Formigas

Anabeth já estava cansada daquelas formigas abusadas que se infiltraram no seu quarto. Desde que se mudará para aquela casa grande e velha, os insetos não lhe davam paz. O foco maior era em seu quarto, e as bichinhas se enfiavam na suas roupas, sapatos e até mesmo em suas cobertas. Ela já havia perdido a conta de quantas vezes havia sido picada por elas.

Naquela manhã de domingo, não foi diferente. Não importava quantas ela matasse, parecia que estas reapareciam no dia seguinte. Provavelmente haviam construído um ninho sob o assoalho de madeira, mas... Por que em seu quarto?

Ela pegou o telefone, ligou para um exterminador de insetos e indagou-lhe por uma consulta. Ambos combinaram um preço, que embora a moça tenha achado absurdamente caro, com certeza valia para que ela se livrasse daquelas pragas. Foi tomar um banho, se vestiu (após contatar que as formigas haviam invadido seu guarda roupa e infestado suas vestes) e desceu para a sala, a fim de esperar o caminhão da detetizadora.

Depois de algumas horas o exterminador de insetos chegou em seu caminhão. Ela abriu a porta com satisfação. Ele indagou pelo foco do problema e ela o levou até seu quarto.

Chegando lá, pode observar com desgosto a trilha de formigas que caminhava de seu guarda roupa até um ponto do assoalho, sumindo por entre as ripas. O rapaz lhe disse que para se livrar das formigas, seria necessário chegar até o formigueiro que se encontrava debaixo do assoalho de carvalho e esborrifar o veneno dentro deste. Ela concordou em deixar o rapaz despregar as tábuas do assoalho e ele assim o fez.

Um cheiro pútrido infestou o ambiente, deixando ambos enjoados. Anabeth tapou o nariz e se aproximou do buraco, olhando para este. No espaço de 20 centímetros de altura, podia se ver o corpo de uma mulher em decomposição. O sangue coagulado no canto da cabeça, indicava a causa de sua morte. Os olhos sem vida estavam arregalados, refletindo o terror que a mesma devia ter sentido antes de morrer. Algumas partes dela estavam em carne viva devido a ação dos insetos, e os tecidos apresentavam necrose em estado avançado. Do canto da boca entreaberta, podia-se ver duas filas de formigas. Uma adentrava o cadáver em direção a suas entranhas e outra saia da mesma.

Passado o choque, Anabeth ligou para a policia local, e estes vieram recolher o corpo. Após executarem exames de identificação através da arcada dentária, concluíram corretamente que o corpo pertencia a Ravena Mc Bride, esposa do homem que vendera a casa, que estava desaparecida a duas semanas...

(Julio Cesar Rodrigues Mantovani Filho)