ASSOMBRAÇÃO

HISTÓRIAS DE NOSSA LOUVEIRA

Naquela tarde do mês de agosto do ano de 1992, faleceu aqui no Município de Louveira uma pessoa muito estimada por todos, mas cujo nome não declinaremos na história.

Para homenagear o falecido, tanto a Prefeitura quanto à Câmara Municipal mandaram confeccionar na cidade de Jundiaí, uma coroa de flores cada uma.

Não possuindo veículo o Poder Legislativo, solicitei um carro da Prefeitura para que pudesse buscar a coroa e levá-la até o velório, que estava sendo realizado em Vinhedo.

O Chefe dos Transportes da Prefeitura, naquela época, disse :

- Está bem. Mandarei um carro para apanhar as coroas. Na volta aproveitem para passar pelo Hospital e Maternidade Jundiaí e trazer uma senhora que foi pela manhã, com o filho doente.

Assim foi feito. Após o expediente, depois das 17:30 horas, o veículo passou pela Câmara, com o motorista apenas, (já falecido) e lá fomos nós para Jundiaí, apanhar as coroas numa determinada floricultura (Louveira ainda não tinha) e apanhar também aquela senhora e o filho, que estavam nos aguardando em frente ao já mencionado hospital.

Tendo feito tudo como manda o figurino, voltamos para Louveira e fomos levar aquela senhora até sua residência, lá pelos lados do antigo cemitério dos escravos.

Eram 19:30 horas...Tudo escuro...Nas matas um breu que não se enxergava um palmo diante do nariz.

Deixamos a senhora em sua casa, cuja única luz fraca que brilhava naquela escuridão provinha de seu lar, e voltamos para ir a Vinhedo, deixar as coroas.

Dentro do carro aquele cheiro de flores embalsamando o ar, tornando-o pesado, irrespirável...

Numa determinada subida, em meio ao matagal, o carro parou. O motorista tentou de todas as maneiras fazê-lo pegar...nada...Desceu, olhou o motor...Nada !

Aí, ele me chamou e disse :

- Vamos tentar empurrar esse carro. Quem sabe vai...

Tentamos em vão. De repente, como que surgido do nada,

Aquele homem alto, de chapéu à cabeça, todo vestido de negro...Com voz pausada disse :

- Posso ajudar ?

E tão logo aquela misteriosa figura colocou as mão sobre o

carro, este subiu no mesmo instante a íngreme estrada...Olhamos para agradecer...Nada !

Nem sinal daquele homem alto, vestido todo de negro e com enorme chapéu negro à cabeça. Tal qual surgira, desaparecera...

Apenas ouvíamos o ruído da mata noturna...O farfalhar das folhas e o correr dos animais por entre o capim alto.

Um arrepio percorreu todo meu corpo. O motorista disse, balbuciando:

-Vamos embora que é melhor ! Eu hein ? Não quero nada com assombração ! Sai de mim !

Essa eu vi...e participei !

Ademir Tasso
Enviado por Ademir Tasso em 23/05/2009
Código do texto: T1609761
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