O tatuador

Clarissa sempre teve loucura para fazer uma tatuagem. Ficava encantada vendo as revistas de rock de seu pai, os caras das bandas todos tatuados. Seu pai também tinha umas, mas como ela só tinha 14 anos, não conseguia convencer seu pai a deixar fazer uma.

Ela nunca entendia, mas ele sempre dizia que havia um perigo que ninguém sabia explicar.

O tempo passaou, 16, 17 e 18 anos. Maioridade. O pai cede aos pedidos de Clarissa.

Sábado de manhã, eles vão até um tatuador bem conhecido.

Adrenalina. Uma sensaçao inexplicável, um misto de emoções toma conta de Clarissa.

Medo, alegria, frio, uma sensação de que não deveria fazer, mas o desejo de fazer é maior.

O tatuador pergunta se ela ja sabe qual imagem quer fazer e em qual parte do corpo.

Ela diz que não sabe ainda a imagem, mas quer a tatuagem no antebraço esquerdo.

Enquanto ele continua tatuando um rapaz que já possui várias, entrega a ela uma pasta com imagens para que ela escolha qual quer.

Folheia com as mãos já trêmulas junto ao pai.

Um vampiro. A escolha está feita.

O tatuador pergunta se ela tem certeza disso.

Afirma que sim.

Tatuagem terminada. Trabalho perfeito. Parece quase real,

Valeu cada centavo.

O tatuador lhe explica os procedimentos a serem tomados e diz a ela que qualquer coisa estranha que aconteça com a tatuagem, para ela ligar para ele.

Ela não entendeu a recomendação e nem deu muita atenção.

Mas quando olhou para a pasta das imagens, estranhamente notou que a imagem do vampiro não estava mais lá.

Quando o tatuador percebeu seu olhar de espanto, fechou a pasta e disse que ele sempre tirava as imagens feitas da pasta para que todos tivessem uma tatuagem exclusiva.

Encantada, maravilhada com a tatoo; pai e filha saem e vão para casa. Conversam, passam na sorveteria, vão ao shopping, compram livros sobre vampiros, um dos assuntos preferidos por Clarissa.

Uma semana se passa. Nada de "estranho" aconteceu com a tatuagem.

Numa noite, Clarissa sente algo estranho, um formigamento na parte tatuada, algo incômodo, desagradável, mas não comenta com ninguém. Foi dormir, acordou, normal.

Outra noite, antes de dormir, a mesma sensação de formigamento, como se o vampiro tatuado quisesse sair de sua pele, como se tivesse vida, ela se assusta, mas está com muito sono. Adormece.

Na madrugada, acorda, mas muito sonolenta vai à cozinha tomar água. Abre a geladeira, ainda quase dormindo, e quando leva a mão para pegar a garrafa de água leva um susto, seu braço está limpo, sem a tatuagem. Um grito acorda seu pai que desce correndo para a cozinha.

Ela olha novamente e a tatuagem está lá. Foi sua imaginação e sono pregando uma peça.

Na noite seguinte, a mesma sensação. Na madrugada ela acorda assustada e acende a luz, olha o braço. Nada de tatuagem, está limpo. Um medo e desespero toma conta de Clarissa.

De repente um vulto, uma sombra entra pela janela aberta, acompanhado de um forte vento.

A luz se apaga sozinha. Ela sente uma presença bem próxima dela, uma respiração forte e o formigamento volta com mais intensidade.

A luz volta a se acender, ela olha para o braço, normal, seu vampiro voltou, está lá.

Mas Clarissa nunca tinha notado na sua tatuagem aquele fio vermelho que escorria dos lábios de seu vampiro.

E vai atá c cozinha tomar um copo de água.

Sente um gosto estranho na boca, um gosto doce, um sabor que ela nunca tinha sentido.

Após tomar a água, deposita o copo dentro da pia abrindo a torneira, e nem nota a mancha vermelha que ficou na borda e se vai com a água corrente.

E não era batom.

E seu vampiro havia voltado e estava em seu braço. Quase real.

Ou seria real?

Paulo Sutto
Enviado por Paulo Sutto em 07/12/2009
Reeditado em 07/12/2009
Código do texto: T1964488
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