porêm apaixonadas.

Ele tentou cavar, mas o buraco não aumentava mais por causa de barras de um material mais duro, mas aquela figura triste passava dias e dias olhando para aquela fresta. Até que um dia, era dia da limpeza, más ele tinha aprendido a patir de golpes e machucados que jamais poderia aparecer ou se mostrar para aquela figura. Mas você sabe como são a mente dos obsessivos, e nisso, passará nele, em mente uma fuga, e disso ele passará correndo por aquele ser.

Era um corredor que para muitos seria uma simples casa, mas para ele era algo tão complexo que ele ficou fascinado, mas ele tinha de correr, suas pernas doíam e ele sentia frio pelo vento que passava, ele viu a luz de uma janela e dela pulou sem se importar com o vidro.

Quando ele caiu do outro lado ele viu o céu, o sol, as nuvens e tanta coisa que ele mal sabia por onde começar... A ver, sentir... Mas isso demorou pouco, porque em instantes se deu conta de gritos e berros de pessoas, algo que para ele não sabia bem do que se tratava, olhando para ele com o braço e o dedo estendido para ele. Ele percebeu que aquelas coisas tinham as mesmas coisas que ele: Membros, cabeça, boca, olhos e pelos.

Mas aquilo variava enormemente, cada um tinha suas singularidades e cores diferentes, apesar de que as mãos e cabeça não variarem tanto assim...

Em meio á quatro dessas coisas, sendo duas pequenas, que gritavam desesperadamente deixando ele confundido, veio um mais altivo, com uma postura agressiva... Fazendo um som que ele sabia produzir, só que este tinha algum tipo de quebras e variação. Este homem estava segurando um pedaço de alguma coisa, semelhante ao suporte de seus livros, e nisso o golpeou varias vezes como nos castigos por passar da porta, ou ser agressivo com o ser da limpeza, mas dessa vez foram tão fortes as pancadas que ele não conseguia se mover, sentindo uma imensa dor.

As pessoas ficaram aliviadas e contornaram ele, olhando- o e ele as olhava. E olhava o céu... Até que fora ficando fraco, até sentir uma umidade nas costas, até o céu escurecer, ver-se pontos luminosos, sua vida, e por fim... Nem mais sentia dor...