Psicopata da escuridão

(Quando começa a realidade e termina as ilusões na cabeça de um psicopata...?)
Que vultos estranhos povoavam naquela madrugada o jardim de Mark?
A sua boa seca a confusão mental, delírios de alguém que desde os 13 anos tinha a maldita sina de avistar-se com tais seres que vinham, como pensava ele, para antecipar tragédias e lhe tirar a paz.
Trôpego entre as ramagens, enfim encostou o corpo em uma velha sequóia, olhos vermelhos, as folhas balançavam quais morcegos a observá-lo, a noite de Mark era o inferno habitado somente por ele e por seres em busca de carne humana e sangue, esta era a definição de Mark para suas noites infindáveis.
Mark tomava 10 comprimidos ao dia, entre ansiolíticos, analgésicos e medicamentos neurológicos.
Há 17 anos numa crise violenta, estrangulou, esquartejou e depois comeu pedaços de dois garotos que brincavam com ele em uma antiga fábrica desativada, nas redondezas de seu jardim.
Desde então, a vigília dedicada a Mark, considerava além de tudo a natureza violenta e assassina, da doença de Mark, que de um homem perturbado, transformava-se em um carniceiro sem piedade.
Apesar de tão perigoso, permanecia obscura sua vida dos 13 aos 30 anos.
Mark, apesar das sombras, gostava de ir ao jardim, um lugar alto de onde avistava uma bela construção, a uns 200 metros Dalí, um orfanato de crianças abandonadas.
E por certo cabia uma explicação para isso, Mark saíra deste orfanato, para as ruas e becos escuros, quando as sombras vieram buscá-lo.
Hoje negava-se a ir para abrigos e dormia ao relento sob as árvores do jardim, que chamava de seu.
Quando da torre da catedral vinha o som de 3 badaladas do sino, sabia Mark que nas horas mortas, todos que viviam de sangue saíam na penumbra para matar.
Ás 5 da manhã voltava cambaleante, quando uma luz lhe interrompeu o caminho:
___De onde vem Mark? Indagou o policial.
Virando-se de costas para o policial apenas disse:
___Tava por aí, chefe, e sumiu na escuridão.
Um arrepio gelou a espinha do policial, diante de figura tão sinistra.
Mais adiante Mark, parou e de canto de olho, virou o corpo e viu o guarda se afastar, baixou o olhar, e numa pequena claridade que incidia na sua camisa, viu a grande mancha de sangue, ergueu lentamente a cabeça e sorriu, olhando o infinito, como a lembrar dos detalhes da chacina que protagonizou momentos antes.
Esta manhã quando Mark abriu os olhos, canos de pesadas armas estavam apontadas para ele.
___Senhor Mark?
___Sim...
___Temos um mandato judicial...
Impassível e sem nenhuma alteração na voz e na conduta, completamente frio disse:
___De que se trata chefe? E sorriu.
___Nos acompanhe até a delegacia a algo que o Senhor deve saber.
Uma hora mais tarde Mark, estava em seu jardim, a ida na delegacia era para que pudessem intimá-lo a sair do jardim, um lugar público.
Mark enrugou a testa quando olhou para o orfanato, algo o havia feito voltar no tempo, e a lembrança era feita de flashs, e ferros em forma de correntes... Eram claro em sua mente, choques elétricos e argolas que o mantiveram preso e torturado nos anos em que sucederam a tragédia dos meninos.
Lentamente o dia passou com o olhar de Mark, fixo naquele prédio, o crepúsculo mostrou pela ultima vez a figura patética de Mark e ao fundo o por do sol.
Avançou a noite, e na madrugada... Quando soaram as badaladas, no orfanato, uma enorme explosão, seguido de monumental incêndio onde gritos de dor e fugas desesperadas de corpos em chamas num espetáculo horrendo, sepultou pra sempre o inferno de Mark.
No jardim em meio às ramagens, um novo vulto de andar cambaleante, uniu-se as outras sombras da madrugada.
 
xxeasxx
Malgaxe
Enviado por Malgaxe em 01/12/2009
Reeditado em 28/07/2010
Código do texto: T1955196
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