O que é ser mãe?

O QUE É SER MÃE?

Voltou-se para a filha e, com enorme surpresa, exclamou:

- Mas como? Deverias estar nas Bahamas. É tua lua-de-mel tão sonhada!

- Eu sei, perdi tempo com coisas sem importância: festa, vestido; damas de honra, o escambau! E esqueci de olhar nos olhos de quem pensava amar. Um descarado, ditadorzinho sem vergonha!

- E descobriste tal fato em tão poucos dias?

- Claro, pensei que me amava e, por fim era só: “Deixaste roupas no chão. O box ficou molhado. Porque ficas tanto tempo diante do espelho? Porque comprou tanta coisa? Pensa que eu sou rico?” E por aí afora, não agüentei, até me xingou porque tomei a última cerveja do freezer! Porque não pediu para repor? Ora, não me ensinaste que os homens é que devem falar com os criados dos hotéis? Papai sempre fazia assim!

Os olhos da mãe ficaram distantes enquanto guardava silêncio. Onde ouvira que sua filha estava despreparada para a vida, para ganhar o próprio sustento, uma princesa, como ela mesma chamava e agora, como consertar uma vida de erros? Como se comunicar com aquela figura ensandecida a sua frente? Como mudar toda uma perperstiva errônea que ela agora lhe transmitia O que poderia fazer com tanta ignorância que nunca percebera antes?

Ficou por longos momentos junto á janela, observando o trabalho do jardineiro que preparava o jardim para o inverno: uma poda aqui, outra acolá, sem pressa para o serviço ficar bem feito, como dizia. A cena lhe fez bem e o semblante serenou quando se voltou para a filha que continuava com a mesma arenga:

- Pois casaram e agora para esta casa não voltas mais. Nem vou te dar dinheiro para continuares sem aprender o que significa uma união, como partilhar uma vida com alguém. Errei muito em tua educação, mas nunca é tarde para começar. vejo agora como fui omissa! Tive medo de te perder, como o teu pai que desapareceu. Mas nunca é tade para recomeçar. Volta, pede desculpas e reza para que ele te aceite de volta!

- Que? Não acredito no que estou ouvindo, minha própria mãe!

- É, acho que agora comecei a ser tua mãe de verdade.

A jovem foi para o seu quarto e, ao fechar a porta do apartamento, segurava uma bolsa bem cheia sob o braço. Sorria, com a cabeça voltada para o lado, como era seu costume. Trazia na mão esquerda um rolo de corda que esquecera de colocar no devido lugar.

Marluiza
Enviado por Marluiza em 18/11/2007
Reeditado em 23/11/2007
Código do texto: T742309