Hospedaria 7

Memórias

Nova York, século XIX. O cocheiro aquecia suas mãos na tentativa de ludibriar o frio enquanto seu mestre, Michael, transava com uma prostituta em um beco ali perto.

Os dois estavam encostados em uma parede, Michael revela os seios da prostituta. Ao chegarem no orgasmo ele segura o pescoço dela apertando-o. A garota tenta defender-se mas já era tarde Michael apertava o pescoço dela com sua mão esquerda enquanto crava uma faca nela com sua mão direita.

No lado de fora do beco o cocheiro não consegue esconder seu medo quando Michael entra na carruagem em silêncio, este sorri ao perceber o medo de seu empregado.

Michael: Não tenha medo.

No dia seguinte Michael preferiu caminhar, ele andava pela rua apoiando-se em uma bengala (por uma questão estética) entrando em um pub onde seus amigos conversavam sobre a onde de assassinatos. Michael senta-se em silêncio ao lado deles atento a conversa.

Pessoa 1: Ontem a noite encontraram outra vítima.

Pessoa 2: Outra prostituta.

Pessoa 1: Você parece desapontado.

Pessoa 2: Ela não foi vitimada como as outras.

Pessoa 3: Existem dois assassinos em nossa cidade.

Pessoa 2: Mas um deles está limpando nossa bela cidade, quem a viu diz que é uma mulher linda.

Michael quebra seu silêncio rindo alto, chamando a atenção de todos a sua volta.

Michael: São apenas histórias criadas para inibir as pessoas.

Pessoa 2: Cuidado com suas palavras...

Michael: Ou o que? Esta garota virá atrás de mim?

Ele termina de beber seu uísque enquanto diverte-se com a angústia de todos.

Michael: Vocês querem que eu acredite em uma força penalizadora que assumi a forma de uma mulher e vaga pelo mundo caçando os pecadores?

Pessoa 2: Na verdade ela não mata apenas os pecadores.

Michael: Quem disse isso?

Pessoa 2: As pessoas falam.

Michael: Pessoas, estas histórias são apenas isso histórias.

Irritado com a ignorância alheia e de certa forma pela falta de crédito pela sua arte Michael caminhava pelas ruas nova-iorquinas, ele só se acalma quando chega a cena do assassinato.

Michael: Bando de ignorantes.

Ele circula o beco lembrando-se de seu ato com um sorriso, socando o ar repentinamente gritando de satisfação. Michael vai embora sem perceber que estava sendo observado por uma garota de longos cabelos negros vestida de forma exótica.

Naquela noite Michael faz seu cocheiro parar perto do pup o assassino desce com o auxílio de sua bengala, caminhando firme ele entra no bar onde o silêncio era sepulcral.

Michael: Algum problema?

Pessoa 2: Rudolf estava tendo algumas visões.

Michael: Então vamos beber ao pobre infeliz que ficou louco.

Pessoa 2: Não, ele disse que estava vendo uma garota estranha.

Michael: Ignorantes supersticiosos.

Irritado Michael sai do estabelecimento xingando seus companheiros, não acreditando que todos prefiram uma fantasia sua verdadeira obra de arte. Nisto ele vê Rudolf fugindo de alguma coisa.

Michael: Ignorante.

Ainda irritado ele entra em uma rua de prostitutas. Estas ficam animados ao repararem em suas roupas finas. Michael fica feliz por ser notado. Ele para na frente de Rose uma linda prostituta.

Rose: Boa noite cavalheiro.

Michael: Por favor eu sou tudo menos um cavalheiro.

Pouco depois Michael leva a prostitua para um beco onde começa a beija-la freneticamente rasgando a parte de cima de seu vestido, expondo os volumosos seios de Rose.

Rose: Quanta “fome” Michael.

Michael: O que você disse?

Rose: Eu disse “com calma, eu não tenho roupas para voltar”.

Ele entrega uma moeda de ouro enquanto beija o corpo da prostituta, finalmente ele abaixa suas calcas virando a prostituta transando com ela de maneira violenta.

Ao atingir o orgasmo Michael apoia sua cabeça em Rose. Esta fica irritada afastando seu cliente, Michael terminava de se vestir enquanto Rose continuava apoiada na parede, ela olha para ele de maneira sensual.

Rose: Então? Quer saber como é a morte?

Apavorado ele soca a prostituta enforcando-a com suas mãos, Rose tenta livrar-se mas é em vão após lutar muito por sua vida ela morre e Michael vai embora esquecendo a moeda de ouro que dera para a prostituta.

Naquela noite Michael tem pesadelos com Rose. A prostituta estava deitada, morta-viva debaixo de sua cama a garota permanecia imóvel com seu olhar paralisado, tendo as pupilas brancas. Ela inspira de maneira desesperada tentando puxar o ar, que não vinha. A imagem da garota de preto.

Michael acorda assustado, ainda sem ter se recobrado do susto ele olha em volta. Seu quarto estava como sempre. Michael faz menção de levantar-se parando com os pés afastados do chão, após respirar profundamente Michael apoia seus pés no chão, em seguida olha em baixo da cama cuidadosamente, não havia nada. Se achando ridículo ele volta para cama encontrando Rose deitada com os seios a mostra. Michael acorda.

Após ter desistido de dormir Michael vai até o pub em sua carruagem, sem perceber a imagem da garota de preto que surgia na janela de sua carruagem de maneira insistente. Ao chegar ao pub ele se desanima percebendo que todos comentavam sobre um assassinato. Ele decide não se abater mais.

Michael: Estão falando de Rudolf, eu o vi ontem a noite, parecia louco.

Pessoa 1: Rudolf sumiu ontem a noite, estão todos procurando por ele.

Michael: Deve ter sido aquela mulher misteriosa.

Pessoa 2: Provavelmente.

Michael: Provavelmente? Como assim ontem vocês só estavam falando disso.

Pessoa 3: Isto foi ontem.

Pessoa 2: Encontraram uma prostituta morta ontem a noite.

Michael (sorrindo): É mesmo?

Pessoa 2: Isso mesmo, parece que foi um homem que a matou.

Pessoa 1: Mais do que isso, foi um cavalheiro de bens.

Pessoa 3: Impossível um cavalheiro de bens jamais faria uma coisa destas.

Michael: Do que vocês estão falando?

Pessoa 2: Encontraram o corpo de uma prostituta com uma moeda de ouro.

Neste momento Michael lembra-se de quando pagou Rose.

Pessoa 3: A vagabunda deve ter roubado alguém, ela teve o que mereceu.

Pessoa 2: O fato é que a polícia começa a acreditar que os assassinatos atribuídos aquela aparição feminina foram provocados pelo mesmo assassino.

Michael sai correndo do pub, de forma desesperada ele atravessa a cidade a longos passos deixando cair sua bengala no caminho. Todos olhavam para ele de maneira suspeita. Michael caí, mas levanta-se em seguida continuando sua corrida sem destino.

Michael entra em um beco onde os policiais circundavam um corpo, intrigado ele aproxima-se dos policiais vendo o corpo de Rose no chão.

Michael: Não! Você está morta! Morta!

Ele afasta-se apontando para o corpo e gritando, andando para trás e esbarra em alguém.

Garota: Cuidado, ou todos vão descobrir.

Michael estava sozinho no beco, apenas ele e a garota de quimono preto. Michael olha para trás lentamente cruzando seu olhar com aquela misteriosa mulher com olhar severo e rosto de angelical.

Garota: Mas era isso que você queria ou estou enganada?

Michael: Quem é você?

Garota: Você sabe a resposta.

Michael: Não, isto é impossível.

Garota: Estive procurando por você e você esteve procurando por mim.

Michael (gritando): Eu procurando por você? Quem você pensa que é?

A garota não diz nada enquanto Michael ria sem perceber Rose atrás dele, acariciando seu pescoço.

Rose: Por que você foi embora.

Michael (gritando): Sai daqui!

Garota: Não, ela não vai embora.

Michael: O que você quer dizer com isso?

Garota: O que você ouviu, ela estará do seu lado para sempre.

Michael: O que você quer?

Garota: Você ouviu.

Michael: Vagabunda.

Garota: Imagine como será sua vida onde quer que você vá lá estará Rose o que quer que você faça ela fará com você.

Irritado Michael agarra o pescoço daquela garota estrangulando-a, esta não oferece reação até cair de joelhos morta mesmo assim Michael continuava a estrangula-la. A garota olha para ele usando a aparência de Rose. O assassino afasta-se dela em desespero.

Rose: Por que você fez isso comigo?

Michael: Eu não sei!

Rose (gritando): Não sabe? E eu o que você sabe sobre a minha vida? Você acha que eu me prostitui por prazer? Ou que eu sairia com alguém como você?

Michael: Cale a boca!

Rose (gritando): Não, você me enganou, você senhor cavalheiro Michael, você me enganou.

Michael começa a chorar quando a garota de negro agacha-se a sua frente olhando-o nos olhos.

Garota: Está será a sua vida daqui para frente, aproveite-a.

Michael: Por que você está fazendo isto comigo?

Garota: Aproveite.

Ela fica de pé preparando-se para ir embora quando Michael segura a barra de seu quimono. Esta o olha com um misto de desprezo e indiferença.

Garota: O que você quer?

Michael: Por favor, eu faço qualquer coisa.

Garota: Que tal um acordo?

O olhar de Michael se enche de esperança.

Garota: Fique comigo e um dia poderá ser livre. Se você quiser.

Dois séculos depois Michael estava sentado em uma cadeira dentro de um quarto escuro, a garota de negro estava de pé atrás dele com sua mão sobre o ombro do assassino.

FIM