A TERAPIA DE UMA ASSASSINA

(A VIDA DE UMA ASSASSINA, cap 2)

Passava-se alguns meses depois que aquela menina já não podia mais contar com a presença de sua melhor amiga, era de certa forma uma ausência sentida, não tinha tantas idéias de como acabar suas estórias com aquelas “sofridas” bonecas. Ela já começava a ter uma sede particular novamente, pensava em sua necessidade até que seus pensamentos foram tremendamente interrompidos pelas inesperadas palavras de sua mãe que dizia:

— Ana Amélia, você vai começar uma terapia — Surpresa, aquela “doce” criança respondeu:

—Terapia? Porque mamãe?

—Você perdeu uma amiguinha sua, vai precisar—Dizia aquela senhora que sabia muito bem porque estava fazendo aquilo.

—Tá certo então mamãe, não acho que seja necessário, mas se a Sra. insiste...

Depois disso aquela senhora pensava consigo:

— Será? Não é possível, mas é bom prevenir!

Os dias se passaram e finalmente Ana Amélia começava sua terapia, sempre falava muito pouco , mas respondia tudo que lhe perguntavam, meio sem saber direito a finalidade daquilo tudo.

Alguns meses depois sua mãe atendia o telefone, fazia uma expressão carregada de tensão, ao mesmo tempo que sua única filha lhe observava aparentando não estar entendendo nada.

— A Dra. Sofia, sofreu um sério acidente, seu motorista particular que estava na direção, perdeu o controle do carro e bateu de frente em um caminhão. —Contava Dona Sônia à sua pequena filha.

—Como mamãe? Que horrível, que triste! —então algumas lágrimas escorriam por aquele rostinho, mas ali dentro a razão delas caírem era mais uma estranha emoção por ter obtido êxito em algo que havia planejado.

Aquela menina lembrava de todos os seu movimentos um pouco mais cedo, logo depois que saía de sua terapia:

—Pronto Dra já posso ir? —Dizia com aquela voz doce como de costume.

—Pode minha filha, o dia de hoje foi muito conclusivo.

Então naquele momento ela tirava aquele vidrinho minúsculo de seu bolso, e desfazia-se num imenso sorriso, levava consigo uma ansiedade que seria normal se causada pela sensação de abrir um presente de natal, por exemplo.

Como ela pensava, e tinha observado bem, o motorista da Dra. Sônia estava ali tomando uma cervejinha, mas sempre se levantava antes de terminá-la, deixando seu copo por uns instantes para comprar o cigarro que sempre fumava enquanto levava sua patroa. Era engraçado que como era um sujeito muito esquecido, só lembrava-se do cigarro quando estava bebendo, então prontamente ia comprá-lo e assim sempre foi, nunca tinha tido nenhum problema com isso, não pelo menos até aquele dia. Mal sabia ele que aquele tempinho foi mais que o necessário para uma linda menina se aproximar e deixar cair algumas gotinhas de seu querido vidrinho. Em seu conteúdo Ana Amélia tinha posto um alucinógeno que só faz efeito depois de alguns minutos e é absorvido pelo corpo sem deixar quase nenhum vestígio.

Como uma menina tão pequena sabia daquilo tudo? Seu gosto pela química começou cedo desde que viu o primeiro vidro com um embrião humano na sua frente, deixou na ocasião sua mãe atônita a procurando por um bom tempo, quando tinha se metido em um laboratório que havia sido deixado aberto por engano no colégio que sua mãe pensava em lhe matricular. Em seguida a isso, ela, assim que aprendeu a ler, devorava tudo que era livro sobre o assunto nas bibliotecas que visitava. Todos que a viam com aqueles livros sempre costumavam pensar que ela gostava das figuras contidas neles, mas mal sabiam que ela já entendia grande parte do que eles traziam de informação.

Havia conseguido o conteúdo do vidro já algum tempo, sabia que poderia precisar usá-lo no futuro, na verdade precisou combinar algumas substâncias, todas não tão difíceis de manusear, nem de se conseguir.

Voltando ao dia seguinte ao último dia de vida de sua terapeuta, sua mãe pensava sozinha:

—Não tem como ter sido ela, encontraram apenas álcool no corpo do tal motorista, todo mundo dizia que ele bebia um pouco antes de levá-la, mas de certa forma nunca acontecia nada, hum, devo afastar essas suspeitas. —Em seguida ela abria um álbum com algumas fotos no mínimo estranhas, afinal nele havia fotos de várias pessoas que não tinha ligação nenhuma entre elas.

E então um pouco longe dali podia-se novamente ver aquela cena: uma pequena menina rabiscando “ingenuamente” um número na areia do mar, parecia agora um 2.

Frank Santos
Enviado por Frank Santos em 15/01/2008
Reeditado em 15/01/2008
Código do texto: T818116