Gênesis - Final

O Conciliábulo

Entre os anos de 1797 e 1798 o espanhol Francisco de Goya pintou o quadro “O Conciliábulo”, também conhecido como “O Bode”, parte integrante de seis quadros sobre bruxas e demónios, no quadro um grupo de sete mulheres de diferentes idades circulavam um bote preto de postura humana, com enormes chifres ordenados por folhas de parreira, em destaque duas mulheres ofertam seus filhos ao bode, uma velha oferta uma criança cadavérica e uma jovem oferta seu filho igualmente saudável e jovem, o bote estica seu braço sobre a criança saudável, escolhendo-a.

Lellith estava na sala de Don, os dois esperavam o resultado da missão de Elizabete, Lellith parecia um pouco mais ansioso, Don agia como se não acontecesse nada de mais.

Lellith: Espero que ele não faça nada que venha a se arrepender depois.

Don: Ele é um idiota que se apegou a uma cobaia.

Mateus estava na frente de Elizabete e vários soldados e alguns cientistas, sua arma estava escondida, sob o cinto, na parte de trás de sua calça, oculta pela camisa.

Mateus: Elizabete.

Elizabete: Você me conhece?

Mateus: Então vocês apelaram para ela?

Soldado: Senhor, venha connosco e diga onde estão Rafaela e Teresa.

Mateus: Estão mortas.

Elizabete: Mentira, eu estou sentindo uma delas, está vindo para cá.

Cientista: Dr. Mateus, se vier agora poderá continuar seus experimentos.

Mateus: Desculpe, eu estou cansado.

Ele pensava em sacar sua arma quando vê Elizabete sorrindo, ela dá um passo para frente, como se não conseguisse conter sua empolgação.

Elizabete: Finalmente, vou poder brincar um pouco.

Teresa caminhava rumo aos soldados, ela para ao lado de Mateus, encarando Elizabete.

Mateus: É isso que você decidiu?

Teresa: Desde o início eu sempre fui um joguete.

Uma nuvem de poeira levanta e uma força atinge Elizabete, rasgando parte de seu vestido, furiosa ela devolve o ataque, Teresa é jogada longe, Elizabete salta caindo com seu joelho sobre o estômago de Teresa, ela sente seu braço sendo levantado e se quebrando.

Cientista: Isso é tudo culpa sua.

Mateus: Eu nunca fugi de minhas responsabilidades.

Teresa estava caída, segurando seu braço quebrado, quando sente toda sua roupa sendo retirada, ela flutua a frente de Elizabete.

Elizabete: Não basta mata-la.

Cientista: É mesmo um monstro.

Mateus: Não, é uma criança.

Onze anos atrás ele e Joana estava transando, aproveitando um momento de paz, enquanto seu filho dormia, ele beijava apaixonadamente sua esposa. Algumas horas depois Mateus levanta-se para ir ao banheiro, um e-mail chega em seu laptop, iluminando o quarto, curiosa Joana abre o e-mail, ela sorria de empolgação, pois fazia algo proibido, seu sorriso dá lugar ao desespero.

O e-mail mostrava algumas crianças e os seus dados com experiências de resistência ao frio, calor e privações de sono, Joana leva sua mão a boca, ela rapidamente veste um robe e sai do quarto, pouco depois Mateus volta, onde encontra seu laptop aberto sobre a cama, ele ouve o choro de seu filho.

Joana estava no quarto da criança segurando-a no colo, quando Mateus entra ela o olha com repúdio, tentando proteger a criança com seu corpo.

Mateus: O que você está fazendo?

Joana: Sem Monstro.

Mateus: O que? Do que você me chamou?

Joana: Você sabe, você fez aquilo com aquelas crianças.

Mateus: Sim, foi necessário para garantir o futuro do nosso filho.

Joana: Você nunca mais vai ver nosso filho.

Mateus: O que você pretende?

Joana: O que você acha idiota? Eu vou leva-lo embora.

Mateus bate a porta do quarto mantendo os três lá dentro, Joana tenta passar por ele, mas fica repugnada, quando Mateus tenta toca-la.

Joana: Nunca mais me toque.

Mateus: Você não entende?

Ela coloca seu filho sobre a cama e ataca Mateus, tentando arranha-lo, ele a joga no chão, antes de cair Joana bate sua cabeça na cabeceira da cama, Mateus ajoelha para ajuda-la, Joana cospe em seu rosto, fora de si Mateus a enforca, batendo com a cabeça dela no chão ela morre, “Mateus estava de pé a frente do corpo de Joana, seu sangue escorria pelo chão, ele olhava suas mãos em completo desespero, Mateus grita ‘não”’.

Ele olha seu filho, a criança chorava, imagem de Rafaela alterando a imagem de uma TV vem a sua mente, a criança chorava mais forte.

Mateus: Você também me rejeita?

Ele sai do quarto deixando-o sobre a cama, o menino engatinha até a beirada, onde estica seu braço na direção do corpo de sua mãe.

Mateus estava ao telefone, quando ouve seu filho caindo no chão, ele chora, Mateus vai até o quarto e fecha a porta, enquanto conta o ocorrido, assim que desliga o telefone a porta abre, Joana estava cambaleante, segurando seu filho, os dois sangravam, ela estende sua mão na direção de Mateus, tentando falar alguma coisa, sua voz não sai, Mateus estica seu braço, com lágrimas nos olhos, Joana cai no chão, sobre seu filho, os dois morrem.

Alguns dias depois Rafaela estava exausta dos testes, ela sangrava devido a um corte em sua testa, a porta da sala de testes se abre, algumas pessoas entram para limpar a sala, Rafaela sabia, primeiro a sala, depois ela, Mateus e Lellith entram, Rafaela segura a barra do avental branco de Mateus, esse olha com indiferença, Rafaela estava fraca, sozinha e sangrando, Mateus tira um lenço de seu bolso e ajoelha-se para limpar sua testa.

Teresa é jogada no chão, ela sangrava pelos olhos, graças ao poder de Elizabete, todos observavam aquela cena com repúdio.

Mateus: Já chega Elizabete, acabe logo com isso.

Elizabete: Por que eu tenho que obedece-lo?

Mateus: Você sabe quem eu sou?

Elizabete (sorrindo): Um dos homens que ficam atrás do espelho.

Mateus é jogado longe, Elizabete olha para a cientista, sua cabeça explode, os soldados abrem fogo, suas balas param no ar, Elizabete anda na direção deles, seu rosto estava vermelho, ela leva sua mão para baixo de sua saia, os helicópteros explodem, ela sorri, os braços de um soldado se soltam do corpo, ele cai de joelhos, tendo sua cabeça separada a altura do maxilar, as pernas de outro soldado se soltam, Elizabete fechava os olhos, em uma expressão de prazer, um soldado corria segurando seus intestinos, que começavam a sair de seu corpo, outro cai morto, todos morrem, Elizabete olha para trás, onde estavam Teresa e Mateus, Teresa flutua no ar, sua cabeça gira 180º, seu corpo cai no chão.

Mateus: Você tem que se controlar, se continuar assim você vai...

Ele começa a flutuar, Elizabete mordia seus lábios inferiores, os destroços dos helicópteros flutuavam, o asfalto da rua se desprendia.

Enquanto isso no DEG alguns cientistas estavam preocupados com os dados coletados de Elizabete, registrados no computador via satélite, Lellith super-visionava os números.

Lellith: Era cedo de mais para ela.

Don (que acabara de chegar): Faça o necessário para ocultar esse acontecimento.

Lellith: Não temos como parar Elizabete.

Don: Isso não importa, desde que tudo seja acobertado.

Lellith: Os dados da cidade.

Cientista: A cidade está sobre uma reserva natural de gás, sua fonte de renda.

Lellith: Podemos usar isso.

Don: Apenas monitore e me avise se algo mudar.

Uma estaca de madeira atinge Elizabete jogando-a longe, Mateus cai no chão, Rafaela estava do seu lado.

Mateus: Por que voltou?

Rafaela: Quero ficar com você.

Elizabete levanta-se lentamente, limpando o sangue que escorria por seu rosto, ela sorri, como se estivesse entrando em êxtase.

Elizabete: Sabia que você estava viva.

Rafaela: Você não vai tocar nele.

Elizabete: Não me venha com essa de namoradinha ciumenta, eu não preciso do seu homem, eu tenho meus dedos.

Rafaela flutua no ar, ela sente como se estivesse sendo partida em dois, Mateus saca sua arma, atirando em Elizabete, a bala é ricocheteada, Mateus mira novamente, Rafaela é jogada sobre ele, Elizabete ai de joelhos, gritando.

Elizabete: Que coisa boa!

Ela não conseguia manter o equilíbrio, Rafaela levanta-se, mas é impedida por Mateus.

Mateus: É tarde de mais para ela.

Um soldado ainda estava vivo, a pesar de estar com as pernas quebradas, ele se arrastava pelo chão, alcançando um rifle caído.

Soldado: Seu monstros, outro monstros, monstros, monstros, monstros, monstros.

Ele mira em Elizabete, voltando seu rifle para Rafaela.

Soldado: Monstros, monstro, monstro!

Ele dispara atingindo Mateus, Rafaela o abraça, ela retira a espinha do soldado, enquanto tenta parar o sangramento de Mateus.

Elizabete: Por favor! Me ajude.

Rafaela: Sinto muito, não há nada que possamos fazer.

Elizabete: Mas... por favor!

Elizabete é sugada para dentro de si, seus ossos saem pela carne, primeira pelas pernas, depois seus braços são sugados, seu sangue, misturado a gordura e carne, caem no chão, seu dorso cai no chão, uma ultima lágrima escorre antes que seu crânio seja esmagado.

Rafaela consegue levar Mateus para uma casa afastada, ela o descansa no chão, deitando sua cabeça sobre o peito de Mateus.

Rafaela: Vamos ficar juntos.

Rafaela tira o paletó que ele usava, sentando sobre Mateus, que geme de dor, ela retira sua roupa e a dele, os dois começam a transar, enquanto as paredes começam a tremer, os móveis flutuam, os eletrodomésticos queimavam, Rafaela continuava cavalgando, ao atingir o êxtase a casa desaba matando os dois.

No DEG Don sorria ao lado de Lellith, que segurava um celular, ele confirma com um movimento de cabeça.

Lellith: Já mandei uma equipe de limpeza, eles irão sabotar a reserva de gás.

Don: Ótimo.

Lellith: E agora?

Don: A ultima garota que fugiu despertou ontem a noite, pegue a número 04 e super-visione a operação, ainda temos muito trabalho pela frente.

Fim