A DESCOBERTA

Denilson Farias. Auxiliar administrativo num escritório de advocacia. Era sempre o último a sair do prédio. Talvez por morar próximo ao trabalho. Pelo menos justificava assim quando lhe questionavam porque era sempre o último.

Despedia-se do porteiro no edifício na Rua dos Andradas e caminhava cerca de dez minutos até o apartamento alugado na Avenida Independência. No caminho sempre comprava as últimas frutas do feirante Cleber, e as degustava na própria rua. Mas naquele dia o feirante não apareceu.

A rua estava mais calma que o habitual. Nem mesmo o trânsito habitual das ambulância era intenso. nem mesmo parecia a capital. Até mesmo via vultos onde não havia ninguém. "Delírios da solidão!". pensou.

chegou em seu prédio e a portaria estava vazia. Não havia ninguém, a não ser meia dúzia de carros da polícia. "O que houve?" Tomou o elevador e apertou o botão para o décimo primeiro andar. Quando as portas se abriram para o hall, percebeu as portas escancaradas de seu apartamento. Vinha barulho lá de dentro. muito barulho.

Ele pensou em recuar. "Teria sido um assalto? um arrombamento?". Mas não podia crer, afinal estavam muito altos para ladrões se aventurarem. Com coragem, entrou dentro de sua própria casa. Nela cabiam tantos policiais quanto nos carros estacionados lá em baixo. - O que está havendo aqui? Perguntou em tom ríspido. Ninguém lhe respondeu.

Percebeu que a maior aglomeração de homens fardados estava em seu quarto. Desviando de um e de outro chegou até o quarto. Um círculo de pessoas trabalhava no local. Legistas, investigadores, ... Todos olhavam o corpo assassinado com sete facadas.

Ele se aproximou. E quando reconheceu a vítima o espanto lhe gelou a alma. Naquele instante era a mesma coisa que estar olhando a um espelho.