Hecatônquiros III - A morte é fria, intransponível, sem chance de vencê-la . (Veritas Emanara)

“A morte é fria, intransponível, sem chance de vencê-la, lutamos com a parede que se ergue a quilômetros de altura. Imaginem somente você em meio de uma muralha de pensamentos e escolhas que se perde de vista em seu tamanho e extensão, mas insistimos, queremos vencê-la, escalar, e seguir em frente afinal não sabemos o que iremos encontrar do outro lado, será o fim? Um novo começo? Preferimos sobreviver, a viver e insistimos em continuar em uma quase vida, pelo medo. Mas há uma certeza e que um dia iremos encontrá-la, então vamos com calma, no final das contas não sairemos com vida.”

No carro seguia com o pensamento longe, lembrando dos dias que eu e meu padrinho íamos pra velha casa do farol, pelo menos uma vez por mês, estavamos no Guarujá, pra poder pescar, eu amava aquele farol. Pena que vamos crescendo e fazendo escolhas cada vez mais longe das vontades reais.

Ele sempre me dizia:

“- as nossas escolhas e o que forma o nosso caráter, o nosso pensamento e que forma os nosso princípios.”

- e continuava....

- e por isso Julio, quando eu faltar.

- para de falar isso tio.

- e serio Julio, não vivemos pra sempre , todos nos temos um papel na vida. E quando chegar a sua hora de representar terá escolhas difíceis, assim como eu tive. Espero que entenda tudo o que realizei o que fiz foi por você e por nossa família.

- ele sempre fez o certo, um homem digno, e relembrando suas palavras agora seria a minha vez de assumir o papel. Quando eu chegar na casa da Julia terá todas as mulheres da família chorando, alguns aproveitadores e pessoas que desejaríamos que estivesse no lugar do falecido.

Estacionei o carro, a frente da casa da Ju tava lotada demorei um pouco para achar a vaga, ao descer do carro ela já estava na porta, com o rosto inchando com os braços cruzados em um suéter azul Royal, uma visão contrario do preto que ali se destacava.

-Julio! – Julia correu em minha direção e me abraçou forte.

- desculpe a demora, o transito estava violento.

- você colocou a gravata azul Royal

- sim coloquei, da mesma cor do seu suéter

- era a cor favorita dele.

- vamos entrar, anjo e enfrentar isso.

Como havia previsto a sala cercada por pessoas aproveitadoras, no conto próximo a cozinha as mulheres da família em prantos, os meus outros tios " as pessoas aproveitadoras" se aproximaram e deram um “tapinha” no meu ombro dizendo.

– ele gostava muito de você Julio, você era como um filho pra ele.

– ele era um pai pra mim. Se vocês me dão licença preciso fala com a Ju, e saber o que aconteceu, só soube do falecimento e mais nada. – a cara de assombro que fizeram já dizia que algo bom não podia sair dali.

Fui em direção da Julia que estava coma sua filha Lili, dormindo em seus braços próximo a escada, por um fração de segundo o sonho veio e minha mente quando Julia virou em minha direção. O mesmo movimento q havia visto no sonho.

- o que foi Julio, por que essa cara de quem viu um fantasma.

- foi nada, apenas uma impressão, muita coisa na cabeça tive um sonho ruim e logo em seguida você me liga informado o ocorrido, muito informação pra processar. Mas então, por que os outros fizeram cara de assombro quando falei sobre a morte do tio?

- eu vou deixar a Lili com a minha mãe e subimos la em cima será melhor para conversamos.

- ok

Julia entregou Lili a sua mãe e subimos. Fui passando pelas escadas e vendo as fotos do farol, das viagens que fazíamos. E tive uma tristeza tão profunda sabendo que nunca mais faríamos mais nada daquilo outra vez.

- então Julio, o que eu vou te mostrar fica entre nos só quem sabe e os tios e a mamãe, não quero que ninguém saiba disso.

- Saber o que?

– Julia abria a porta logo em seguida fui entrando quando olhei em volta todas as paredes marcadas com tinta na cor vermelha, um círculo com símbolos estranha e um nome bem no centro do circulo Baphomet Domine.

- eu já vi isso antes Julia!

- como assim?

- não se te explicar, mas eu já vi isso.

- me arrepiei Julio.

- me parece muito familiar, mas nunca vi e sinto se arriscar posso ate decifrar alguma coisa doque esta escrito nas paredes.

- preciso beber alguma coisa. dizia julia

- desce, vai bebe um copo de água, eu vou ficar aqui mais um pouco.

Julia desceu, e fiquei ali mais um pouco observando tentando entender o que era aquilo e por que meu tio haveria de estar mexendo com algo sobrenatural, além do entendimento. Andei por todos os cantos procurando algo que não sabia o que era mas continuava. Eis que de relance ao passar pela janela, meu corpo gelou, Eu a vi nitidamente com uma criança nos braços ela, a mulher de cabelo de fogo novamente e me encarava. Pisquei e quando fui ver de novo ela havia sumido, logo em seguida Julia entrou, me trazendo junto consigo um susto.

- O que foi Julio? –nada Julia, apenas cansado. Não dormi direito como disse antes e muita coisa pra processar.

–esta na hora as pessoas já estão indo para o cemitério. - Dizia Julia impaciente e com cara de choro mexendo os dedos freneticamente.

– calma anjo, eu to aqui vamos pegar a Lili e a sua mãe e eu levo vocês no meu carro. Ela me abraçou me senti acalentado e retribui a abraçando com força, éramos inseparáveis, Julio e Julia parecia ate piada, nascemos em um mês de diferença , ela e a mais velha, minha mãe e o meu tio que também eram irmãos fizeram esse jogo de palavras conosco, Julia e Julio a dupla inseparável, eu tinha que confortá-la, mas havia muita coisa na minha mente queria dar um fim em tudo logo, minha cabeça latejava de dor, que fazia ate as beiras dos olhos tremerem, com a Lili nos meus braços e Julia apoando sua mãe seguimos para o cemitério em ruma a ultima homenagem ao tio erval.