Debaixo da Cama - Conto Macabro

- Vc viu o filho da Dona Maristela?

- Vi minina, que coisa horrorosa, nascer daquele jeito, num tenho coragem nem de falar.

- É mesmo, já vi bebe nascer de tudo quanto é jeito, mas duas cabecinhas num corpinho pequenininho daqueles, coitado, nasceu antes da ora né, da pra contar até os ossinhos dele.

E foi assim, nescera o bebe de Dona Maristela, bebe siamês, além do problema de nascer com duas cabecinhas, era também prematuro, veio ao mundo com apenas seis meses de gestação. Uma das cabecinhas parecia perfeita, mas a outra parecia brotar do pescoço da criança, como se estivesse querendo pular para fora do corpinho.

Apesar do "problema" fora recebido na casa de Dona Maristela pelos familiares com muito amor e carinho, ao olharem para criança via-se caras estranhas, mas nenhum deboche, só mesmo espanto, pois nesta cidade pequena de Jenipapo de Minas, mais ou menos quatro mil habitantes, era espantoso para todos, alguns vizinhos sussurravam que era coisa do demônio, outros cochichavam que era praga, mas Dona Maristela sem saber do que o povo falava iria criar seu filho normalmente. Porém naquela casa onde aquela criança entrara morava Luiz Otavio, de dezesseis anos, e expressava para todos abertamente, que não moraria debaixo do mesmo teto que aquela aberração.

O pai de Luiz Otavio deu-lhe uma surra tão grande, daquela de deixar marcas de vergão e lhe pos de castigo no quarto.

Cenário montado, Luiz Otavio saira do castigo e teria que conviver com aquela criança quer queira ou não.

Passara uns três meses e a criança já estava com nove meses, um tanto quanto ainda fragil e precisando de cuidados especiais.

Certo dia os pais de Luiz Otavio tiveram que sair as pressas, e deixaram ele cuidando da criança por cerca de 2 horas, neste meio tempo em que Luiz Otavio ficou sozinho com a criança, respirou profundamente, buscando coragem, foi até o berço da criança, chegando pe-ante-pé rente ao berço da criança, chega até o véu que cobria seu bercinho e balbucia para si mesmo.

"Criança horrorosa, nunca vc vai ser nada meu, todos gozam de mim na rua por sua causa, por quê não faz um favor para todos desta familia, morra, assim voltaremos a tranquilidade que tinhamos antes"

Luiz Otavio sai do quarto, dá as costas ao bebê, suas palavras foram tão fortes, o mau agouro foi tão pesado, que por um problema de saúde que ja era do bebê, o mesmo faleceu dois dias depois.

No enterro todos chorando em volta ao cachaozinho branco do bebê, e ao lado Luiz Otavio de óculos escuros e pensativo, com ar de soberbo: "Minhas preces foram atendidas, já vai tarde, pelo menos agora não vou mais ter que ver esta sua carinha horrorosa".

Terminado o enterro, todos foram tristes para suas casas.

Chegando em casa, Dona Maristela arrasada pela perda de seu filho, mesmo com os problemas que tinha mas seu filho. Luiz Otavio dá um abraço falso na mãe, despede-se de todos e se recolhe ao seu quarto.

Todos se reunem novamente mais a noitinha para o jantar, fazem as preces, lembram do bebê, jantam, a mãe conta uma história na mesa de jantar bem curta que, se vc quiser ver alguém que estiver pensando na hora e já morreu, basta se deitar em sua cama, apagar as luzes e olhar três vezes seguidas embaixo da cama, ou seja, olhe uma vez, deite de novo, olhe outra vez, deite de novo e na terceira vez a pessoa falecida que vc esta pensando estará lá. Luiz Otavio ouvira aquela história, despedira de todos e foi dormir.

A noite sozinho em seu quarto, no escuro, Luiz Otavio a pensar: "Que história mais ridicula que a mãe contou, vê se pode, pensar numa pessoa morta, olhar três vezes debaixo da cama e a pessoa aparecer? Eu vou é dormir que tiro mais lucro."

Trinta minutos depois lá pelas duas e meia da manhã...

Luiz Otavio se vira, olha embaixo da cama uma vez e se deita novamente;

Luiz Otavio se vira, olha embaixo da cama pela segunda vez e se deita novamente;

Luiz Otavio se vira, olha embaixo da cama pela terceira vez....

Quer saber o fim da história, faça o teste vc mesmo, pense em alguém que morreu, pode ser esta criança da história, olhe três vezes debaixo de sua cama e depois me passe uma mensagem contando.

Conheci esta história quando visitei a pequena cidade de Jenipapo de Minas - MG, não tive coragem de fazer o teste, se vc fizer me conta.