demônios do banheiro

Madrugada. O sono pesado.

O frio infernal.

O aconchego dos cobertores.

Mas a necessidade é maior que tudo isso.

Ele deixa seu corpo escorrer pela cama, se agasalha e se arrasta até o banheiro.

Sono. Muito sono.

Acomodado no vaso, se esquece do frio e do desconforto.

O sono vem e se apodera de seu ser.

De súbito a luz se apaga. Breu. negrume total.

Imóvel. Consegue ouvir sua respiração.

Outro som o incomoda, como se algo se arrastasse de dentro do ralo.

Algo como grunhidos e gemidos.

E o cheiro insuportável que impregna o ambiente.

Forte. Chegando a arder o nariz.

Algo como amônia misturado com éter e enxofre.

Continua imóvel, mas sente a presença de alguém a seu lado.

Sente uma respiração ofegante a seu lado.

Passos leves. Ventos.

Ele sente um calor, está transpirando frio.

Sua boca está seca. O medo toma conta dele.

O sono se foi e deu lugar ao pavor.

Nenhuma lua. Nada. Escuridão.

Sua cabeça começa a girar.

De repente seu cotovelo escapa de cima dos joelhos.

A luz volta. Os barulhos se vão.

O mau cheiro deixa o ar.

Sono. Apenas pegou no sono.

Nada de passos, respirações ou odores.

Apenas uns minutos de sono.

Bem....

Pelo menos foi o que ele pensou quando voltou para a cama;

sem perceber que a tampa do ralo estava fora de lugar.

Melhor pensar assim....

Paulo Sutto
Enviado por Paulo Sutto em 23/08/2010
Reeditado em 26/10/2010
Código do texto: T2455404
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