Sombra Morta (em versos)
A cada passo
Dá pra sentir
Teu respirar
A perseguir
Ofegante
Inodoro e perto
Distante
Assombrado
Incerto
Arrastado
Sombra morta
Em minhas costas
Pesado
Inerte, instável
Não me deixa comer
Não me deixa dormir
Onde olho, posso ver
Teu vulto junto a mim
Sussurrando tão baixinho
Que só eu posso ouvir
Tira meus pés do caminho
Mostra o atalho a seguir
Apresenta-me tantas coisas novas
Mostra-me beleza no impuro
Presenteia-me com flores mortas
Leva-me ao meu lado obscuro
Por onde passo, as luzes apagam
E minha aparência agora tira sua paz
Aqueles que um dia me olharam
Hoje não me reconhecem mais
Quero descansar, tento dormir
Mas seu gemido quer me ensurdecer
Saia debaixo da minha cama
Mas até de olhos fechados consigo te ver
A noite está caindo
O silêncio se fez presente
Mas continuo sentindo
Tua mão gelada
Em meu pé dormente
A madrugada está sublime
Já faz parte de mim esse peso morto
Cuidado, não se aproxime
Já não sou eu dentro do meu corpo
Sem corpo
Mais uma alma perdida
Virei a sombra
Da minha própria vida