DIÁRIO DE UM FUNERAL

Paulo levantou-se esta manhã sentindo o ar ainda mais quente e confortável como jamais havia sentido em qualquer outro dia!

Sua esposa Ana dormia profundamente, viu que estava meio desajeitada, segurando um papel na mão, mas não deu importância, foi tomar seu banho. Quando acabou, se arrumou,tomou seu café, mandou um beijo para sua esposa, que dê longe nada respondeu.

___Coitada deve estar cansada demais!

No dia anterior ela havia participado de um concurso que lhe custou muitas horas sem dormir e muitos dias de cansaço mental.Foi até o berço olhou seu filho, ia beijá-lo, mas não dava tempo ele estava atrasado.

Chegando no carro esqueceu a gravata ia voltar em casa, talvez tivesse a oportunidade de beijar seu filho e sua esposa, mas pensou que seria mas fácil passar em uma loja próxima do serviço e assim a compraria.

Chegou ao escritório já haviam reuniões marcadas, dois diretores diferentes o esperando, um vôo as 17:00 de última hora, ele não poderia ir, pois tinha marcado com sua esposa de ir ao Vernissage de Jude que faria sua exposição na Pinacoteca de São Paulo Intitulado obras do modelo Canônico do Casamento, novo e sensual, mas achou que seria chato, mais alguma dessas besteiras sobre matrimônio.

Mandou a secretária desmarcar com a esposa, como ela não atendeu ao telefone, deixou o recado na secretária eletrônica.

Paulo pegou seu vôo como estava previsto, chegou a seu destino, avistou aquele vestido vermelho com um corte sobre as pernas na lateral esquerda com o acabamento de uma pequena jóia, ela de cabelos negros, olhos verdes, lábios carnudos, uma suave voz de boa noite e um sorriso sensual tímido, passou por ele deixando seu rastro de perfume.

Encantado com tamanha beleza e delicadeza ele voltou-se e se apresentou.

_ Este é meu cartão, gostaria de tomar café comigo?

Foram até o PUB, tomaram alguns drink's, deram muitas risadas e Paulo perdeu sua reunião, naquela noite eles se enamoraram, beijos e abraços talvez fossem passageiros ninguém veria mesmo, mas a vontade era de sair casado com ela.

Seus rostos pegavam fogo, admirava o cabelo molhado sobre a pele aveluda da mulher que ele passaria suas ultimas horas aventureiras.

Deixou-a.

No outro dia deslumbrado com a mulher que tivera, pensou em comprar um vestido para sua esposa que lembrasse aquele momento, foi até uma loja cara, escolheu o vestido mais bonito, o sapato mais Chique, o perfume francês mais caro, adocicado e leve.

Pensou:

___ Vou pedir que vista-o e vou levá-la ao concerto para violino nº1 Interpretando Béla Bartók, uma apresentação única, assim passaria sua noite ao lado de sua esposa vestindo o Cármin, relembrando os doces beijos que tivera com a Deusa que cruzou seu caminho.

Pensou em enviar o vestido para ela não se atrasar, compraria seu smoking novo e esperaria a Limousine de sua esposa na entrada do Concerto.

Teve a idéia de comprar flores e colocar o anel da noite no meio delas, como uma forma de tornar mais romântico aquele momento.

Mandou o vestido, a governanta estava de folga naquele dia, a empregada não atendia ao telefone, sua esposa estava atrasada.

___ Por que ela esta atrasada? Pensou.

___ Ela não atende ao celular.

___ Verei o concerto sem ela, afinal não abre a boca pra nada, com certeza está na casa de suas amigas do chá tagarelando a vida alheia. Coisa de Madame.

Chegou em casa por volta das 00h00, foi falar com Ana sua esposa, da qual ele estava com um sentimento de ódio danado.

Entrou no Toillet para tomar seu banho e de longe foi falando com ela.

___ Que falta de consideração, deveria ter ao menos avisado que não aparecia, nem ao menos colocou o vestido sobre a cama.

___ Você é mesmo uma mulher sem assunto, poderia ao menos me responder alguma coisa.

Saiu do banho, arrumou-se, foi até a sala e encontrou a empregada, que lhe serviu um Licor. Ela perguntou se ele precisava de alguma coisa, ele disse que não, ela no entanto disse que não havia novidades.No dia anterior ela fez sua folga e a governanta ficou tomando conta de tudo, hoje a governanta estava de folga e não havia nenhum recado.

Ana ficou no quarto o dia todo, a empregada lhe disse que se ele não se incomodasse ela iria se retirar.

Ele foi ao quarto e quando se deitou, lembrou de ver o filho, mas estava cansado para ir até lá, então o viu pela câmera, que ele estava dormindo, mas ao lado de seu bracinho, viu que o bebê estava preso por uma correntinha que caiu em seu berço, foi até lá, se deparou com seu bebê sufocado por seu próprio leite, voltou correndo gritando chamando sua esposa, da qual a encontrou morta com os olhos estatelados, corpo de lado contra o travesseiro, com a mão sobre o peitoral, uma expressão de dor segurando uma carta na mão. A carta era da secretária do marido que dizia-se apaixonada por ele, mas que estava infeliz, porque ele não a amava, mas mantinha encontros noturnos com outras mulheres tão lindas quanto ela e Ana.

ANGELBORGESNINA
Enviado por ANGELBORGESNINA em 31/08/2010
Reeditado em 03/04/2011
Código do texto: T2470977
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