Boneca - A Estranha

MUITAS FELICIDADES, MUITOS ANOS DE VIDA...

E no meio daqueles montes de presentes que minha irmã ganhou, estava uma boneca, rosadinha, de uns 40 cms, com roupinha de nenenzinho, tocava-se no peitinho dela e a mesma soltava uma vozinha robótica de chorinho de nenem, bastava colocar um bico em sua boquinha plastica e o chororo parava num instante, os olhinhos pintados de azuis arregalados, quando se olhava fixo, parecia estar olhando diretamente dentro dos teus olhos, querendo dizer algo, como aqueles quadros em que vc vai andando e os olhos parecem estar grudados em vc, pois é, foi assim que aquela boneca dos infernos apareceu lá em casa...

Morria de medo daquela boneca, era o xodó da minha irmã, certo dia entrei no quarto dela para pegar algo que não me vem a memória agora, só sei que fui pegar algo no quarto dela e estava sozinho em casa, quando entrei no quarto dela, me deparei com a boneca sentada na cama de minha irmã em volta com algumas almofadas, me correu um arrepio na espinha vendo aquela imitação de bebe olhando pra mim, de imediato, peguei uma almofada mais perto naquela hora e joguei em cima da boneca, sai rápido e fui para o meu quarto.

Fiquei com aquela imagem na cabeça, daquela boneca olhando para mim, estava no computador, sozinho lá em casa, me levantei da cadeira e fui novamente conferir a boneca no quarto de minha irmã, quando abri a porta ela estava caida de lado por causa da almofadada que lhe dei, mas seus olhinhos fixos em mim, novamente me arrepiei, já pensou se aquela merda daquela boneca vira a cabecinha e fala algo comigo? acho que morreria ali mesmo, paranóia pura, fechei a porta do quarto de minha irmã e voltei para o meu quarto, notei que já era uma da manhã, tava sem sono, continuei no computador.

Sozinho no meu quarto e na casa, ouvi um barulho de algo caindo, um som oco, não tinha menor idéia do que era, meu coração tava quase pulando do peito, arrepiado dos pés a cabeça, levantei mais que rápido da cadeira com um só golpe pulei e tranquei a porta do meu quarto, sei que nas portas tem só dois giros, mas se tivesse cinco eu daria, me tranquei no quarto, pulei para minha cama, me enfiei debaixo das cobertas, não tive coragem de desligar o computador, fiquei ali, na cama, encolhido e pensando naquela pavorosa boneca.

Pac pac pac...Ouço passinhos no corredor da casa, olho pelas frestas embaixo da porta, vejo vultos indo e vindo, pac pac pac...mais passinhos, derepente para por uns dois minutos...

toc toc toc batidas fracas na porta do meu quarto, tava tremendo, suando frio, minha voz tinha sumido, não aguentava soltar um grito, dominado pelo pavor de pensar naquela boneca, parada no corredor pelo lado de fora do meu quarto...

O toc toc na minha porta durou uns dez minutos, eu já tava tendo um ataque cardiaco, passei a noite em claro, quando o dia começava a clarear criei coragem, peguei um banquinho de madeira que tava no meu quarto, fui caminhando lentamente até o quarto de minha irmã, que tinha chegado de uma festa com meus pais, abraçadinha com a boneca esquisita, no qual puxei lentamente, para não acordar minha irmã.

vou para o quintal, faço uma fogueira, jogo a boneca estranha no meio do fogo, vejo-a queimar até o final, nisso minha familia já havia acordado e estava tomando café, me sentei a mesa e meu pai pergunta:

- Por quê ontem a note vc não deu agua tua irmã?