A FACA

Nem sempre a boca nos proporciona prazeres. Por vezes ela é portadora de uma extensa amargura, que sequer finda ao fim dos nossos dias. Era o que sentia pela eternidade aquele espírito andarilho, que não desencarnava, pois sua energia estava presa ao insosso sabor da lâmina invasora que o deformara enquanto carne. Ia de casa em casa buscar vingança, e tinha a certeza que a liberdade se encontrava do outro lado da ponte, a qual so poderia se livrar após encontrar tal mecanismo que o prendi entre o mundo dos mortos e o dos vivos. Não era nada, absolutamente nada, e talvez por isso a raiva ao abrir cada gaveta e não encontrar a faca que o cortara. Inevitável o ódio, e a dominação assassina que imbuía seu espírito a mais assombros, e mortes. Não só seu algoz pagava pelo preço de uma alma vagante, e quase todo o bairro se esvaía, uns mortos pelo "espírito das gavetas", e outros que fugiam antes de se tornarem vítimas. Quanto ao seu assassino, talvez estivesse na próxima casa...

Douglas Eralldo
Enviado por Douglas Eralldo em 18/08/2008
Reeditado em 01/11/2013
Código do texto: T1134129
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