Diário de um Vampiro: A tentação do sangue

Boa noite, meu nome é Carlos, a poucos dias atrás me transformei em vampiro, fui atacado por uma linda jovem que era tão inexperiente nesse mundo sobrenatural quanto eu sou agora. Nos planos dela eu teria sido o jantar mas acabei virando a mesa, eu sobrevivi ela não, infelizmente não tenho manual de instruções estou me adaptando devagar.

Descobri umas coisas bem interessantes, por exemplo não tenho que me preocupar com o sol, desde que fique longe dele nos horários em que é mais forte e use sempre protetor solar, estou desenvolvendo algumas habilidades, como força, velocidade e sentidos super desenvolvidos, tenho também alguns poderes mentais mas estes eu ainda não domino eles vem e vão sem o meu controle. As pessoas ao meu redor querem a minha companhia, sentem- se atraídas por mim, acho que tanto quanto eu me sinto atraído pelo sangue delas.

Até o momento só me alimentei de animais, mesmo quando a fome estava quase insuportável não tive coragem de atacar um ser humano, já estive perto mas no ultimo momento desisti.

Não encontrei outros como eu a cidade toda não há outro vampiro, vaguei por toda a região a noite e mesmo assim não encontrei ninguém, acho difícil ser o único, não sei como foi que aquela moça se transformou nem mesmo ela sabia direito, quem sabe eu encontre quem a transformou um dia para me ensinar algo, mas também não sei se realmente quero encontrar outro vampiro, ninguém disse que são amigos.

No mais estou levando a vida como posso, não abandonei meu trabalho, mesmo isso sendo um risco a mim de me revelar e a meus colegas de se tornarem meu jantar, e os alunos a sobremesa!

Abandonar o emprego assim sem mais nem menos despertaria muita curiosidade, não até onde preciso de dinheiro no mundo dos vampiros, mas o que busco é livrar me da solidão, não durmo, penso demais, preciso interagir com pessoas, isso me alivia, tenho por um momento a ilusão de que tudo foi um sonho, que nada aconteceu aquela noite, continuo sendo o bom e velho Carlos, ao menos sinto isso até a hora em que a sede chega.

Hoje no inicio da manhã vi a nova professora de minha escola, na hora do intervalo começamos a conversar, achei até interessante, não corresponde aos atuais de padrões do que chamamos de “mulherão”, mas algo me atraiu talvez a fragilidade que ela inspira, magrinha, pele branca, cabelos loiros, lisos, olhos azuis, não muito alta, fala pelos cotovelos pareceu bastante simpática, não sei até onde minha personalidade vampiresca influenciou mas ela estava bem a vontade em quanto conversava comigo.

Discutíamos sobre questões históricas, influencia na sociedade atual e mais um monte de baboseiras que eu nem me lembro mais, o ponto alto de nossa conversa ao menos para mim, foi quando ela ficou de lado para pegar alguns livros e eu observei seu pescoço, podia sentir o cheiro, percebia o pulsar, ouvia as batidas de seu coração, se o meu ainda batesse nesse momento ele estaria quase explodindo de tão rápido, meu corpo se preparava para sentir o deleite que o doce sangue daquela jovem iria me proporcionar, em poucos segundos imaginei mil maneiras de ataca la, seria bastante fácil, eu tomaria muito mais cuidado que minha “mãe” vampira.

Bastaria segurar por seus finos braço e ela estaria imobilizada sem chances físicas de escapar, já que estou bem ciente de minha força, utilizaria então meu olhar para hipnotiza – la, outra habilidade que já estou dominando, tudo estaria resolvido em questão de minutos. Antevendo o vigor e o êxtase que o doce sabor do sangue me proporcionariam eu já me deliciava.

Meus Pensamentos foram interrompidos pela diretora que já um tanto irritada solicitava que eu e os demais professores fossemos para sala de imediato, enquanto saía ainda ouvi a diretora bufando sobre problemas com alunos, falta de colaboração entre outras coisas, ter uma audição super desenvolvida tem suas desvantagens algumas vezes ouço muito mais do que gostaria ou mesmo me interessa.

- Ei, Carlos, espera! – Olhei para trás já sabendo que se tratava de Mateus, meu velho amigo de faculdade.

- Como é que tão as coisas tudo certo? – Perguntei ainda tentando me livrar dos meus pensamentos predatórios antes que eles me dominassem.

- Tudo certo. E você hein, já pensou em ser mais discreto?

- Por quê? Do que ta falando?

- Não se faça de desentendido, todo mundo viu você tava devorando a nova professora com os olhos! Se comporte cara! – Dizendo isso caiu na gargalhada enquanto seguia para sua sala.

Observei meu colega indo para sua sala de aula e não pude deixar de pensar como ele tinha razão, mais do que ele imaginava eu estive a ponto de literalmente devorar minha nova colega de trabalho, dependendo de como estiver meu humor talvez eu a visite hoje a noite, mas não sei se quero fazer isso, já que atacar um humana seria o mesmo que eliminar o resta em mim de humanidade e entregar me aos instintos bestiais que estão se apossando de mim. Só o tempo dirá o que vai acontecer comigo, mas pelo bem dos que me cercam é bom que tranquem bem as portas e janelas.

Marlon S Lopes
Enviado por Marlon S Lopes em 09/07/2009
Código do texto: T1690770
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