Homens azuis

- Tenho medo dos homens azuis.

Essas foram as palavras ditas pelo menino de 7 anos após ficar calado por três longos anos.

A mãe não sabia se ficava feliz ou triste.

- Homens Azuis? Que homens são esses filho?

- Os homens azuis mamãe, aqueles que vivem embaixo da cama e só aparecem quando você vai dormir.

- Não existem filho. Isso é imaginação sua querido.

- Existem sim. Toda noite eles vem brincar comigo, mas agora estou com medo. Eles estão me machucando. Olhe.

Disse o menino mostrando sinais de picadas na palma das mãos.

A mãe ficou admirada. Toda a mão estava picada.

- Ta bem filho, vamos dormir com a mamãe hoje, certo? Amanhã falamos sobre isso.

Durante a noite o filho dormiu muito bem, mas a mãe ouviu barulhos estranhos no quarto do filho.

Passos, vozes, arrastar de móveis.

Levantou-se e foi ver. Nada. Deve ser minha imaginação; pensou ela.

No dia seguinte, uma visita ao psicólogo, amigo da família.

Ele confirmou que eram imaginações. Não havia nada. Mas não soube explicar as picadas nas palmas das mãos.

Por algumas noites ainda dormiu com a mãe, que ainda ouvia os estranhos sons vindo do quarto vazio. Mas sempre que ia verificar, sempre via nada, tudo calmo.

O menino então voltou a dormir em seu quarto.

- Mãe, eles brigaram comigo porque eu não estava mais dormindo lá.

Eles disseram que vão me levar. Não quero mais dormir lá.

A mãe disse que ele podia dormir com ela então.

No meio da noite, ela o pega no colo e leva para seu quarto.

Amanhece, o sol nasce.....

Ela acha estranho o filho não ter corrido de volta para sua cama.

Vai até o quarto dele..........

Vazio, ele não está lá. Imediatamente ela se abaixa e olha sob a cama.

Apavorada ela só uma mancha escura........empura a cama...

A mancha escura na verdade é azul e viscosa.

Desespero. Sem voz. Sem chão.

Sobre a mesa do computador um bilhete.

“ Eu te falei que iam me levar. Mas disseram que vão me trazer de volta. Mas não disseram quando.

E serei diferente do que sou agora. Serei um homem azul e não terei mais medo. Te amo mãe.”

Toda noite ela dorme no quarto dele, à espera dos homens azuis, mas nunca mais voltaram.

Pelo menos até agora.

Paulo Sutto
Enviado por Paulo Sutto em 01/12/2009
Código do texto: T1954109
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