O PESADELO
Toc toc .
-Senhorita Marsha,o psicólogo gostaria de falar com você!-exclamou uma das enfermeiras levando Marsha para uma sala branca e isolada,com um homem de aparência velha sentado.
-Olá Marsha.Vim aqui conversar com você!Meu nome é doutor Max.-se apresentou o homem olhando para os cabelos negros de Marsha.-Quantos anos você tem?-interrogou Max fixando-se para os olhos azuis de Marsha.
Ela abaixou a cabeça e respondeu:
-14 anos,Max.-disse ela cabisbaixa.
-Você se lembra de como veio parar aqui?
-Algumas coisas sim, outras não!
-Quero que você conte de tudo que você se lembrar.
-Está bem.-respondeu Marsha balançando a cabeça em um gesto afirmativo.
-Bom eu era uma adolescente comum,gostava de sair a noite,mais nesse dia chovia bastante.Minha mãe e eu estávamos em casa preparando o jantar,quando meu pai chegou outra vez bêbado do serviço.Então como não gostava de minha mãe apanhar,subi para o meu quarto.-Marsha começou a chorar.
-Tudo bem Marsha. Chore.É bom chorar.-disse o doutor sorrindo.-Prossiga.
-Bom, aí eu me deitei na cama e comecei a chorar.E...e...depois não me lembro mais.
-Tudo bem, por hoje é só.Amanhã teremos mais uma seção.Pode se retirar.
Marsha voltou para seu quarto novamente. Ela estava em um sanatório ,praticamente esquecida de tudo e de todos.
Marsha passou a odiar o escuro, desde o dia de seu pesadelo,na noite em que seus pais estavam discutindo.
-Durma bem Marsha, vou apagar a luz.-disse uma enfermeira,após ter sedado Marsha.
As luzes estavam apagadas, todos estavam em seus devidos leitos.O silêncio era total.
Marsha teve o mesmo pesadelo daquela noite. Quando acordou,estava toda arranhada.
-Ma-Marsha?!O que houve com você?-interrogou um médico horrorizado com a cena que via.
-Doutor Kevin, eu falei para não apagarem as luzes,mais ninguém me ouviu.-sussurrou Marsha,encolhida em um canto de seu quarto.
-Quem fez isso com você?-interrogou Kevin se aproximando de Marsha.
-Foram eles. -sussurrou Marsha.
-Eles quem?
-Os demônios.
-E de onde eles são?
-Do pesadelo.
-Que pesadelo?
-Marsha, o doutor Max que vê-la.-disse a enfermeira.
Kevin ajudou Marsha a se levantar.
-Se lave e vista isto.
Marsha se banhou e vestiu outra camisola branca.
-Bom dia!-disse Max.
Marsha olhou em sua volta. Era outra sala,totalmente diferente da outra.
-Sente-se.
Marsha se sentou e continuou á olhar a sala onde os dois se encontravam.
-Se lembra de mim?-interrogou Max.
-Sim.
-Se lembrou de mais alguma coisa?
-Sim.
-Então , e conte.
Marsha abaixou a cabeça,fechou os olhos e começou a falar:
-Eu havia parado onde, Max?
-Na parte em que você começou a chorar.
-Bom... a partir desse momento, eu adormeci.
-E o que você sonhou?
-Eu tive um pesadelo. E não foi dos melhores.
-Prossiga
-Eu irei lhe contar tudo em pequenos detalhes. Eu havia acordado sobre uma beliche,em um quarto escuro.
-E o que havia e quem estava nele, além de você?
Houve uma breve pausa.
-Havia um guarda-roupa e ao pé da cama, havia umas correntes.
-Havia alguém na cama de cima?
-Tinha uma garota amarrada e sem os membros inferiores. Me levantei,com essa garota gritando.Era um grito horripilante.A porta do guarda-roupa se abriu,uma mão segurando uma corrente,estava lá,aos poucos fora saindo um corpo,totalmente desfigurado.
-E o que houve Marsha?Qual foi a sua reação?
-Eu me assustei, arredei-me para trás,a coisa parou e olhou-se para mim,soltando um rugido demoníaco.
Marsha ergueu a cabeça. As luzes da sala começaram a enfraquejar.Marsha levantou-se rapidamente.Já era tarde.As luzes do sanatório foram embora,em plena manhã chuvosa.
-Abra a janela, rápido!-ordenou Marsha.
-Por que ?
Algo estranho começou a arranhar Marsha.
-ABRA!-Gritou Marsha chorando.
Max em um só golpe, abriu a janela.
-Marsha?!Por que você mesma se arranhou?-perguntou Max espantado.
-Não fui eu!Foram eles Max!-exclamou Max em lágrimas.
Houve um longo silêncio entre os dois. Max respirou fundo e interrogou:
-Eles quem?
-Os demônios Max. Eles me machucam,toda vez que fico na escuridão.Me ajude,não agüento mais.
Após Marsha ter dito aquilo, as luzes do sanatório se acenderam novamente.
-Graças a Deus!
-Marsha, a nossa seção esta encerrada.Venha comigo,vamos para a enfermaria,cuidarmos do seu ferimento.
Marsha levantou-se do canto onde estava e se dirigiu a enfermaria com Max.
A enfermeira avaliou Marsha.
-Teremos que dar um pequeno ponto em seu ferimento.
-O ferimento esta muito feio ?-interrogou Marsha.
-Um pouco. Quem lhe machucou?
Houve um breve silêncio interrompido.
-AIII, como dói!-gritou Marsha.
-Prontinho!Não vai se machucar outra vez!-advertiu a enfermeira.
-Então Marsha, o que eu preciso fazer para lhe ajudar?-interrogou Max.
-Senhorita Marsha, hora dos sedativos!-advertiu um médico.
-NÃO!Eu não quero ser sedada. Max,me ajude.-gritou Marsha.
-Não posso!-exclamou Max - Apenas não apaguem as luzes.
Marsha adormeceu e foi levada pra seu leito.
-Apague a luz - ordenou umas das enfermeiras.
-Não ouse fazer isso!-exclamou Kevin. -Podem ir a paciente é minha.
As enfermeiras se retiraram, deixando Marsha acompanhada de Kevin.
-Você vai sair dessa. Não se preocupe.-sussurrou Kevin acariciando Marsha.
Kevin se retirou do quarto e sem perceber, apagou a luz.
-Marsha... Marsha... -chamava uma voz desconhecida por Marsha.
-Quem está aí?-perguntou Marsha com a voz meio rouca.
Apareceu uma enfermeira.
-Porque vocês apagaram a luz?
A enfermeira se aproximou da face de Marsha e soltou um gemido apavorante, desfazendo os pontos, do ferimento de Marsha.
-Alguém me ajude!Socorro!-gritava Marsha o mais alto possível, mais,
parecia ninguém ouvia.
Logo essa “besta” desapareceu. Marsha mais calma, decide levantar-se, para pedir ajuda. Alguns gritos vinham da de Kevin.Marsha, estranhando os gritos,se aproximou da porta.Doutor Kevin estava debruçado ao chão, com o rosto totalmente desfigurado e arranhado.
Marsha ao olhar para um pequeno banheiro, que havia na sala, se deparou com uma corrente suja de sangue,assustada, Marsha começou a correr.
Todo momento, Marsha olhava para trás, até bater de frente com Max, que estava de saída.
-Marsha?!O que faz acordada até agora?-interrogou Max, surpreso em vê-la.
-Me ajude, Max!Chame uma ambulância.
-O que houve?
-Doutor Kevin está gravemente ferido.
-Vamos até a sala dele.
Marsha se agarrou em Max e foram. Após alguns passos, á se encontravam no devido lugar.
-O que houve aqui?-interrogou Max.
-Kevin está morto!-exclamou uma das faxineiras do sanatório.
-NÃO!Ele não morreu!-gritou Marsha em desespero.
-Vou chamar a policia!-exclamou Max.
-Marsha, venha comigo, vamos tomar uma água. -chamou a recepcionista.
-O que houve com Kevin?-interrogou Rose.
-Não sei, Rose!Eu só quero me curar, sair deste lugar e levar minha vida.-disse Marsha, bebendo seu ultimo gole De água.
-Concordo. Você deve sofrer bastante aqui.
-Só a noite.
-Como veio parar aqui, Marsha?
-Igual a todos. Todo mundo achava que estava louca. E foi assim.
-Nossa!Sinto muito por você.
-Tudo!E você?Não tem família?
-Tenho um filho.
-Hum. Rose, posso lhe pedir algo?
-Claro!O que é?
-Hoje é meu aniversário e desde que cheguei aqui, não ganho um abraço. Será que você poderia me abraçar?
-Lógico Marsha!
Marsha abraçou Rose, deslizando suas mãos nos cabelos loiros da moça. Aparentava ter entre vinte e cinco e trinta anos. Era magra e alta.
-Vamos logo!- exclamou Marsha.
Ao chegarem à sala de Kevin, Rose e Marsha ficaram surpresas, com o que havia na parede.
-O que é isso?-interrogou o policial espantado.
Algo estranho estava sendo escrito na parede, por alguma coisa sobrenatural: “A morte dele, é somente o começo, Marsha!”.
Marsha começou a chorar e gritar. As enfermeiras com uma drástica atitude, sedaram Marsha por três dias.
-Marsha! Acorde!-sussurrou uma voz masculina.
Marsha, ao ouvir a voz, abriu suas pálpebras, enxergando o espírito de Kevin.
-Kevin?!O que você está fazendo aqui?Você não morreu?
-Sim Marsha. Eu morri. Mais só você pode me ajudar!
-Eu?!Como?Por que você morreu?
Ouvi-se um giro na maçaneta da porta.
-Oi Marsha!-cumprimentou Max.
-Oi Max!E aí?
-Tudo ótimo!Que bom que já se levantou. Estava conversando com quem?
-Com ninguém. Apenas estava pensando alto.
-Hum.
-Vamos ter mais uma seção psicológica hoje?
-Sim, vamos!
-Ok!Vou me lavar.
-Não precisa. Hoje irá ser aqui no seu quarto.
-Tudo bem!Mais abra a janela, quero ver o sol.
-Está bem!
Max abre a janela e puxa uma cadeira paras e sentar.
-Quando você se sentir pronta, pode falar.
Houve uma breve pausa, enquanto Marsha apreciava a luz do sol.
-Onde eu havia parado?
-Bom, vejamos... Na parte do rugido demoníaco.
-Corri, passando por um corredor estreito e escuro, todo momento olhava para trás, até me deparar, com um homem tetraplégico.
-E o que mais?
-Espere! Agora eu me lembrei de tudo!-disse a garota, com a mão na cabeça.
-Se lembra?
-Sim, Max! Eu matei meus pais!-sussurrou ela em lágrimas.
Marsha só sabia chorar, agora, já sabia como viera parar naquele lugar assombroso.
-Continue contando Marsha! Não pare!-ordenou Max
-Bom aí depois, que eu me aproximei desse homem, ele me disse, que se eu matasse meus pais, viveria em paz e sem brigas. -disse a garota em prantos de lágrimas.
Max continuou calado, e ouvindo tudo aquilo que Marsha falava. Tudo aquilo, fora criando um ódio por Marsha, algo que nem ele saberia como explicar, ele sentia um amor maravilhoso por ela, a tratava como sua filha. Marsha continuou falando:
-Então eu acordei, minha casa parecia outro lugar, estava chovendo muito forte, meus pais ainda estavam brigando, a luz havia ido embora, e eu tomei uma força sobrenatural no meu corpo. Naquela noite, fui tomada por demônios, que fizeram matar meus pais.
-E por que isso aconteceu?- interrogou.
-Eu desejava a morte dos dois. Queria ter paz, mas vejo que isso não adiantou muito.
-Pois então Marsha, será que agora que você disse tudo, você vai ficar em plena paz?
Marsha desmaiou ninguém saberia explicar o porquê daquele desmaio.
Somente dormia profundo. Sua respiração começou a ficar cada vez mais avançada, os batimentos cardíacos mais rápidos, o suor frio escorria pela face da garota, que ali residia, na cama.
Ela dormiu Kevin, a avisou sobre Max:
-Marsha! Tome cuidado com o Max. Foi ele quem me matou, ele é um dos demônios que estava te perseguindo. Por favor, afaste-se dele.
Após ter dito isso, Kevin desapareceu, Marsha se encontrava, no meio de um nada. Acordou. Estava suada, a noite já tinha caído. Tudo estava escuro para ela, mas não aparecia nenhum monstro ou demônio sequer. A garota havia estranhado, foi até a sala de Max.
-Boa noite Marsha! O que deseja?
-Max?! Agora eu sei o que você é.
Você trabalha para quem?
- Que bom que você descobriu tudo. Pelo jeito, seu amigo Kevin lhe contou quem eu sou.
Max começou a ficar forte, seus olhos vermelhos, sua voz ia engrossando cada vez mais. Marsha, logo viu que era ele, seu companheiro, havia feito matar as pessoas que mais amava.
Com medo, a garota saiu pedindo socorro. Mais não adiantou, todos estavam mortos. Não houve alternativa, ela teria que lutar para sair dali. Decidida, a mesma, enfrentou Max até a morte.
-Morra! Será mais uma presa ao meu pesadelo. -disse o demônio sorrindo.
Marsha, a garota que lutou pela vida, ficara presa em seu pesadelo, que agora havia se tornado real.
#FIM