Fim nos Ratos...

Na beira do Rio Grande, divisa dos Estados de Minas e São Paulo, se ergueram vários ranchos de pesca.

A maioria é de pessoas que não moram nos ranchos, mas sim os frequentam apenas nos finais de semana, seja para pescaria, seja para um lazer a beira-rio.

Aproveitando-se desse fato, surgiram alguns ladrões, que andavam de canoa pelo rio, furtando tudo o que podiam carregar dos ranchos, como botijões de gás, T.Vs, motores de popa, canoas, jet-skis, equipamentos de pesca, e pasmem, até antenas parabólicas já foram levadas de canoa pelos meliantes. Houve também uma ocasião em que surpreenderam o caseiro de um dos ranchos e o deixaram desacordado de tanto baterem para poderem roubar. Devido ao seu grande potencial de entrar e sair, na surdina, sem serem vistos, nem identificados por nenhuma vítima, foram apelidados Ratos do Rio.

Um senhor aposentado, coronel do exército reformado, comprou um desses ranchos de pescaria, e por duas vezes, foi vítima dos Ratos de Rio, mas o que o deixou mais "puto", foi que da última vez, arrombaram dois cadeados de um quartinho e levaram sua carabina 44, edição comemorativa da Revolução Farroupilha, uma arma de colecionador e de alto valor econômico.

No dia seguinte ao furto, o velho coronel, colocou seu chapéu, seu alforje e pegou sua espingarda Calibre 12, de repetição, e foi até a casa de um vizinho, também vítima dos meliantes.

_ Boa tarde vizinho, vim aqui te convidar para caçar amanhã à noite...

O vizinho respondeu:

_Não vai dar coronel, roubaram toda a minha "traia" de caça, os Ratos de Rio estão impossíveis.

O coronel respondeu, meio irônico:

_Por isso mesmo, vim te chamar para caçar Ratos!!! E jogou uma outra espingarda nas mãos do vizinho e um monte de cartuchos carregados com técnica militar.

Os dois saíram no velho Jipe Willis do coronel e foram até outro vizinho, que também havia sido vítima dos Ratos de Rio e fizeram a mesma proposta, e este ultimo, seria o pirangueiro, ou seja, o piloto do barco.

Todos fecharam seus ranchos, como se lá não estivessem, saíram de canoa ainda durante o dia, deixando alguns remos e botijões de gás à mostra, como isca para os Ratos de Rio.

Os caçadores se posicionaram próximo a uma figueira, que fazia uma sombra escura dentro da água e esperaram pacientes...

Não deu outra, passava da uma da manhã e então, chegou uma canoa de 6 metros, com 3 pessoas, que passaram uma vez e iluminaram o rancho com uma potente lanterna, depois de se certificaram que não tinha ninguém lá, começaram a furtar os objetos deixados como isca.

Posteriormente, carregaram a canoa com os produtos, e saíram bebendo cachaça e cantando na canoa...a lua estava clara, e, de repente os malacos escutaram a canoa dos caçadores chegar. Um dos bandidos ainda tentou sacar o revólver, porém o coronel, esperto como uma raposa, jogou o foco da lanterna na cara do malandro e o acertou na cabeça, que foi decepada, devido à forte carga do cartucho que o coronel tinha preparado. Os outros dois levantaram as mãos se rendendo, porém, o outro vizinho disse ser tarde e executou os dois, de forma semelhante.

Para não deixar pistas, o coronel pegou sua faca bowie, afiada como uma navalha, e abriu a barriga dos ladrões, um por um, retirando os intestinos e colocando uma pesada pedra dentro de cada um, soltando-os no lugar mais fundo do rio; esta técnica militar faz com que os corpos nunca boiem e se decomponham no fundo, sem chance de serem encontrados.

Os caçadores então, puxaram a canoa para um local bem distante do ponto em que ocorreu toda a ação e, com alguns tiros no casco, fizeram-na afundar, aniquilando para sempre qualquer vestígio ou prova da realização de justiça feita com as próprias mãos.

E esta foi a breve história e o violento fim dos Ratos do Rio.

Fim.

Rodrigo Soares Borghetti (Borgha)

BORGHA
Enviado por BORGHA em 14/04/2008
Reeditado em 17/04/2008
Código do texto: T945296
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