O perdão que não me pediste

Naquela noite tinha ido ao casarão para a ver, mas…

Eram 17 horas quando ela levou Gilberto (meu melhor amigo) a uma visita detalhada ao nosso ninho do amor (numa casa, verde, abandonada de 2 andares, uma cave que mais parecia um quarto reservado para nós). Lá eles fizeram o que só eu e ela devíamos fazer. Eles exploram as suas mentes durante quase 2 horas e meia, do mesmo jeito que nós fazíamos. Nós conversávamos o máximo que podíamos e só depois é que nos amávamos loucamente e como se fosse a primeira vez mas, haviam vezes em que fazíamos o oposto. Mas era regra básica que só o fazíamos depois de escurecer por completo e a luz de velas, Mariana, a minha namorada, gostava assim e eu não via mal nenhum nisso.

Ao entrar no casarão me recordei que Mariana tinha dito não poder me encontrar lá porque ia passar a noite com a sua amiga Júlia na casa dela mas, mesmo assim continuei, com o intuito de explorar outros cantos da casa (para que o nosso ninho não se reduzisse à cave).

Não sei dizer qual foi a sensação que tive, deve ter sido um misto de desilusão, impotência… não, pareceu mais um vazio – meu melhor amigo e minha namorada faziam sexo, no sentido mais frio da palavra, e eu não consegui reagir ao ver aquilo. Fiquei ali parado por alguns minutos, ate que silenciosamente, do mesmo modo que entrei, sai.

Ao chegar à porta ouvi uma buzina que me puxou a visão à estrada, e sem pensar, corri ate lá empurrei Alfredo, irmão de Gilberto, com tanta força que consegui evitar que fosse atropelado e, em seu lugar eu sofri o atropelamento.

Acordei no hospital com a Mariana junto a minha cama tão atrapalhada que achei assim estava por mim ate olhar para o lado oposto da cama e ver lá parado Gilberto. Pedi à ambos, levantando as minhas para pusessem as deles em cima, pus sobre a minha barriga primeiro a mão dela e por cima a dele e disse bem baixo: “cuidem um do outro e sejam felizes!”

Medico!!! - Gritou a Mariana. O meu coração parou de bater naquele momento.

Eu morri junto das pessoas que mais importavam para mim, pensando que se eles não conseguiram fazer-me feliz, talvez fizessem feliz um ao outro!

Eu morri! Morri! Morri! Eu morri e deixei de acreditar no afecto!

A vida é feita de coisas práticas e não de amores!

Eu morri com um punhal no peito e outro nas costas!