Acerto de contas final...

Lute! Vamos sua vadia!! Sabe derrotar seus fracos escolhidos e a mim não? Como assim? Ande saia do lugar... Mexa-se, sua cadela maldita.

Sangue por todos os lados, na sala um corpo caído ao chão, implorando para que aquela tortura parasse. Aqueles gritos, aqueles golpes, no escuro apenas uma luz vermelha. Charlise mal se agüentava em pé. Os golpes a tinha ferido brutalmente e ela nem conseguia enxergar quem era por trás dos véus vermelhos.

De repente um clarão...

Nêmesis!!!

Soou quase como um gemido da boca sangrenta de Charlise.

- Finalmente me reconhecestes Charlise... Sempre achei que eras fracas demais...

- O que quer de mim Nêmesis? Já paguei minha dívida com você!! Depois de me salvar no rio, há tanto tempo...

- Minha querida, quanto ressentimento, sabia que você ia fraquejar, a qualquer momento!! Sua fraca e inútil?? Como pode jogar para trás todos os ensinamentos valiosos que te ofereci?

- Ensinamentos? Você me ensinou a torturar as pessoas, a mata-las vagarosamente, a humilha-las.... Não há nada de valioso nisso...

- Torturar? Que palavra mais sem sentido... Você não faz nada disso, você faz justiça!! Está me ouvindo... Justiça? Sabe o quer dizer isso? Sabe??

Mais um som de tapa no ar, um golpe, um grito, um gemido...

- Pare com isso!! Por favor...

- Isso sua vadia, suplique!!! Peça perdão... Eu sou Nêmesis, a inevitável, e se escolhi você para me substituir você me deve obediência!!

- Isso nunca, eu já paguei com a minha alma pra você! Lembra-se o ritual no rio... A morte do meu futuro marido e minha mãe.... Já paguei com o meu corpo torturado para você.... O que quer de mim? A voz de Charlise soou mais como um suplício, lágrimas de sangue brotaram de sua face...

- Sim, você pagou... (uma risada maléfica no ar) Mutilou seu corpo lembra? Os dentes, o Alicate, o azeite quente, aquelas coisas que doem mais não matam! Lembra de você rolando de dor, no seu próprio sangue e vômito!

Nêmesis chegou perto de Charlise, a abraçou num tom quase fraternal, aproximou-se do ouvido...

- Lembra-se do Castelo? Do quarto com luzes vermelhas? Lá onde você matou a sua mãe? Eu te ensinei isso? Eu!!!

Nêmesis a empurrou novamente...

- Mas não era isso que eu esperava, você veio para me atormentar, para me massacrar!!! Chega, vá embora! Não sou uma de suas presas....

Charlise levanta-se com fúria mortal e arremessa Nêmesis para longe.

- Vadia é você! Com todo seu mistério, sua força enigmática, essa droga de vermelho em todos os lugares, este ar de justiceira!!! Isso é ridículo.

Os olhares fulminantes se encontram, as duas se preparam...

- Me enfrentando Charlise! Isso, é assim que deve ser! Você tem uma missão, nã´há como renega-la!

- Mas eu já fiz justiça, matei Charles e minha mão, e Aline também está morta dentro de mim!

- Será mesmo minha pequena? Está morta, a certinha, engraçadinha, e coitadinha de todos?

- Está muito morta! Já não te mostrei? Já não há sangue suficiente?

- É claro que não! Acha mesmo que todos pagaram? Seu padrasto que abusava de você, que te usava, te sujou lembra, como você mesmo dizia, nas horas de tortura, você os condenou, quem riu de você na Igreja, todos! Pense Charlise, além do poder, você pode ter a vingança e fazer a justiça! Pense minha querida não há justiça Divina! Não há um ser superior!

Agora os véus vermelhos se rasgavam, os elementos entravam... Iria começar o ritual.

Charlise olhando em sua volta reparou bem, e soou como uma revelação: Meu castelo!

Na sala estava uma mesa alta, retangular, toda adornada e decorada, ao seu lado dois bebes brancos de olhos azuis, dormiam como dois anjinhos...

Nêmesis estava impecavelmente vestida, sempre de vermelho claro, estava reluzente e com um olhar instantaneamente penetrante e enigmático.

- Venha! Estás pronta? Serás como eu em breve, tomarás o meu lugar para sempre. Até o fim dos tempos...

- Eu? Tomarei seu lugar? Mas você não era imortal?

- Eu era sim, mas até uma Nêmesis, tem suas obrigações, eu irei para outro lugar, e você será a nova Nêmesis...

O Ritual é preparado, as taças e os vinhos são colocados...

- O ritual deve ser seguido, como manda a tradição...

Sangue de inocentes derramado pela terra, após minha morte você será...

Nêmesis aproximou-se dos bebês, e os levantou para cima...

A cada gota de sangue, meu poder será transferido, serei ascendida para o outro lado, onde precisam de mim, da minha sabedoria e poder de justiça...

Charlise aceita meu lugar? Honrará o nome de Nêmesis?

Charlise estremecendo, só baixava a cabeça em sinal de afirmação.

Aproximou-se de Nêmesis, tomou um dos bebês nas mãos.... E o degolou, o sangue expiava, e Charlise o colocou em umas taças, tomou o outro e fez o mesmo...

Nêmesis fechava os olhos e sussurrou: Faça o mesmo comigo!

Deitada na mesa, Charlise a degolou e o colocou se sangue na outra taça... Lendo o livro, pronunciando as palavras, bebeu todo aquele sangue, das três taças, as taças da Justiça!

Estava terminado o ritual, e a iniciação de Charlise estava pronta.

Com os cumprimentos de Nêmesis a Inevitável....

Charlise de Orleans
Enviado por Charlise de Orleans em 05/07/2008
Código do texto: T1066340
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