AS BORBOLETAS

O amanhecer no bosque traz um cheiro adocicado do sereno da noite, e se revela ainda mais esplêndido com a linda imagem que vejo na barraca de acampamento. É Roberta, uma ruiva de um metro e setenta, coxas voluptuosas, e suas nádegas nuas, arrebitadas, descansando de uma noite incansável de amor e prazer.

Acordo recomposto, cheio de energia, e puxo o zíper da lona suavemente, permitindo que os tímidos raios de sol penetrem nosso ninho de pecado. Visto minha bermuda, e decido caminhar pelos arredores, enquanto minha companheira descansa um pouco mais. O verde das gramíneas está úmido, e a paisagem tomada por um verde-amarelado da aurora entre aqueles pequenos montes, mostra-se fascinante.

Caminho até a cachoeira, dos desaparecidos. Nunca compreendi muito seu nome, ou tampouco sou conhecedor das lendas do local, mas assim estava escrito em uma das placas de sinalização. Os pássaros revoam pelo céu em busca do café da manhã, e uma multidão de borboletas, coloridas e dançantes protagoniza um balé indescritível. Chego a ouvir uma melodia soando em meus ouvidos, ao ritmo dos seres alados.

Elas fazem círculos, estrelas, e amigavelmente se aproximam de mim. Posso tocá-las. São leves como uma pluma, e sem demora me rodeiam. Estou no epicentro de um tornado colorido, cada vez mais intenso. Sinto meus pés flutuarem. Não tocam mais o chão. Uma sensação maravilhosa a princípio, tamanha entrega ao poder das borboletas.

Os segundos passam, e o deslumbramento torna-se apreensão, medo! Elas me levam sem que possa lhes oferecer resistência. Dirigem-se ao abismo, onde as águas quebram nas pedras uns trezentos metros abaixo de onde estou. As cores se perdem, como a minha alegria, e agora, apenas seres negros e cinzentos me rodeiam, levando-me com extrema e dolorosa lentidão para um destino desconhecido, mas que desconfio não ser nada agradável...

Douglas Eralldo
Enviado por Douglas Eralldo em 16/10/2009
Reeditado em 16/10/2009
Código do texto: T1869470
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