A Ligação Maldita

Naquele dia 6 de junho de 2006, tudo iria correr bem no meu dia, assim eu esperava, iria passar a terça-feira em casa pois, estava de folga, acabara de sair do serviço, sou sargento da Polícia Militar, aquela rotina de estar sempre nas ruas atrás de criminosos já estava me deixando meio maluco, aliás minha mãe foi totalmente contra a minha entrada para a PM, "é muito perigoso meu filho." - ela dizia com lagrimas nos olhos mas, teimoso como sou e com aquele meu desejo pelo perigo que eu sempre tive, não lhe dei ouvidos, entrei de cabeça no curso de formação de soldados, depois de 2 anos apenas, já fui promovido a cabo, depois de um curto período também passei a sargento, minha vida estava melhorando, já pensava até em casar com a minha namorada. Paula morava comigo há uns 6 meses, estavamos apaixonados, ela era enfermeira e eu policial, ambos brincavamos dizendo que iamos "servir e proteger" as pessoas.

Eu ainda estava deitado, devia ser umas 6 e pouco da manhã, quando o telefone chamou, era a Paula dizendo que ainda ia se demorar um pouco no plantão daquela noite pois, havia ocorrido um acidente gravissimo com dois ônibus lotados, muita gente ferida. Até ai tudo bem para mim, afinal, vivia vendo coisas que não prestavam no meu trabalho, pessoas estripadas, miolos no chão, outro dia eu e minha equipe haviamos invadido uma boca, diziam que lá também funcionava um terreiro de macumba, o tiroteio foi intenso mas, ninguém se feriu gravemente, os vagabundos de lá ficaram todos no chão com uma bala na cabeça de cada um, havia até uma mulher grávida no meio da confusão. Comigo é assim lugar de vagabundo não é na cadeia, lugar de vagabundo é com 7 palmos de areia "nos peito".

Vocês podem pensar que eu sou um sádico, um nojento que não está nem ai para nada, que não se preocupa com a vida humana e toda essa baboseira mas, no meu trabalho não podemos ter pena de ninguém. Outro dia todo esse "sangue frio" me foi testado, um soldado do meu grupamento foi esfaqueado, tinhamos uma denúncia de um arrombamento no cemitério do bairro, aparentemente, um grupo de ladrões de corpos estavam arrombando as tumbas e roubando os cadáveres, na verdade era um grupo de satanistas que estavam fazendo um estranho ritual, quando chegamos lá, vimos que iam ceifar uma mulher, F. Silva correu para tentar imperdir mas, o golpe foi desferido nele e não no local destinado, tivemos que leva-lo para o hospital urgente, liguei para Paula imediatamente, para ela tentar providenciar o socorro para ele assim que chegassemos, porém, o soldado F. Silva não conseguiu resistir, no seu funeral, eu entreguei a bandeira do Brasil a uma mãe em prantos, confesso que estava triste mas, com o pensamento "antes ele do que eu".

Mas, tudo iria mudar com um novo telefonema, ocorrido umas 3 horas depois de Paula me ligar, ao atender ouvi gritos e uma voz abafada, pedindo socorro:

- Sargento, seu maldito, me ajude. - e parecia que o telefone me fora arrancado da mão, aquela voz não me era estranha.

- Quem está ai? Vamos responda. - gritei.

- Você nem se lembra de mim não é seu policial maldito mas, o que é seu esta te esperando. - e uma gargalha sinistra me fez estremecer.

De repente, uma outra voz ecoou na linha, essa voz eu conhecia de longas datas:

- Sargento, você tem que sair dai agora, está correndo grande perigo. - me disse a voz como se estivesse sofrendo.

- Espere um pouco, eu conheço você, F. Silva é você?

- Sim sargento, sou eu. - era impossivel de acreditar.

- Mas, você está morto, é impossivel. - já estava ficando zonzo.

- Olhe sargento, não foi culpa sua eu ter morrido, a minha morte era iminente mas, havia uma pessoa que nos matamos que não deveria morrer mas, nos matamos assim mesmo, nos matamos o filho de um demônio chamado Asmodeu, ele iria resurgir em nosso mundo e enganar muitas almas, ao fazermos isso nos despertamos a ira do demônio, agora eu preciso que você sai dai urgentemente.

Sai correndo com o celular na mão, naquele instante passava pela rua um enorme caminhão, que por algum motivo veio para cima de mim, consegui me desviar da porrada mas, o caminhão praticamente destruiu toda a minha casa, entrou porta adentro, arrebentando tudo, desde a sala, até a aréa de serviços, o caminhão finalmente, parou. E a voz no telefone, que já não era mais a que eu conhecia disse:

- Uh, errei por pouco mas, ainda bem que já havia acertado antes coisa melhor.

Olhei na direção que o caminhão tinha vindo e havia um aglomerado de pessoas olhando alguma coisa no chão, corri para ver o que era, Paula e minha mãe estavam estendidas mortas e despedaçadas pela porrada do grande caminhão. Nesse momento o voz no celular me falou:

- Surpresa, você tira uma coisa minha e eu tiro três vezes mais de você, é a lei.- e começou a gargalhar.

Nesse momento cai nochão de joelhos.

João Murillo
Enviado por João Murillo em 03/08/2010
Reeditado em 16/11/2010
Código do texto: T2415891
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